Terceira escola a desfilar na noite de desfiles de sábado, a Mocidade Alegre protagonizou um verdadeiro show e entrou forte na disputa pelo título. Seguramente, superou todos os desfiles da sexta. A escola foi praticamente impecável em todos os quesitos e setores. O enredo, homenageando Clementina de Jesus, foi contado de forma linear, falou de toda vida da cantora, como paixão pela música, escola de samba e religiosidade. A comissão de frente, que tinha a figura de Carolina de Jesus, foi interpretada pela artista Thelma Assis, pegando todos de surpresa. Um fato que a Mocidade guardou a sete chaves. O canto da comunidade ecoou com força e, o intérprete Igor Sorriso, conduziu os componentes da Morada com uma energia gigante. De fato, a Mocidade Alegre, que é uma das maiores campeãs do carnaval paulistano, pode levantar o caneco depois de oito anos.

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Comissão de frente

A ala da escola, comandada por Jhean Allex, representou “Devoção, festejos e ancestralidade: O fascínio da Clementina”. Tiveram como figurantes as “Lavadeiras”, “Os brincantes das folias de reis” e a própria Clementina de Jesus. Com o objetivo de retratar a influência das lavadeiras na vida da cantora, houve bailarinas com típicas fantasias lavando às margens dos rios. Dentro da apresentação, se colocou um elemento alegórico dourado com anjos negros no lado direito e esquerdo. Vale destacar que algumas dessas lavadeiras, carregavam bacias, enquanto outras apenas encenavam. Os brincantes da folia, dançavam pela pista toda dançando carregando uma fantasia com uma espécie de fantoche. Uma grande surpresa foi revelada durante o ato. A artista e ex-BBB, Thelma Assis, foi a atriz que protagonizou o papel de Clementina de Jesus durante toda a apresentação. Pegou todos de surpresa e, quando o público viu, a reação positiva foi imediata. Thelma é Mocidade Alegre fanática há muito tempo. Desfilou de passista há muitos anos e, agora, ganhou um papel pra lá de importante. Simplesmente foi a protagonista da homenageada do enredo. Uma emoção muito grande.

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Mestre-sala e porta-bandeira

Rodeado de guardiões, o casal Uilian Cesario e Karina Zamparolli, representeu as “Bençãos à Clementina”, e fez uma grande apresentação. A dupla executou corretamente os giros em sentido giro horário e anti-horário e, o sorriso no rosto de Karina, é algo a se destacar dentro da apresentação. Nas cores vermelho e dourado, as fantasias eram leves. A porta-bandeira optou por usar um material que desse destaque às cores na parte de baixo. Isso ajudou totalmente para o sucesso do casal dentro da pista. As vestimentas usadas pela dupla, foram em vermelho e dourado. A única diferença é que também usava uma capa em azul claro.

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Harmonia

O samba-enredo escolhido foi de agrado da comunidade desde o início. Impulsionados pelo intérprete Igor Sorriso, a comunidade da ‘Morada do samba’, mostrou um canto totalmente agradável em seu desfile. Se confirmou o que foi feito nos ensaios. O cantor, junto ao seu carro de som, teve uma atuação de gala. Em questão de colocar a escola para o alto, sem dúvidas, Igor Sorriso está nas primeiras prateleiras. A interação com as arquibancadas e todo o público também é outro ponto importante a se destacar. Isso se nota no apagão dentro do refrão principal.

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Enredo

O intuito da Mocidade Alegre foi exaltar uma das maiores cantoras e compositoras da história da música brasileira. Clementina de Jesus foi uma das revolucionárias e elevou o patamar de toda a arte musical brasileira. Isso porque, em suas obras, disseminou repúdio contra o racismo e o machismo. Uma mulher extremamente empoderada e com muitas raízes de ancestralidade africana e, dentro disso, a Morada buscou um enredo desse tipo.

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O tema foi executado de uma forma linear. No início, a Mocidade Alegre abordou suas origens com a comissão de frente, casal de mestre-sala e porta-bandeira, duas alas cênicas e carro abre-alas. A agremiação conta isso como forma de “flor de raiz africana”. No segundo setor, a escola contou a história de Clementina, onde citou seu início na música, o canto no morro, a paixão por cozinhar, a relação das escolas de samba com Portela e Mangueira e outras grandes influências na vida de Clementina. Na terceira parte, foram colocadas algumas obras que fizeram parte de sua carreira, seja em parcerias ou inspirações de músicas. No quarto setor, contou-se sobre a religiosidade de Clementina, como “Influências católicas”, “Influências africanas” e “Sincretismo brasileiro”. Fechando o desfile, a Mocidade Alegre falou de africanidade e o cortejo de coroação.

Evolução

Foi outro quesito destaque da escola, principalmente por inovar e se ajoelhar no refrão principal. Na parte do samba, onde se canta: ‘A Mocidade se ajoelha aos seus pés, todas as alas se ajoelhavam e voltavam logo após o refrão terminar. Um efeito sensacional que chocou e levantou toda a arquibancada. Esse ato foi feito quatro vezes, entre os minutos De resto, o andamento da Morada também fluiu com muita potência 20, 36, 45 e 49.

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Em certas partes do samba, a comunidade tem uma coreografia padronizada. Destaque para quando a escola canta o ‘iô’ três vezes, onde os componentes vão de um lado para o outro.

Samba-enredo

O hino da Mocidade Alegre tem uma letra muito bem elaborada. Foi feita de uma forma explicativa e alegre. Diferente dos últimos dois anos, a obra não conta com palavras afros ou indígenas. Sendo assim, a comunidade conseguiu pegar mais fácil. Além disso, o entendimento do hino ficou mais fácil. Em todas as partes do samba, dá para entender o contexto e a mensagem que a agremiação quis passar.

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Dentro da pista, todas as partes foram cantadas com força. É até difícil especificar. Porém, pelo apagão feito pela bateria e o fato da comunidade se ajoelhar, o refrão principal se destaca. A parte do ‘iô’ é criticada, mas foi outra que pegou com os componentes.

Fantasias

As fantasias da Mocidade chegaram na avenida muito luxuosas. A escola optou por usar materiais como plumas em cima dos costeiros, dando um efeito de primeira dentro da pista. Aparentemente, todas as alas vieram sem erros de acabamento. A vestimenta da ala sincretismo brasileiro foi o destaque principal. Os costeiros apareciam como asas, com materiais que pareciam dar essa sensação e, na parte de baixo, havia a figura do espírito santo. Também há de se destacar a ala de abertura, que é a “Flor de Raiz Africana”.

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Alegorias

A primeira alegoria, veio apresentando as origens de Clementina de Jesus, onde aparecia uma espécie de teatro, com cortinas abertas nas cores vinho e dourado. No complemento do carro, havia esculturas de anjos ao lado e uma grande igreja.

O segundo carro alegórico, nomeado:” Descendo dos morros, subindo nos palcos – a trajetória da dama negra do samba, a voz de navalha”, simbolizou o a musicalidade de Clementina e mostrou a relação com as escolas de samba cariocas, Portela e Mangueira. Na parte de trás, duas esculturas de grandes destaques: Clementina carregando um surdo verde e rosa na cabeça e uma águia se mexendo. Obviamente, fazendo referência à Portela e Mangueira.

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A terceira alegoria, intitulado como: “Nas ondas do rádio e dos discos de vinil, a musicalidade de quem foi feita para vadiar”, apresentou todo o talento de Clementina. Tinha a cantora com um microfone à frente do carro e, no topo, um disco de vinil girando.

O último carro alegórico, teve como: “– Sob o manto da mãe África, a negritude coroa Clementina, a Rainha Quelé”, mostrou toda a africanidade na vida de Clementina de Jesus. No topo, mostrou-se a figura do orixá Obaluaê com uma coroa, que mexia os braços e a cabeça, além de outras figuras afro. Foi a alegoria destaque da escola. Tinha a cor toda em dourado.

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Outros destaques

A bateria Ritmo Puro, comandada por mestre Sombra, tem como principal característica dar um destaque maior aos surdos de terceira e as caixas. As bossas foram de total sucesso no desfile. Obviamente, o apagão do refrão principal, que fez a escola ajoelhar, ficou para a história e foi o destaque da batucada. Dentro do recuo, a bateria entrou e saiu de novo no mesmo momento, para se curvar ao jurado frente ao box.

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