Uma fantasia volumosa e abrindo os caminhos para um desfile cujo objetivo era fazer o Brasil saborear suas próprias vocações e riquezas, as mães baianas da Mocidade Independente de Padre Miguel desfilaram cheias de balangandãs, a maioria deles eram cajus que rodeavam as suas saias, o fruto nativo e abundante ao que cristalizou no imaginário estrangeiro, graças a Carmen Miranda, como a referência do Brasil e concretizando a mensagem teórica do enredo.
“A fantasia está levíssima, deliciosa, popular, uma verdadeira festa do caju. Nós somos o que as baianas que trazem os balangandãs em forma de caju. Iremos abrir o desfile da escola trazendo muita luz e um campeonato que nós estamos querendo há muito tempo, mais uma estrela que é muito importante para a minha Mocidade. Ou, nesse momento, ficar entre as cinco campeãs. Porque as que voltam são todas campeãs. É isso que eu desejo sinceramente para a minha escola também”, disse Cléia Assis, agente dos Correios, de 67 anos e que desde 1993 desfila pela Mocidade.
Com as cores douradas, verde, amarelo, laranja e rosa, a fantasia das baianas, chamada “O que é que a baiana tem? Caju no Balangandã!”, é inspirada na canção “O que é que a baiana tem?”, de Dorival Caymmi, gravada pelo próprio e por Carmen Miranda, em 1939, que virou um dos clássicos da identidade nacional ao ser apresentada ao mundo.
O balangandã, em seu formato original, era tido como amuleto para os povos africanos, que acreditavam prevenir contra o mau-olhado e toda ordem de forças adversas, por isso, as baianas vieram na primeira ala, abrindo o cortejo e protegendo os caminhos para a escola.
Cláudia Rodrigues, tenho 59 anos, sou doméstica. E aí, a fantasia significa o quê?
“Essa fantasia significa o que que a baiana tem, o que que tem no tabuleiro da baiana, e estamos trazendo muito caju, muita castanha de caju. Amei a fantasia, estamos trazendo os balangandãs que são os cajus, minha saia é uma bancada de caju. Que vai abrir bem os caminhos para a escola passar com certeza, com toda a fé, com toda a força, nós vamos esquentar a Sapucaí”, contou Cláudia Rodrigues, de 59 anos.
A fantasia é composta de inúmeros detalhes, com adornos dourados pela saia e pelo pano da costa, o figurino trazia muitos babados e camadas de tecidos que alternavam em cores, de um lado da roupa, trazendo as cores características de Carmen Miranda.
Para a Simone Moreira, de 56 anos, vir com uma saia cheia de caju representa a riqueza e o luxo que essa fruta é.
“Viemos representando o próprio caju. O ouro, a beleza, a grandeza dele em uma fantasia leve, confortável e maravilhosa. Trazendo muita força, muita saúde, muita inspiração para que o nosso caju venha encantando e reencantando a Sapucaí”, afirmou Simone.