Novo carnavalesco da União da Ilha, Marcus Ferreira chega muito feliz na escola da Ilha do Governador, onde é o responsável pelo enredo “BA-DER-NA! Maria do Povo”, que contará a história de Marietta Baderna. O CARNAVALESCO conversou com o artista na apresentação dos segmentos da escola para o próximo carnaval, onde ele falou sobre a recepção na escola, ideia e desenvolvimento do enredo e o que esperar da Ilha para o próximo carnaval.

Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

Marcus começou falando sobre como se sente e o que representa para ele estar como carnavalesco da Tricolor Insulana para o Carnaval de 2025, com toda a história e tradição da agremiação:

“Eu agradeço a Deus por estar nessa grande escola. Eu acho que a Ilha está numa luta para voltar ao grupo especial, que é um lugar que ela já fez sambas e carnavais memoráveis. Acho que a maior trilha sonora do carnaval é a da Ilha: “É hoje”, “O Amanhã”, “Domingo” e “Didi de Bar em Bar, um Poeta”. É a Escola da Alegria. É um momento de reconquista minha no sentido de mudar de escola, mas estou feliz. Estou feliz pela recepção, feliz por estarmos fazendo, projetando um carnaval à altura da escola e que eu tenho certeza que tem tudo para conquistar o público”.

O carnavalesco então comentou sobre os desafios trazidos pela estrutura dos barracões da Série Ouro, em comparação ao Especial:

“Aí eu acho que é a fase mais dura. Isso realmente pesa, não ter um lugar limpo. A Ilha está indo para o barracão da UPM nos próximos dias. Eu também estou acostumado, foram nove anos de Série Ouro. É claro que esses anos do Grupo Especial dá um gostinho de não ter uma goteira, de ter um ambiente mais limpo, não só para mim, mas para os profissionais que trabalham. É um time. Mas, eu estou preparado para enfrentar esse novo desafio e eu tenho certeza que a diretoria da Ilha não vai medir esforços para a gente fazer um carnaval lindo”.

Confira a sinopse do enredo da União da Ilha para o Carnaval 2025

Em seguida, o artista comentou sobre seu retorno à Série Ouro do carnaval carioca, após alguns anos como carnavalesco apenas em escolas do Grupo Especial, e como foi seu último carnaval:

“Eu acho que o artista quer fazer arte. Eu passei pela Viradouro, fui campeão, foram dois anos muito difíceis na Mocidade, e eu acho que as colocações contaram um pouco para que eu voltasse para a Série Ouro. A gente sabe hoje que a disputa do Especial é muito acirrada. É improvável o resultado. Não achei justa a colocação da Mocidade, isso eu acho que os sambistas também, em maior parte, vê que a Mocidade fez um carnaval muito bacana. Foi um enredo que dialogou diretamente com a alma do carnaval. E eu acho que esse é o meu intuito, vou guardar o Caju com muito carinho, essa passagem dessa última temporada e eu acho que é isso. Meu pensamento em fazer carnaval é dialogar sempre com a cultura popular direta, não é tornar o carnaval acadêmico, é ao contrário, é da academia trazer um novo entendimento para cada escola, para cada trabalho que a gente realiza”.

Marcus continuou falando sobre o enredo escolhido para a escola em 2025, que trará a vida e os feitos de Maria Baderna, também chamada de Marietta, uma importante figura para a cultura do Rio de Janeiro entre os séculos XIX e XX, e como seus carnavais sempre buscaram esse diálogo com figuras populares:

“Eu acho que a Baderna já tem feito uma baderna aí no coração das pessoas e eu acho que é a cara da ilha e era um enredo que desde 2021, durante a pandemia, eu vi um videozinho que passou numa emissora, eu falei: ‘bom, eu acho que isso daria uma grande história’. É uma história do povo, como meus carnavais sempre dialogaram com a cultura popular, eu estou dando esse viés do povo, que foi muito defendido por ela. É uma artista que defendeu muitos artistas da época. É um enredo feminista, abolicionista, de reivindicação a tudo aquilo que a gente vive até hoje. Eu estou muito feliz com esse novo momento. É claro que ciente das dificuldades de fazer a Série Ouro, mas o importante é fazer um grande trabalho, um grande espetáculo”.

Tem-Tem Jr é o novo intérprete da União da Ilha para o Carnaval 2025

Além do vídeo que viu anos atrás, durante a pandemia, Marcus também consultou a família da homenageada diretamente para construir o enredo, ressaltando outras figuras que levou em forma de narrativa para a Sapucaí:

“Eles tinham esse sonho de transformar a história de um ícone nosso, do povo e que é desconhecido pela maioria. A Família deu total apoio, eu fiz prontamente o convite para que a tetra-neta dela, a Paula, que é uma pessoa ligada à cultura carioca, não mora no Rio, mora em Santa Catarina, mas escreveu comigo a sinopse, fez toda a parte de desenvolvimento, de pesquisa histórica. Porque é uma história que tem várias versões, então eu preferi seguir o caminho da família para que a gente pudesse contar com legitimidade tudo que a Marietta viveu no Rio de Janeiro do início do século passado. Foi uma coisa bem natural, um encontro bem feliz e eu acho que a missão é essa. Eu já tive a felicidade de conhecer muita gente do nosso Brasil: As ganhadeiras; Lan, o cartunista; J. Borges, o xilogravurista, o Alto do Moura que eu fiz, os discípulos de Vitalino. Então, esse encontro com a nossa gente é algo que todo ano me dá um combustível para fazer o melhor pelo carnaval”.

Por fim, Marcus Ferreira contou o que esperar da União da Ilha para o Carnaval de 2025:

“Eu acho que a alegria da Ilha é o perfil da escola. É um enredo com a seriedade de contar essa personagem, mas com a leveza da Ilha. Com o onirismo… A Ilha é uma escola viajante também, ela embarca em vários enredos que foram viagens extraordinárias. Eu acho que é esperar isso, alegria, leveza nas fantasias, colorido ao extremo e muita criatividade. Eu acho que o carnaval da Série Ouro ele promove isso, ele promove essa questão da gente abusar da criatividade, romper barreiras naquilo que o dinheiro não nos dá. Então, acho que a leveza, a originalidade, a criatividade e um enredo bem aprofundado com a emoção que a Marietta Baderna carregou em sua vida”.