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Mocidade começa ensaio técnico na Sapucaí com toda força, mas perde impacto ao sofrer com vento e chuva

Por Allan Duffes, Guibsom Romão, Maria Clara e Matheus Morais

A Mocidade Independente pisou na Sapucaí para o seu segundo ensaio técnico, na noite do último domingo. Recheada de expectativas pela popularidade do samba e badalada com a “Cajufolia”, o que se viu foi uma escola bem mais contida que em ensaios anteriores. Para ajudar a descartar a noite de treino para o desfile, uma apresentação abaixo no canto e a combinação chuva mais vento forte atrapalhou a dança do primeiro casal. A Estrela-Guia da Zona Oeste vai apresentar, no Carnaval 2024, o enredo “Pede caju que dou… Pé de caju que dá”, do carnavalesco Marcus Ferreira.

Que o samba é o xodó da temporada, é um fato. Outro fato é que a obra furou a bolha dos sambistas. É certo também que não param de subir vídeos nas redes sociais de componentes da escola e do público delirando com o samba. Mas, nada disso foi suficiente para o ensaio técnico de domingo. A boa avaliação da apresentação por parte da escola, se deu na parte técnica de quesitos. Mais um fato é que a escola cantou, mas faltou o brilho que pode fazer falta na hora da nota 10.

“Fizemos um ótimo ensaio e tudo o que planejamos para hoje conseguimos executar. As manobras e toda a parte técnica de desfile foi feita, claro que sempre tem ajustes, mas foi colocado em prática tudo o que já é ensaiado na Guilherme da Silveira. Com o som bem melhor, a gente teve a escola toda cantando, junto com o público”, avaliou Sandro de Menezes, diretor de harmonia.

Estava tudo favorável para a volta triunfante da Mocidade ao Sambódromo. Ela só estava lá, de novo, porque na sua data (7 de janeiro), enfrentou problemas com o carro de som e foi até a Liesa reivindicar novo ensaio. Conseguiu! E quis o destino que justamente a Mocidade testasse o carro de som novo, já que os ensaio de semana passada foram cancelados por conta de uma forte chuva. Deu tudo certo na questão som, pelo menos para ela. A volta do caju estava armada. Porém, grandes expectativas podem gerar falsas frustrações. Para completar, choveu e ventou forte.

Comissão de frente

Uma dança simpática, recheada de bailado brasileiro, com uma pegada de frevo, tropicália e bastante irreverência. A apresentação, foi a mesma do primeiro ensaio no Sambódromo, mas desta vez, faltou inspiração aos bailarinos liderados pelo coreógrafo Paulo Pinna. Decisões tomadas para a apresentação podem não ter sido das mais adequadas. A começar pela iluminação cênica da Avenida. Optou-se por luz direcional no meio da pista, predominantemente por três canhões de luzes frontais. Em alguns atos da dança, os bailarinos ficaram dispostos em formato pirâmide, onde estava apenas uma componente na frente. O que a luz causa? As três primeiras bailarinas ficavam apagadas. Era ora as três primeiras, ora as últimas. O jogo de luz também não acrescentou em nada à apresentação. Bem ao contrário. Choveu, a pista estava molhada e os bailarinos se apresentam descalços. Bem no estilo aldeia de pescadores.

Mas, o roteiro estava armado: na segunda cabine, um componente escorregou e foi ao chão. Por sorte, foi só um. Faltou gás no canto. Tudo bem que é uma dança forte. O grupo até tentou revezar quem puxaria canto, mas a falta de afinação de uma componente, desconcertou os demais, causando risadas no último módulo de jurados. Em outras oportunidades, como no minidesfile, na Cidade do Samba, e no primeiro ensaio técnico, a mesma apresentação teve brilho, intensidade e muito bom humor. O figurino em tons tropicais conversava bem com o enredo e os adereços de cabeça das meninas com caju era um chame. No trecho “Tarsila pinta a sanha modernista/Tira a tradição da pista/Vai, Debret, chupa essa manga”, o congelamento da dança para formar uma tela de pintura, é uma excelente sacada, mas que passou despercebida na última noite. O talentoso Paulo Pinna pode surpreender o público no desfile oficial.

“Acho que a chuva deu uma boa caída, atrapalhou um pouco, porque de fato a comissão é um quesito que evolui muito e depende muito da segurança do chão e aqui escorrega muito. Mesmo descalço, algumas pessoas tiraram o sapato, mas ainda assim é um pouco complicado e acaba que isso caí um pouco o rendimento, por segurança mesmo. Sei que no dia caso chova não tem essa opção, mas se a gente puder preservar um pouco a saúde deles, de não se machucar agora a 20 dias do carnaval. No dia não tem como, é a vera e se cair caiu. Mas acho que foi um ensaio bom, tão bom quanto o outro para a gente e é isso, agora dia 12 a gente se encontra. A escola está bem confiante, animada, certa do que ela quer fazer. Virou uma chave muito especial. A escola está incrível, muito diferente do que a gente estava ano passado. A comissão está super entrosada, feliz com a proposta e eu acho que vai ser um belo espetáculo. A Mocidade está para brigar com certeza. A comissão a gente quer trazer o que o enredo pede, resumir o que o enredo pede que é o papel dela mesmo, apresentar a escola e resumir o enredo de uma forma muito alegre, muito sensual, muita divertida que é a cara do Brasil. A gente quer mostrar a nossa verdadeira representatividade, durante anos foi confundida com outras frutas. A gente vai mostrar realmente o que é nosso”, comentou o coreógrafo.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Definitivamente não foi a noite do excelente casal da Mocidade, Diogo Jesus e Bruna Santos. De apresentações fantásticas, ainda bem que foi no ensaio a hora de tudo dar errado. A dança que tem ótimo preenchimento de espaço, um xaxado muito bem aplicado no final da segunda parte, ótimos solos do Diogo e giros magistrais da Bruna, foi ofuscada pelo vento forte. Bruna lutou, foi valente, mas uma rajada de vento enrolou a bandeira no refrão do meio na primeira cabine. No talento, ela contornou a situação, mas a bandeira fugiria do Diogo na segunda cabine, quando a porta-bandeira se apresentou sem o sapato. Na terceira cabine, sem sapato para a Bruna e sem muito vento, o casal fez uma ótima apresentação. A chuva já tinha parado.

“Foi um ensaio com muita turbulência. Muito vento na Sapucaí, na hora que a gente entrou na primeira cabine o vento estava muito forte. A gente foi no olho a olho ali e fizemos o melhor que a gente pôde. Na segunda e na terceira cabine a gente já conseguiu dominar mais o vento. Foi um ensaio bom. Até porque isso pode acontecer no dia do desfile. A gente teve a sabedoria de ali naquele momento, ser olho a olho e fazer a dança do casal de mestre-sala e porta-bandeira mesmo. Vamos para o desfile agora em busca da nota máxima. No nosso primeiro ensaio técnico nós tivemos sim algumas coisas para melhorar, hoje a gente ainda não sabe porque a nossa coreógrafa como ela fica de fora ela consegue ter mais essa visualização do que a gente que está ali dançando, mas com certeza ela sempre tem alguma coisinha a melhorar. “Pode esperar uma fantasia bem bonita. Linda, muito linda. E na cara do enredo”, disse a porta-bandeira.

“Tivemos um ensaio que a gente pode dizer que foi 100%. Porque a gente deu 100% da gente. Soubemos trabalhar com as dificuldades e fazer as manobras possíveis. O nosso personal trabalha muito isso com a gente: a exaustão, a dificuldade e a gente conseguiu fatores extras que a gente não consegue dominar tanto que é o vento, a chuva, mas o que a gente pôde a gente dominou e agora trabalhar mais ainda para o desfile. A gente tem uma equipe muito boa, uma equipe muito produtiva também que trabalha no dia a dia com a gente. Vamos trabalhar até o desfile e para chegar no desfile 100%, fazer uma coreografia limpa e bonita para o girar”, completou o mestre-sala.

Evolução

A Mocidade não deixou buracos e não correu. É uma escola de torcida apaixonada e de pessoas que gostam de estar por perto. Mas, o excesso de pessoas em torno das alas, que não são da harmonia, comprime os componentes. São camisas de diretoria, apoio, camisas de enredo que se concentram principalmente em torno da bateria. Pessoas que param em um lado da pista, o carro de som fica em outro lado no segundo recuo e os componentes entram em um funil caótico para chegarem aos setores 10 e 11, onde não é mais interessante aos figurões, tão inoportunos na Sapucaí. No desfile, eles se vestem de camisa de camarotes, mas o assunto aqui é ensaio e a Mocidade foi atrapalhada, principalmente no trecho citado.

“Estou muito feliz. Igualmente ao primeiro ensaio, o público respondeu bem ao samba. Foi muito bacana mesmo. O som melhorou demais. É um teste, mas provavelmente vai dar certo no futuro. Houve algumas oscilações no meio do desfile, mas é normal de um equipamento novo, que pode melhorar. Acho que até vocês conseguiram ouvir melhor o som. Estou muito feliz. Acho que é uma conquista do sambista. O privilégio de nós todos termos um samba tão popularizado como é o caju. Me sinto muito privilegiado de estar fazendo parte desse momento. A gente sempre está buscando o melhor. Tudo acontece conforme a vontade do universo, conforme a energia. A gente sabe também que o público do desfile não é o mesmo que está aqui hoje. Tem essa diferença. Mas é um público que a gente está buscando atingir também. Meu parceiro Bryan, que é o craque do marketing da Mocidade, está junto tentando furar essa bolha ainda mais para que no dia do desfile a gente possa ter tanto sucesso quanto hoje. O Dudu é inexplicável. Essa bateria é incrível demais. Os caras ensaiam pra caramba. Não erram. Andamento perfeito, do início ao fim. A gente trabalha com grandes caras. O Dudu é mais um desses grandes, apesar de muito novo. Filho de mestre Coé. Tem muita raiz de Mocidade e Vila Vintém. Ele sabe o quanto é importante manter as raízes dessa bateria”, contou o intérprete Zé Paulo.

Harmonia

O samba mais badalado do Carnaval 2024 tinha que ter um canto a altura, mas isso não aconteceu. Provavelmente criou-se a ideia de que a Mocidade apresentaria 70 minutos de uma micareta eloquente, de gente pulando e gritando o samba. Como poderia dar errado? Como não seria uma catarse? Não foi. Tão quase sem explicação, quanto o intervalo de mais de 1h entre uma escola e outra, em ensaios técnicos das noites de domingo. Mas, aconteceu a normalidade: explosão no refrão do samba e um canto mais uniforme ao longo da canção. O início do ensaio foi fantástico. O público foi todo com a escola. O que daria errado? Uma pancada de chuva fez com que todo mundo mais se preocupasse em colocar a capa, que com o ensaio da Estrela-Guia. As alas cantaram, mas ficou longe de uma apresentação arrebatadora.

“A escola canta durante todo o samba, mas no refrão acontece uma explosão ainda maior. Se for comparar com outros anos, a escola não canta apenas no refrão, cantamos tudo, mas algumas partes são mais explosivas, devida a proporção que o samba tomou. Estamos atentos a esse movimento, o que torna o trabalho ainda maior, que é passar para o componente a missão da escola cantar como um todo”, explicou o diretor de harmonia Sandro de Menezes.

Samba-enredo

Uma das grandes estrelas da noite o samba da Mocidade, composto por Cabeça do Ajax, Lico Monteiro, Gigi Da Estiva, Orlando Ambrósio, Richard Valença, Marcelo Adnet, Paulinho Mocidade, Diego Nicolau e Cláudio Russo passou pelo Sambódromo aquém das expectativas geradas em torno de um segundo ensaio técnico. O trecho mais cantando foi o refrão principal e a escola precisa se atentar a trechos que são cantados de forma errada por componentes, como o refrão do meio e o tempo da melodia dele. Zé Paulo, o intérprete, sempre de ótimas atuações, hoje não roubou a cena. Mas, na hora da tropicália, o forró imposto pela bateria é sempre um primor. O sacode prometido, vai ficar para o desfile. Com os efeitos das alegorias e das fantasias, eles podem ajudar o público a morder de vez o caju.

Outros destaques

Que energia das baianas de Padre Miguel. Ventou, choveu e elas gritando o samba, com sorrido no rosto e muita energia. Uma simpatia a saia de cajus e dava para ver a alegria estampada no rosto de cada uma. Outro ponto a destacar é que adereços de mão são cada vez mais funcionais para dar volume ao ensaio e sempre deixam os componentes mais empolgados. Ótima pedida, principalmente, para sambas no estilo da Mocidade.

A Verde e Branca de Padre Miguel, agora terá mais alguns ensaios em casa para ajustar qualquer problema que a diretoria tenha encontrado no ensaio até o desfile. Na abertura da segunda-feira de carnaval, a Mocidade contará com aproximadamente 3 mil componentes, distribuídos em 25 alas, 5 carros e 3 tripés. O diretor de harmonia contou ao CARNAVALESCO como está a preparação da escola:

“A escola vem trabalhando muito. Sabemos todos os obstáculos que temos para colocar o carnaval na avenida, mas a Mocidade está empenhada e tenho a certeza de que vamos apresentar um grande carnaval para brigar pelas primeiras posições”.

Ainda sobre o ensaio de domingo, as expetativas lá no alto colocaram o público a criar a sensação de que o ensaio não foi o que eles imaginavam. A falsa frustração de uma catarse não ocorrida, não representa que a Mocidade passou muda ou que será duramente penalizada, mas o quesito “emoção” já mostrou sua força muitas vezes.

“O nosso primeiro ensaio, para mim, já tinha sido 100%, mas a escola decidiu pedir mais um e o bom é que teve mais um ensaio para gente. Eu acho que ensaiar no campo profissional ou oficial é diferente de ensaiar dentro de casa. E o carro de som hoje funcionou, fica fácil a leitura das bossas, de retomadas, diferente do que foi no último ensaio, que não tinha som, a gente ficou um pouco perdido. Feliz pelo momento. Acho que a bateria está no ápice da sua história. E eu fico muito feliz por estar no comando da bateria e ter esse legado aí muito pesado para gente, que é do mestre André, mestre Jorjão, e do meu pai mestre Coé. Se eu não falar dos mestres, eu não sou o mestre Dudu. Eu tenho que falar dos mestres. Eu tenho esse costume já mesmo. Ninguém subiu o salto alto. Eu acho que hoje é só um ensaio, não tem nada demais, mas é bom acertar, né? Ainda bem que hoje foi tudo 100%, mas amanhã eu vou puxar a orelha deles, que é normal, de praxe meu mesmo, e que venha o dia 12, se estamos preparados para esse momento. Eu trabalhei muito nas nossas caixas, que inclusive deu muito resultado, e estou muito focado trabalhando em cima de marcações, afinação, a batida na nossa terceira, a gente não tem bateria desenhada, mas tento manter todo mundo fazendo o mesmo desenho em alguns lugares sempre, eu penso assim: o mesmo instrumento, o único, chamado terceira, que foi criado na Mocidade pelo Tião Miquimba, não tem porque tocar diferente, obviamente que terceira faz sem o desenho, mas tem que ser Mocidade, não tem que ser igual a ninguém. Foi criado aqui, sempre foi tocado assim, estou tentando trabalhar um pouco mais as marcações e também a nossa terceira. Nossa bateria é uma bateria muito esperada. Se eu não botar surpresa, não é a bateria da Mocidade. Pode esperar que vai ter muita coisa boa. A gente imagina que seja caju o tempo todo, mas não é. A surpresa está aí. Aguarde que vocês vão ter um resultado belíssimo”, prometeu mestre Dudu.

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