InícioSão PauloNenê de Vila Matilde define samba-enredo pela força de sua comunidade

Nenê de Vila Matilde define samba-enredo pela força de sua comunidade

Samba 11 fez festa pela quadra toda e foi cantado forte por diversos segmentos

Era madrugada deste domingo quando a Nenê anunciou o seu hino para o Carnaval 2024. Foi uma disputa com bastante honra e torcida, valorizando a tradição da escola. Mas o fato é que dos três sambas, apenas o 11 e o 12 nitidamente estavam no páreo para vencer. Principalmente o primeiro, onde deu para notar a maioria dos segmentos da escola cantando. Era quase unanimidade, apesar das torcidas serem equivalentes. Além do fato de que disputa de samba-enredo ser uma ‘caixinha de surpresas’ onde as coisas mais improváveis podem acontecer.

No anúncio, o popular ‘Manteguinha’, que é filho do presidente ‘Mantega’, cantou o samba de número 11 para a festa da quadra. É uma obra que preza muito pelas características da Nenê de Vila Matilde. Melodia para cima que permite o componente se soltar na avenida. O refrão de fechamento com a frase “se o samba tem seu nome, o sobrenome é Nenê”, diz muito sobre a particularidade de estilo da agremiação da Zona Leste. Os compositores da obra vencedora são: Kaska, Léo do Cavaco, Silas Augusto, Luís Mancha, Dr Elio, Vitão e Bruno Gianelli.

Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO

A permissão para a criatividade

Dentro de tudo isso, vem a comprovação. O diretor de harmonia, Rodrigo Oliveira, conta que a comunidade escolheu o samba, e fala da garra que os componentes possuem. O profissional conta da percepção técnica que a obra tem dentro dos critérios que a Liga vem discutindo no seu novo regulamento. “É um samba que tem muito a ver com a Nenê. A Vila Matilde abraçou. É muito poético ao contar a história da Lia de Itamaracá e traz a garra do matildense. Ao mesmo tempo que ele é muito técnico ao contar o enredo e tem uma melodia pra cima, tem essa identidade com características muito fortes. Com certeza o refrão vai levantar o Anhembi e será muito bom para a Nenê de Vila Matilde. Também não é novidade para ninguém que a Liga vem revendo alguns pontos de regulamento. Isso nos ajudou a escolher dentro do que vem sendo estabelecido. O regulamento irá privilegiar o sambista. Ele vai poder fazer a sua festa como era lá no passado. E por isso tem tudo a ver com a Nenê. É uma escola que tem a história de fazer grandes sambas e desfiles”, disse.

Todo cargo de uma escola, independente do samba, já se prepara para o desfile imaginando como irá colocar a escola na avenida. Com Rodrigo não é diferente. O profissional revelou que há alguns segredos e ensaios, mas voltou a falar que o regulamento pode privilegiar a criatividade. “Eu vou deixar alguns segredos que fazem parte do processo. O regulamento está nos permitindo criar. Buscar a excelência criando. A Nenê com certeza vai inovar em muitos aspectos. Tem muitas coisas que estamos discutindo e criando. Vai ter muita coisa bacana”, contou.

Garra para vencer

O presidente Reinaldo José Andrade, popularmente conhecido como ‘Mantega’, segue na linha do diretor de harmonia. De acordo com o mandatário, a escola escolheu o hino, e vai além. Fala de critérios que a Liga está adotando além do quesito samba-enredo. “O samba nós fizemos um formato um pouco diferente. Distribuímos para os setores da escola e as alas e foi a maioria. É um samba legal e gostoso. Tivemos poucos sambas, mas fomos felizes em escolher este. O Carnaval está super disputado. A gente pensou em todos os critérios. Não só em samba-enredo, mas também fantasias e alegorias. Estamos trabalhando com as regras debaixo do braço”, declarou.

Mantega ainda aproveitou para falar como a Nenê irá para a avenida. Vale destacar que as lideranças estão falando bastante na palavra ‘garra’. “O que eu prometo da minha parte e da comunidade é uma escola com muita garra, vontade, com alegorias e fantasias, um samba bom que escolhemos hoje, aquela batucada boa que vimos aqui e o samba no pé. É o que a Nenê faz”, completou.

Respeito pela comunidade

Fábio Gouveia, carnavalesco da agremiação, estava bem ativo nesta final. O artista cantou bastante todos os finalistas. De acordo com o profissional, a comunidade escolheu a trilha-sonora e isso deve ser respeitado. “Eu tenho que falar que a escola escolheu o samba. A comunidade da Nenê pulsa o que ela quer. Que seja respeitada essa escolha. A gente vem trabalhando bastante, os três sambas são nível de avenida, mas venceu apenas um deles. Agora é tocar o barco”, disse.

O carnavalesco aproveitou para elogiar o enredo e enaltecer a homenageada. “A proposta é uma Nenê totalmente tradicional, azul e branca contando a história de uma cultura que atravessa o mundo, que é a Lia de Itamaracá. Ela se encontra com a Nenê de diversas formas. É um encontro muito feliz”, explicou.

Palavra de um campeão

O compositor Luiz Mancha é bastante vencedor na Nenê de Vila Matilde. A sua parceria, mesmo quando não vence, está entre as obras mais faladas dentro da comunidade. Segundo o escritor da letra, foi bastante pensado na voz do intérprete oficial, Agnaldo Amaral, além do fácil entendimento e compreensão dos componentes, por ser curto. “Nós temos uma parceria de longa data aqui na escola e esse samba graças a Deus que nós ganhamos é o quinto samba que a gente ganha aqui. Ganhamos Claudia Raia, Iemanjá, Portela, Curitiba e agora Lia de Itamaracá. Nós somos muito felizes na composição de samba. Buscamos um samba bastante tranquilo. Um samba de fácil entendimento para a comunidade que encaixasse na voz do Agnaldo e que fosse curto. E nós fomos felizes. A felicidade foi essa, nós fomos felizes. A comunidade abraçou, nós viemos para a quadra sem nenhum tipo de recurso, sinceramente bandeira, bexiga, máquina de papel e nada. Nós viemos e falamos assim, ó, vamos trazer o samba para a comunidade. Nem letra nós trouxemos. E a comunidade abraçou e hoje nós fomos campeões. Graças a Deus”, declarou.

Luiz disse que não precisou de tanto segredo para compor, visto que é uma parceria de longa data. O compositor também falou da temperatura da apresentação e voltou a opinar sobre a apresentação feita na quadra. “Nós temos uma parceria de longa data, como eu falei agora a pouco, um conhece o outro, na verdade, né? Um conhece o outro e já vai, vai opinando, vai falando. Se reunimos poucas vezes, a verdade foi essa e pô, saiu a melhor obra, a melhor obra do samba curto, um refrão curto e foi basicamente isso, não teve, não tem explicação, pegou na veia. Tivemos algumas discussões em relação ao samba. Olha, o samba é curto, o refrão é curto e aí o Silas Augusto e o Leo falaram, não, vamos que vai pegar. E foi isso. A primeira apresentação foi morna, e na segunda o samba cresceu e foi embora”, contou.

Sambas-enredo às vezes existem mudanças após escolas, mas de acordo com Luiz, não há mudanças para serem feitas. “Agora nós temos que entender da escola o que a escola quer com o samba. Na nossa opinião, humilde opinião, o samba é um samba completo. Até a defesa dele para o nosso carnavalesco. É um samba completo que vislumbra tudo que tem que vislumbrar na sinopse. Então nós entregamos para eles. Agora tem que esperar a escola entender o que eles querem para poder a gente talvez fazer um ajuste ou outro. Mas eu sinceramente acho que o samba não precisa de ajuste. Talvez a defesa na sinopse, a defesa do para os jurados. Acho que caiba muito bem”, completou.

Velho novo conhecido da ‘Bateria de Bamba’

O mestre de bateria Pascoal estreou oficialmente nesta final de samba-enredo. O músico está de volta para São Paulo e a Nenê de Vila Matilde. É mais uma passagem entre tantas do batuqueiro pela águia da Zona Leste. Desta vez, substitui Matheus Machado. “Sempre estou por aqui né. Veio tocando, quando vem tocando, vem de diretor, quando vem tocando e já estou assumindo a bateria da pela terceira vez. É um prazer, não era nem para estar sozinho aí que era aconteceu umas. Era para estar com mestre Mateus, mas daí o negócio foi pro outro lado, mas estamos aí pra ajudar a escola e o pavilhão”, comentou.

O samba-enredo escolhido também foi muito bem aprovado pelo mestre. “Até que foi bom que tinha só seis samba. Foram três finais de semana. Foi legal, gostei. Tinham dois sambas favoritos, mas o que ganhou também a maioria pelo que eu vi lá o resultado das notas é que o povo escolheu mesmo esse daí. Que vai encaixar certinho nessa daí”, ponderou.

A voz matildense

Em mais um ano de Vila Matilde, o renomado intérprete paulistano, Agnaldo Amaral, está totalmente adaptado à escola. O cantor falou sobre o samba e a confiança que tem recebido da diretoria da agremiação, afinal são 10 anos de casa.

“Não, realmente mais um ano, desculpa a voz agora já deve estar meio embargada. Mas aí, foi uma das disputas mais maravilhosas que eu vi aqui na Nenê nesses dez anos que estou aqui, mas foi legal, não precisou fazer junção de samba, gravei os três sambas, os três sambas ficaram maravilhosos graças a Deus na voz. Mas esse daí hoje mostrou que é o melhor samba. Deus queira que nós consigamos levar ele para a avenida dentro dessa meta, dessa melodia que agora mudou tudo. O negócio de notas que julga o carro de som, mas estamos preparados. Foi muito bom, foi muito salutar, é o samba da comunidade, foi de levada, né? Então foi uma coisa assim, maravilhosa. Então eu só tenho a agradecer a Deus, a escola, ao meu presidente, a diretoria, a comunidade por estar junto com eles esse ano, mais um ano. Dez anos, vamos que vamos, vamos tentar, se Deus quiser e ele há de querer botar o especial, né irmão, que já está na hora. e aqui há dez ano e estava no especial, caiu depois nunca, mas voltou mais junto com eles esse ano, mais um ano, né? Dez anos, vamos que vamos, vamos tentar, se Deus quiser e ele há de querer botar o especial, né irmão, já está na hora, né? Estou aqui há dez anos e estava no especial, caiu depois nunca mais voltou. Não abandonei, já tive proposta de outras escolas na época, Manteiga sabe disso e eu falei, não, caímos juntos, vamos subir junto. Então, essa parceria é amor, é carinho, fidelidade, e é uma coisa que eu não tive em outras escolas, mas não por eu não abandonei, já tive proposta de outras escolas na época, Monteiro sabe disso e eu falei, não, caímos juntos, vamos subir junto. Então, essa parceria é amor, é carinho, fidelidade, né e é uma coisa que eu não tive em outras escolas, mas não por desmerecimento de nada, simplesmente porque o o povo é complicado. As pessoas são complicadas. Aí houve uma coisa, outra, mas a gente mostra aí que o trabalho com o decorrer do tempo a gente vai mostrando, fazer meia quadra e tô aí cantando, graças a Deus”, desabafou o cantor.

O intérprete detalhou melhor o funcionamento para a escolha. De acordo com Agnaldo, foi fundamental a ida aos estúdios para análise da comissão julgadora. “Então, o processo é assim, a gente espera chegar aos sambas finalistas para termos mais ou menos uma ideia dos sambas que podem representar a nossa escola. Como um ‘bon-vivant’, de quarenta anos de pista, aí que eu fiz, eu peguei todas as matrizes dos sambas que foram para final, essa semana passada. Nos vimos cantando e fomos para o estúdio, coloquei a voz em todos os sambas. Então praticamente tá gravado, mas na voz dos cantores eu tirei e coloquei só a minha e a diretoria ouviu, havia dúvida até então. Mas aí na voz é uma coisa, aí eu falei, vamos aguardar para ver a bateria, porque a pulsação mudou. Voltou a velha guarda com todo respeito, então a gente tá acostumado, né? Com o mestre Mateus que estava aí, mas a bateria representou grandemente hoje e realmente foi a decisão. E com todo respeito estávamos meio em dúvida, mas depois de hoje não teve dúvida”, completou.

Mais fotos da final do Nenê

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