A mesa “Abre-alas do carnaval” no primeiro seminário que discute o fomento do espetáculo do carnaval e seu papel econômico, na última sexta-feira, na Biblioteca Parque, no Centro do Rio, abordou o papel do livro não só para a maior festa popular do mundo, mas também para a formação educacional. Participaram do encontro o diretor cultural da Liesa, Luis Carlos Magalhães, o assessor cultural da Liga, Fernando Araújo, além de dois professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que comentaram sobre a parceria entre a Liesa e a instituição de ensino superior.
Com a primeira edição publicada em 1987, o livro abre-alas é um material elaborado pela Liesa voltado para os julgadores e a imprensa especializada que contém informações sobre os quesitos de julgamento. Para Fernando Araújo, o livro passa maior credibilidade para os desfiles.
“A gente traz a descrição de todas as escolas e todo esse processo criativo que envolve o desfile. Ele começa com quem se envolveu no enredo, as pesquisas que foram feitas, os livros que foram pesquisados. Ou seja: a gente gera, anualmente, algo que dificilmente outras manifestações conseguem fazer, que é o conteúdo relevante que contribui para a formação do nosso povo. Com isso a gente traz credibilidade para o desfile”, disse.
Fernando Araújo comentou a importância do abre-alas para projetos além do carnaval, como o que ocorre com a Uerj. Atualmente, todo o material excedido é doado para bibliotecas comunitárias e projetos sociais voltados para a educação.
“O abre-alas é um livro atemporal que resume e explica cada elemento que passa dentro da Avenida. O poder de diálogo da escola de samba é muito grande e o abre-alas tem que acompanhar este diálogo. A gente precisa credibilizar a informação e fazemos isso através da instituição de ensino. A Uerj percebe que o carnaval é uma potência cultural. A Liesa, enquanto representante do espetáculo que é o desfile, percebeu que uma parceria entre ela e a Uerj é uma espécie de chancela para a educação do carnaval”.
“A gente dá uma resposta para a sociedade sobre o que o carnaval dá para ela além dos dias de desfiles. Traz cultura e credibiliza uma ação que daqui a pouco estará fazendo cem anos. Credibiliza a arte da pessoa que vem do subúrbio. A nossa proposta está justamente no subúrbio: apresentar de forma didática o que é apresentado na Avenida. Fazer com que uma criança olhe para um carnavalesco, enredista, e veja a complexidade que é desenvolver o carnaval. Como é profundo o processo de pesquisa. A gente está para mostrar que o livro tem utilidade sim, anualmente, dentro da sala de aula”, completou.
Professor da Uerj, Daniel Pinha explicou o papel da parceria com a Liga e ressaltou a importância do abre-alas para a formação de docentes que se interessam pelo espetáculo do carnaval.
“A parceria é para promover a divulgação do centro de memória. A gente quer colocar esses arquivos e documentos na rua, fazendo exposições e pensando em projetos com os professores, porque eles têm interesse e curiosidade, mas não tem uma formação para trabalhar com esse material. A Uerj atua nessa divulgação do centro de memória e na formação dos professores para transformar o carnaval de escola de samba em um produto pedagógico”, explicou o professor.
Ao final do seminário, seguindo a proposta do Departamento Cultural da Liesa, Maria Chocolate, fundadora do Centro Cultural Comunitário Chocobim Biblioteca Comunitária MAANS, recebeu dois exemplares do material. Com ações nos municípios de Duque de Caxias e Nova Iguaçu, a representante afirmou que usará o abre-alas para trabalhar a cultura do carnaval com as crianças atendidas.