Caçula entre as finalistas do concurso que vai eleger a nova rainha de bateria da Beija-Flor, Lorena Raíssa de 15 anos, é filha de Aline Souza, que já foi grande passista da Beija-Flor. Lorena tem ainda 15 irmãos, seis no mundo do samba. A jovem passista contou ao site CARNAVALESCO um pouco de sua trajetória no mundo do samba. A final do concurso acontece na quinta-feira. As outras duas candidatas vão ser entrevistadas na terça e quarta.

“Eu nasci em 2007, e quis vir ao mundo em pleno ensaio técnico, quatro ônibus tiveram que parar para eu nascer na maternidade. Em 2013, eu fui o pequeno Beija-flor em uma coreografia, acho que até do Patrick Carvalho. Em 2014 eu entrei na ala das passistas, foi no enredo sobre o Boni. Em 2015, o falecido tio Laíla me colocou em um Abre-alas e foi uma coisa incrível para mim, uma emoção pois eu já pequeninha desfilando no carro Abre-alas. Era um dos meus maiores sonhos naquele momento. Passaram-se esses anos dentro da escola, em 2022, esse ano, eu fui representando Mercedes Batista no baile de passistas, no Terceiro Baile dos Passistas, e esse ano estou aqui no concurso de rainha de bateria, uma das finalistas”, conta a jovem postulante.

Lorena revelou que o seu desfile inesquecível pela escola foi em 2018 no enredo “Monstro é aquele que não sabe amar (Os Filhos Abandonados da Pátria Que Os Pariu).

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Fotos: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

“Para mim o desfile mais inesquecível foi 2018. Eu vim na ala dos Passistas, só que na ala dos passistas mirins em frente da ala das crianças. Foi pelo título, mas eu não sei explicar direito, teve algo diferente ali, sempre é emocionante estar pisando na Avenida, entrar em todos os anos, é emocionante, mas naquele ano para mim, eu senti que tinha um sentimento diferente. Fomos campeãs e foi incrível”.

Consciente da responsabilidade que carrega, Lorena explicou o que em sua opinião representa ser passista e ser comunidade da Beija-Flor.

“Muita gente acha que é só sambar, mas é levar o amor pelo pavilhão. O samba, o carnaval, para algumas pessoas, ainda é mal visto, falam que é uma coisa muito adulta, que criança não pode participar, que fica feio, e usam algumas palavras inadequadas, mas o passista tem que levar o samba, mostrar que é uma cultura, uma dança, além de tudo, mostrar o que é amor pelo samba, pelo pavilhão e pela arte. Ser comunidade não precisa nascer ali dentro para ter amor pela Beija-Flor. A Beija-Flor recebe com muito carinho qualquer um. Para ser comunidade é você querer mesmo estar ali dentro, comunidade é o grupo de amados, um grupo de pessoas que amam, um grupo que está ali um por todos e todos por um e amar o pavilhão. Comunidade é estar ali sempre em todo o ensaio de quinta-feira, é tudo isso e mais um pouco”, define Lorena.

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A jovem passista, claro, pensa em como será sua vida se vencer o concurso, mas revela que pretende não deixar que muitas coisas mudem, para continuar agindo com todos da mesma forma que sempre agiu.

“Claramente vai mudar algumas coisas na minha trajetória, mas eu não mudaria nada, deixaria tudo do jeito que está, falar com cada pessoa do mesmo jeito, e ser quem eu sou, que é o que mais as pessoas querem de mim. Acho que só vai mudar algumas coisinhas”.

Sobre referências no samba no pé, Lorena revelou que tem algumas meninas e mulheres.

“Tenho muitas meninas, muitas mulheres maravilhosas, mas para mim é a Raíssa (Oliveira), a minha mãe, a minha irmã Lorrayne e a Mayara Lima. Minha mãe foi uma das primeiras passistas da Beija-Flor”, conta a jovem passista.

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A mãe Aline Souza, citada como referência de samba no pé por Lorena, é também a grande inspiração que a jovem tem no mundo do samba, em quem se espelha.

“A minha mãe, posso te dizer que a minha mãe é minha maior referência no carnaval. Nasceu ali dentro, foi criada ali dentro e está trazendo os filhos, os netos a passar por tudo que ela passou e vir ao mundo do samba como ela”.

Por fim, ao ser perguntada sobre o que poderia mudar no carnaval como um todo, Lorena Raíssa acredita que as pessoas do samba deveriam melhorar um pouco alguns comportamentos.

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“Eu acho que o que podia melhorar eram as pessoas se unirem mais. Muita gente ‘ ah estou desfilando aqui, mas eu vou falar daqui’, ‘ah estou desfilando aqui mas vou falar mal de lá, porque o meu aqui está melhor’. Eu acho que deveria se unir mais e todos mostrarem o que querem de verdade entregar para o público que é a cultura do samba e do carnaval”.

Jogo rápido com Lorena Raíssa:

Time do coração: Flamengo
Samba-enredo predileto: “O monstro é aquele que não sabe amar” (Beija-Flor 2018)
Filme predileto: “Era uma vez”
Comida favorita: Estrogonofe
Lugar inesquecível que visitou: Cristo Redentor
Lugar que desejaria visitar: Disney
Carnaval é espaço para política: Sou muito nova para pensar nessas coisas

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