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Mocidade Alegre faz junção de duas parcerias finalistas e define o samba para o Carnaval 2023

A comunidade da Mocidade Alegre compareceu em peso no último domingo para acompanhar a disputa final que definiu o samba para o Carnaval 2023. Com a quadra lotada, a Morada do Samba organizou uma grande festa para a apresentação das cinco obras candidatas a serem a trilha sonora da história do negro samurai Yasuke. Após apresentações destacadas e com grandes torcidas, a presidente Solange Cruz anunciou no palco que os sambas 1 e 6 foram os vencedores da disputa, com seus versos contribuindo para a formação da letra, que foi cantada em seguida pelo intérprete Igor Sorriso. Os compositores, portanto, são: Márcio André, Aquiles da Vila, Fabiano Sorriso, Chanel, Marcos L. Gabriel (Biel), Salgado Luz, Marcelo Valência, Marcus Boldrini, Diogo Corso, Ítalo Pires, Biro Biro, Turko, Gui Cruz, Rafa do Cavaco, Portuga, Maradona, Imperial, Fabio Souza, Luciano Rosa, Fionda Tem Tem e Vitor Gabriel.

Duas parcerias, uma só família

Adversários na disputa, os compositores dos dois sambas vencedores são bons amigos e receberam com grande alegria a decisão da escola. A equipe do site CARNAVALESCO conversou com Biel, do samba 1, e Imperial, do samba 6, que comemoraram a vitória como se estivessem disputado juntos o concurso.

“Eu fiquei muito feliz pela forma como feita a junção, que casou com as melhores partes dos dois sambas. E principalmente por ter sido com o samba deste cidadão que está aqui, que é meu afilhado do samba e amigo de longa data”, disse Imperial.

“Gostei do resultado. Acho que, de fato, foram os dois sambas que mais se destacaram nas apresentações. E embora sejamos de parcerias diferentes, nós somos irmãos. Nos conhecemos há muito tempo e temos uma ligação muito forte. Mesmo com a junção, a sensação é de que o samba ficou em um lugar só”, afirmou Biel.

A decisão de unir versos das duas obras não pegou de surpresa Imperial, que já percebia a hipótese pela repercussão das apresentações anteriores dentro da comunidade da Morada. “Eu já tinha ouvido um “zumzumzum”, e hoje parecia uma betoneira de tão alto que estava. Se falava nos camarotes, na rua, nas barraquinhas. Sabíamos dessa possibilidade, mas sabemos que em escola de samba só dá para saber na hora que canta”, comentou.

Com uma nova letra nascendo dessa mistura, Biel garante que as duas parcerias estão prontas para ajudar a equipe da Mocidade a moldar o samba da melhor forma possível. “Acredito que a escola optou pelas partes que mais se destacavam em cada samba. Talvez, precise fazer alguns ajustes de letra em uma parte ou outra, e nos colocamos a disposição para ajudar sempre. Estou muito satisfeito. Acho que a escola soube pegar o que cada samba tinha de melhor”, declarou.

Um samba que nasce nos braços da comunidade

Junções costumam render muitos debates entre os sambistas, mas o que se viu após o anúncio foi uma grande celebração. A comunidade da Morada do Samba parecia ter a letra recém anunciada na ponta da língua para alegria da presidente Solange Cruz.

“A recíproca da escola, graças a Deus foi positiva. Estava bastante dividida, a comissão julgadora também, foi uma sugestão deles e a gente começou a pensar com carinho. Estava muito divido entre os dois sambas e isso ficou muito claro, até na reação positiva, o que é muito importante e é o que a gente mais preza. Estava um clima muito amistoso entre os componentes. Fiquei muito feliz com isso. Me surpreendeu a reciprocidade dos dois sambas”, disse a presidente.

Apesar de ser raro a Mocidade optar pela união de sambas, o histórico é positivo. Solange destacou o repertório, e está confiante no bom trabalho da equipe da escola para fazer os ajustes necessários. “A última vez em que juntamos samba foi em 2008, no enredo ‘São Paulo é tudo de bom’, onde a Mocidade foi vice-campeã do carnaval de São Paulo. Tivemos nota máxima e foi muito legal. Agora quem sofre são os compositores que vão fazer um acerto ali e aqui, o maestro Marcelo Lombardo, Igor Sorriso. A gente lança a bomba e agora eles vão dar o seu jeito”, concluiu.

Riqueza que ajuda a contar a história

Em sua estreia na escola, Jorge Silveira começou com o pé direito ao propor um enredo que foi rapidamente abraçado pela comunidade. Em troca, a família Mocidade Alegre entregou um samba nascido de dois finalistas aclamados. O carnavalesco estava confiante na capacidade da escola de fazer boas escolhas, e gostou do resultado.

“Ao longo da semana eu conversei bastante com a Solange e a diretoria. A Mocidade tem uma característica muito peculiar, que é o fato de que a Direção de Carnaval é que decide o samba. O carnavalesco opina, mas não tem poder de voto. Mas mesmo assim eu dei opinião e conversei com eles. Eu enxergava elementos positivos em vários sambas, onde cada um deles tinha uma perspectiva diferente para o enredo. E também conversei com ela que a Mocidade tem grande capacidade de escolher o samba. Ela tem um repertório musical muito rico e muito vasto. Quase sempre, nas minhas playlists de Carnaval, tem a Mocidade Alegre. Eu estava muito confiante de que qualquer que fosse a decisão, e os compositores foram muito felizes no processo, e iriam conseguir desenvolver o trabalho na Mocidade. Eu fiquei feliz com isso, porque eu acho que vamos pegar o melhor dos dois para poder levar o melhor para o nosso projeto na Avenida”, declarou.

Na opinião de Jorge Silveira os sambas vencedores se completam, e a junção só tem a acrescentar para o conjunto da Mocidade. “Acho que os dois conseguiram criar uma narrativa ainda mais rica para me ajudar a contar a história. Eu penso muito em como esse samba irá impactar o desfile da Mocidade, e como ele irá defender os meus quesitos, a narrativa do Yasuke. Com a junção, eu consigo enxergar um grau de riqueza maior de informação. Eu ganho com isso, então para mim, do ponto de vista da narrativa do Carnaval, é muito positivo”.

Os trabalhos no barracão já estão em andamento, e de acordo com o artista, a Mocidade Alegre tem tudo para ter uma jornada tranquila até chegar o momento de pisar na Avenida. “A expectativa é muito grande. A Mocidade está vivendo várias coisas ao mesmo tempo. Hoje finalizou o processo do samba, mas estamos em um processo de mudança para a Fábrica do Samba, e esse mês nós já entramos lá construindo o Carnaval. Estamos com a fase de pilotos já bem avançada, já tem carro alegórico de pé, esculturas sendo confeccionadas. O processo já está bem avançado. Ao mesmo tempo, a escola está se preparando para as 24 Horas de Samba. São muitos eventos simultâneos que a Mocidade está preparando, mas sem abrir mão da qualidade em todos eles. Do ponto de vista do barracão, está tudo caminhando com tranquilidade. A Solange está muito confiante para o trabalho e me deu total liberdade. Acho que a Morada vem aí de um jeito muito especial”, concluiu.

Comunidade dividia? Sambas divididos

Rumo a mais um carnaval sendo a voz da Morada do Samba, Igor Sorriso embalou a festa da vitória das parcerias campeãs, dando uma amostra do resultado da junção. Para o intérprete, o resultado foi fruto do dilema ao qual a comunidade se viu em relação a qual samba escolher.

“Foi uma ideia que a direção de carnaval teve em função dessa dúvida da comunidade. Houve uma audição durante a semana, com a comunidade em dúvida, e hoje foi uma grande dúvida para escolher o samba. Então resolvemos pegar trechos marcantes de cada obra e fazer essa junção. Claro que vão passar por alguns ajustes ainda, antes de divulgarmos o samba em definitivo”, explicou.

Letras que se encaixam facilmente

Encarregado de ditar o Ritmo Puro da bateria, mestre Sombra acredita que a escolha da escola foi a melhor possível. O maestro já projeta os trabalhos em cima da junção, e acredita que tudo transcorrerá com naturalidade.

“Pegamos os dois melhores sambas, não tinha como descartar nenhum e nem outro e, com certeza, vamos fazer um terceiro grande samba. A letra é maravilhosa. Tivemos a felicidade que um se encaixa no outro sem precisar fazer muita coisa. Vai dar um samba muito valente. As bossas vão acontecer naturalmente. A gente vai trabalhar a junção primeiro e, a hora que acertar, começaremos a pensar nos arranjos. Sempre dentro da nossa característica e do nosso jeito”, declarou.

Substituição por um motivo especial

Os responsáveis por defender o pavilhão principal da Mocidade Alegre no Carnaval 2023 serão Jefferson Gomes e Natália Lago. Os dois, que são amigos de infância, já dançaram juntos pela escola no passado, e agora defenderão esse importante quesito. O retorno do mestre-sala já estava confirmado, mas a primeira porta-bandeira da Morada, Karina Zamparolli, estará fora desta vez por um motivo especial: Está grávida! Juntos, Jefferson e Karina convidaram Natália, que aceitou com alegria retomar sua querida parceria.

“A ficha ainda está caindo, ainda mais porque foi tudo muito rápido. Eu estava acostumada a ter muitas coisas antes, muitas eliminatórias antes, e agora foi muitas coisas uma em seguida da outra. Vamos trabalhar muito, suar muito, e dará tudo certo. Jefferson e Karina vão me ajudar até o final”, disse Natália.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Mocidade Alegre já iniciou os ensaios visando o Carnaval de 2023, e de acordo com Jefferson, a proposta é priorizar a tradição da dança com alguns toques a mais.

“Não fugimos do tradicional. A nossa dança tem uma questão cultural muito forte. O que fazemos é colocar algumas nuances, alguns movimentos, quando o samba é muito forte na temática. Prezamos muito por manter a tradição. Quando tem alguma coisa afro a gente puxa porque a tradição e a base vem daí e dá um toque especial. A nossa preparação será em cima do tradicional, e aí depois com melodia pronta e arranjos de bateria prontos, talvez consigamos inserir alguma movimentação em cima de bossas e melodias”, explicou.

Análise dos sambas

Samba 12: A primeira parceria a se apresentar fez boa apresentação nas vozes de Freddy Viana, Darlan Alves e Grazzi Brasil. Com passagens marcantes, em especial seu refrão do meio com os versos “ÔÔÔÔ…ÔÔÔ… PRETO NO SANGUE NA RAÇA E NA COR”, a obra contou com boa torcida, mas pecou pelo excesso e sua longa e muito detalhada letra, o que atrapalhou a chamar mais atenção do público em geral.

Samba 03: Segunda parceria da noite, a obra defendida por Chitão Martins contou com uma letra coesa e agradável, com um refrão bem “chiclete” no qual alternava palavras do primeiro verso, entre “BATE O TAMBOR” e “BATE O TAIKÔ”. Apesar de uma apresentação segura dos cantores, a pequena torcida não conseguiu contagiar os presentes na quadra, o que dificultou seu desempenho.

Samba 01: A primeira das parcerias campeãs foi a terceira a se apresentar. Bruno Ribas e Renê Sobral foram os encarregados de ditar o tom da torcida que foi fácil a maior da noite em número. O grande problema da obra, que provavelmente impossibilitou ela de ter sido a vencedora sozinha, foi a total falta de menções diretas ao tema proposto. Sozinha, parece soar como uma letra “padrão” para sambas afro, tendo no seu refrão do meio a única referência a história de Yasuke, e ainda assim discreta e sem sequer citar seu nome em nenhum momento.

Samba 07: O quarto samba a passar pelo palco talvez fosse o mais próximo de um samba tradicional. A obra, defendida com muita irreverência por Carlos Junior, tinha na sua parte final seu ponto mais forte, mas no geral se mostrou uma letra comum, sem grandes destaques. A pequena torcida, a menor da noite, não deu conta de dar ao samba o volume necessário para ganhar o restante do público.

Samba 06: Quinto e último samba a se apresentar, o segundo campeão da noite contou com parceria afiada de Tinga e Pixulé, além de uma torcida muito grande e bem caprichada nos efeitos especiais. Tendo como grandes destaques o refrão principal e a primeira parte, o samba caiu no gosto do público em geral e saiu do palco causando boa impressão.

Resultado final

Não é possível cravar uma opinião sobre o resultado da junção dos Sambas 1 e 6 sem ouvir a versão final, já com os devidos ajustes que serão feitos. Mas a impressão que o samba prévio fruto dessa escolha passou é de que a Mocidade Alegre acertou em cheio.

As falhas importantes do Samba 1, que doou seu refrão do meio e parte final, parecem desaparecer ao se juntar com o refrão principal e a primeira parte, vindas do Samba 6. O detalhe oriental, com citações diretas ao tema central do enredo, que é visto na primeira parte, se encaixa com maestria nos versos do refrão do meio, que ganhou uma nova vida e conseguiu empurrar com mais energia a parte final do novo samba.

Agora está nas mãos da competente equipe da Morada do Samba, que fará os devidos ajustes. A chance de um dos grandes sambas do Carnaval 2023 nascer desse trabalho é considerável.

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