A Águia de Ouro realizou na noite de sábado o seu segundo ensaio técnico visando se preparar para o desfile que acontecerá daqui a duas semanas. O treino foi marcado novamente pelo forte canto da comunidade da Pompéia. Manteve o que foi feito no anterior. Mesmo com a grande tempestade que assombrou o início do ensaio, os componentes se mostraram aguerridos e cantaram com força o hino para 2023. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, João Camargo e Lyssandra Grooters se fizeram confiantes e realizaram uma apresentação segura, mesmo com a pista extremamente molhada. Além disso, a comissão de frente repetiu a dose e desempenharam uma criativa coreografia. “Um Pedaço do Céu” é o enredo da Águia de Ouro para o próximo desfile.
Comissão de frente
A ala levou um grande elemento alegórico. Em sua apresentação, interpreta-se que o contexto significa crianças brincando, fazendo travessuras, se divertindo e chegando ao céu. Os integrantes encenam mostrando a língua e fazendo outros gestos uns para os outros. Após toda essa encenação na parte de baixo, os personagens subiam no tripé e ainda ficavam brincando, até que, aparentemente achavam algo mágico. Interpreta-se que tal elemento alegórico representa o céu (tema do enredo) e os achados são as magias que existem dentro dele.
Harmonia
Sempre foi o grande destaque da comunidade da Pompéia. É uma escola que canta uma enormidade, seja qual for o samba. A agremiação sempre segue a linha de escolher trilhas sonoras alegres devido a isso. Deve-se aproveitar o máximo desse potencial da dos componentes. Porém, apesar de o canto fluir de forma totalmente satisfatória, deu uma leve queda em relação ao ensaio anterior, especialmente no último setor. Após o recuo de bateria, deu para notar uma queda de ‘explosão’ que as alas tiveram ao passar a faixa amarela, mas nada que tirasse o protagonismo. De fato, novamente foi o ponto chave.
O presidente da agremiação, Sidnei Carrioulo, avaliou o ensaio e falou sobre o canto da comunidade. “A chuva atrapalha um pouco, mas tecnicamente deu tudo certo. Espero que no dia do desfile tenhamos um tempo seco e a galera venha com a gente. A avaliação é que foi legal. O canto é um trabalho que a gente faz há bastante tempo. O ponto alto da Águia de Ouro realmente é o canto. Por isso que a gente escolhe sambas com tonalidades para fazer um grande coro. Está aí o resultado. A gente vem trabalhando na quadra, ensaiando e fazendo as coisas”, declarou.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal João Camargo e Lyssandra Grooters tiveram uma apresentação segura. Apesar da pista molhada, a dupla conseguiu executar os movimentos de forma leve. Nada de intensidade na dança. Abdicaram dos tradicionais giros horários e anti-horários. Desenvolveram um bailado satisfatório que corroborou no ritmo do samba, como pede a regra. Vale destacar o emprenho de Lyssandra para segurar o pavilhão. Deveria estar muito pesado, pois não foi uma chuva qualquer. Foi uma tempestade. E todos sabem que o casal de mestre-sala e porta-bandeira é o quesito mais afetado com esse tempo.
“Acho que a gente cumpriu tudo que tínhamos que cumprir. Finalizamos os ensaios técnicos com êxtase de tudo que criamos. Os intermeios da pista acontecem. Eu tive um tropeçãozinho, mas acontece. A gente tem que saber como voltar o foco. Acho que aqui, como eu sempre falo, aqui é para errar e é consertável. Aqui é para entender que imprevistos acontecem e como a gente sai de tudo isso. Deu tudo certo”, comentou a porta-bandeira
“A Adriana falou tudo. A gente tem ensaiado há algum tempo, e até o dia do desfile vamos acertar algumas coisas que são automáticas. São automáticas porque dependem de todo um contexto da situação em si, mas também estamos ensaiados para isso. Nos conhecemos pelo olhar, nos entendemos pelo olhar. Eu sei o que ela quer, e ela sabe o que eu quero. Essas coisas a gente acaba acertando e dá tudo certo. É visível que a gente ensaia também isso”, completou o mestre-sala.
“A gente sempre gosta de falar e comentar no final dos nossos desfiles esse bate-papo entre nós e nosso técnico Edinei. A gente sempre se prepara para tudo. Para você ver, estamos com calçados apropriados para dias de chuva justamente para que consigamos desempenhar exatamente o que mandam os pontos de balizamento. Apresentamos com muita propriedade, alegria, confiança e principalmente com segurança. Tendo total segurança para a minha Porta-Bandeira. Ela tendo total segurança, e a gente conectando essa parceria para que o efeito natureza seja só um efeito natural, mas que a dança seja forte e precisa, que é o que a gente apresentou para vocês”, avaliou o mestre-sala
“Acho que hoje a gente conseguiu executar o que a gente está vindo propondo. A chuva veio um pouco para “atrapalhar”, mas deu tudo certo, nos adaptamos super bem. Estamos trabalhando firmes e fortes, principalmente porque é meu primeiro ano na escola, na parceria com o João, e graças a Deus a nossa parceria está fluindo. Estamos muito felizes com o resultado e hoje gostamos do que estamos ensaiando”, completou a porta-bandeira.
Evolução
A Águia de Ouro teve um grande desempenho na sua evolução. Chama atenção para a ótima montagem da escola , que vem na ordem de: comissão de frente, ala coreografada, baianas, casal e abre alas. Há um visível grande preenchimento de espaço. João Camargo e Lyssandra tiveram muito espaço para evoluir. Algumas escolas também adotam essa estratégia de montagem no primeiro setor, mas a Pompéia fez com maestria. Parecia uma espécie de ‘tapete’ para encobrir tudo. Dentro do samba, as alas se mexeram bastante. Não tem coreografia nos grupos comuns, mas o ritmo da trilha sonora permite os componentes de cantar e dançar com muita energia. O ponto chave disso se mostra na transição entre os últimos versos e refrão principal, onde a comunidade ‘explode’.
Samba-Enredo
Falando da letra, o hino que se destaca por ser explosivo. Também demonstra muito amor e afeto pela comunidade da Águia de Ouro. O componente se sente muito representado dentro dele. Vale destacar o trio de intérpretes que está em ótima sincronia. Chitão Martins, estreante no carro de som vem dando as caras e colocando energia, que é a sua marca, Serginho do Porto com sua total identificação na Pompéia e também o Douglinhas Aguiar, também identificado com a agremiação e famoso pelo bordão “que a luz divina nos ilumine pro caminho da vitória”. A tonalidade de voz dos três tem dado muito certo e todos fizeram os seus cacos sem atrapalhar o companheiro.
“Mais uma vez a gente conseguiu começar no mesmo pique e terminar assim. A bateria terminou e continuamos cantando. Felicidade imensa participar desse projeto, a escola toda veio passando com alegria e eu acho que agora é só colher os frutos e eu tenho certeza que o resultado vai vir”, disse o intérprete Chitão Martins.
“O céu entregou águas abençoadas no começo e agora de novo. Muito bom, ensaio maravilhoso, acho que estamos nos preparando cada vez melhor. Esse entrosamento entre eu e todo o carro de som é maravilhoso. Estou muito feliz. Agora é aguardar o dia 18”, comentou o cantor Serginho do Porto.
“Só alegria. Acho que nós fizemos um grande ensaio no primeiro e não podíamos deixar a peteca cair. Conseguimos corresponder”, completou o intérprete Douglinhas Aguiar.
Outros destaques
A ‘Batucada da Pompéia’, regida pelo mestre Juca, veio novamente em um ensaio que se destaca muito por marcar o samba. Vale destacar a bossa feita nos últimos versos, onde nos últimos versos e acaba no refrão principal. Os acordes que acompanham, dão um grande efeito.
“Foi válido, muito bom, em relação a bateria, andamento foi o mesmo do começo ao fim, mesmo com a chuva, as afinações não cederam. Bateria cantando muito, tudo do jeito que a gente previu. Temos mais alguns ensaios na quadra para passar no dia 18, melhor do que foi. “Melhorou bastante, apesar da escola cantar, cantou bastante no primeiro ensaio, mas hoje se superou, a chuva não desanimou, muito pelo contrário. Temos que vir preparado para tudo, é difícil, vai ser um carnaval muito difícil, parelho, quem chorar menos vai poder mais”, avaliou mestre Juca.
Destaque para a ala das bandeiras amarelas, que estava localizada logo atrás da terceira marcação de alegoria. Dava um belo contraste na pista. A aposta em alas coreografadas tem dado certo. Todas tem sido bastante criativa.
Colaboraram Fábio Martins e Lucas Sampaio