Uma das maiores campeãs do carnaval paulistano, a Nenê de Vila Matilde abriu os desfiles deste domingo do Grupo de Acesso I. Mesmo com a longeva chuva, a arquibancada seguiu animada e alguns foliões empurraram a escola. O destaque principal vai para o carro de som e a ‘Bateria de Bamba’. O intérprete Agnaldo Amaral e mestre Matheus Machado se mostraram entrosados e isso culminou para a harmonia entrosada dos componentes. O casal de mestre-sala e porta-bandeira e o abre-alas com sua imponente águia também foram destaques.

Comissão de frente

A ala, que é coreografada por Jeferson Ricardo, levou componentes com fantasias em formato de águias na cor dourada. Além desses personagens, havia um principal que era um homem mais velho e barbudo de azul. Não dá para identificar o que significa diretamente tais personagens, mas este último citado aparentemente é um ancião ou uma pessoa muito sábia. O nome se dá como “A Águia anuncia, Olodumaré e a conclamação dos deuses na Bahia.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Vestidos de tradições Bantus, o casal Cley Ferreira e Thayla, tiveram um grande desempenho. Analisando o casal em frente ao módulo do recuo de bateria, notou-se um alto sincronismo. A dupla fez questão de parar para fazer a coreografia dentro do samba, que casa perfeitamente com a canção.

Vale destacar o samba no pé de Cley. Mesmo com a pista molhada, o mestre-sala arriscou vários passes grandiosos e que somaram bastante com a apresentação.

Harmonia

Não houve a mesma empolgação do ensaio técnico, mas a escola mostrou um canto sincronizado. Todos os componentes sabiam a letra do samba e cantaram respeitando a bateria e o carro de som. A partir do segundo setor as coisas começaram a evoluir e a Nenê teve êxito no quesito.

As partes mais entoadas foram o refrão principal, refrão do meio e a segunda parte do samba. Por ser explosivo, o principal se destacou mais. Isso também devido ao “Chegou, chegou!”, que a comunidade gritava nessa parte.

Enredo

O carnavalesco Fábio Gouveia saiu da ‘casinha’ e quis mostrar um enredo de Bahia diferente. Não foi apenas Salvador e a Bahia que a Vila Matilde quis mostrar. A ideia foi pegar orixás, Egito, Bahia, música e juntar para montar esse desfile com sucesso.

Além disso, quis dar uma certa ênfase no bloco baiano Ilê Ayê.

Evolução

A escola evoluiu de forma correta. Teve uma ótima entrada de recuo. Quase não precisaram de espaço técnico, visto que assim que a bateria entrou no box, a ala de trás já chegou com tudo preenchendo o espaço. Um aspecto muito positivo nisso. Além disso, a Nenê se mostrou compacta, sem espaçamentos entre alas e alegorias.

A evolução dentro das suas próprias alas ocorreu normalmente. Mas, como citado no quesito harmonia, faltou aquela empolgação vista no ensaio técnico. Talvez a chuva tenha atrapalhado e tirado a confiança de alguns componentes da Águia da Zona Leste

Samba-Enredo

Dá para dizer que a obra é daquelas ‘agradáveis’ de se ouvir. Tem a cara da Nenê de Vila Matilde. Casou muito com a bateria, onde os surdos trabalharam bastante para fazer uma batida baiana com o objetivo de remeter ao Olodum, principalmente no refrão do meio.

O intérprete Agnaldo Amaral está dando um show. Ele parece até estar voltando aos anos 90 e 2000, quando era o auge do cantor. Uma voz fenomenal e que consegue contagiar a todos. Vale destacar a participação do intérprete nos hinos da escola. Ele cantou de uma forma em que deixou muitas pessoas emocionadas. Deu para ver alguns componentes chorando com o momento.

Fantasias

As vestimentas da Nenê de Vila Matilde foram mostradas de maneira satisfatória. Não teve tanto luxo, mas houve fácil entendimento e leveza para o componente desfilar, que é o que importa. Vale destacar as fantasias das alas 3, 6 e 8.

Há de se ressaltar que a Vila mostrou muito colorido e, também, muito marrom e palhas. Interessante essa mistura e ambiguidade. Combina com as misturas que o carnavalesco Paulo Gouveia construiu para construir o enredo “Faraó-Bahia”.

Alegorias

O abre-alas levou um dourado predominante com tambores de Olodum girando e homens batucando logo abaixo dele. A águia estava totalmente imponente com um misto de azul escuro e claro, além de movimentos e o grito.

A segunda alegoria levou a mãe preta Hilda e, nela, tinha vários orixás. Vale destacar a encenação com as pipocas de Obaluaê, que eram jogadas na pista. O carro era recheado de palhas.

O terceiro carro alegórico levou “Água de cheiro e Dendê”. Mostrou-se um carro muito colorido.

Outros destaques

A ‘Bateria de Bamba’, regida pelo mestre Matheus Machado, foi um dos destaques da escola neste desfile. Interpretou muito bem a baianidade no andamento. Notou-se surdos e demais instrumentos fazendo alusões ao Olodum baiano, principalmente no refrão do meio. Isso ficou mais nítido também em bossas.