Após mais de 10 anos longe da Marquês de Sapucaí, a Lins Imperial pisou novamente no Sambódromo e deixou claro que não pretende mais sair. Com enredo em homenagem ao humorista Mussum, falecido em 1994, a escola passou forte na Passarela, com bom canto e muito verde e rosa. A agremiação da Zona Norte fez o ensaio técnico neste sábado com 52 minutos. Um dos pontos a ser melhorado até o desfile oficial é o entrosamento entre alas e a regularidade do canto da comunidade. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
No início do ensaio, as alas demonstraram força e empolgação, principalmente a ala 3, ‘Samba é minha inspiração’. Pouco depois, a ala 7, que vai homenagear a Mangueira, escola do coração do ator, passou mais fria. As duas, assim como a maioria das alas vieram com a camisa do enredo e com bolas de festa verde e rosa, nas cores da agremiação. Quem também utilizou as cores foram as baianas, nas saias. As matriarcas também cantaram bonito. Abusando do verde e rosa, os passistas masculinos deram show, com muito samba no pé, que também marcou a apresentação das passistas femininas, que vestiam verde neon.
“Uma escola que tinha dez anos que não pisava na Sapucaí, eu acho que a gente cumpriu o papel que propomos para hoje. Ainda tem muito o que acertar mas acredito que estamos no caminho certo. É um enredo que além de ter comunicação imediata com o público, conta também com a bateria do mestre Átila, com algumas bossas que mexem tanto com a escola, tanto com o público. Aposto muito nessa empatia. A Lins Imperial é uma escola de bandeira pesadíssima. Vocês podem esperar a Lins com muita vontade de ficar no lugar dela, que é na Marques de Sapucaí”, disse Mauricio Dias, Superintendente de Carnaval.
Um dos grandes destaques da Lins Imperial foi a apresentação do casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira. Jackson Senhorinho e Manoela Cardoso deram show na Sapucaí com linda exibição. A dupla mostrou entrosamento, elegância, carisma e competência. Com cerca de 1m50s de apresentação, o casal foi impecável e vestia tons vibrantes de verde e rosa, sendo ele com um terno e ela com roupa brilhante.
“Ficamos quatro anos na Intendente Magalhães, estar retornando na Marquês de Sapucaí com a escola que eu desci está sendo muito gratificante. É uma emoção muito grande, pois esse ano eu faço 15 anos de Lins Imperial. Vai ser marcante esse desfile. Não tenho palavras pra descrever a emoção, é mais do que isso, pois são todos os sentimentos reunidos. Fiquei sem mestre-sala um bom tempo, tive que fazer readaptações na minha dança e reciclagens. Veio pra escola e tivemos a sintonia perfeita”, disse a porta-bandeira.
“É meu primeiro ano como primeiro mestre-sala da Série Ouro. Com garra e com vontade de mostrar o porquê eu estou aqui. Ela veio pra ficar e aqui é o nosso lugar. Eu não recebi o convite da Lins no começo da pandemia, demorou um pouquinho. Mas acredito que tudo acontece do jeito que tem que acontecer. E essa fase de pandemia, de renovação dentro de mim e de dentro da escola, dentro do carnaval vem a casar e agregar positivamente”, completou o mestre-sala.
O samba em homenagem ao ator foi bastante cantado pela comunidade, principalmente do verso ‘Mussum, um trapalhão que inspira tanta gente’, até o fim do refrão. Logo após o refrão, a força do canto dá uma leve caída, da parte ‘Nêgo menino, lá no morro iluminado’ até ‘A sua estrela brilhou’. No geral, o canto da escola foi bom, com grande parte dos componentes entoando o samba do início ao fim. Contudo, ainda foi visto alguns componentes com a letra do samba no papel, principalmente os integrantes que se colocam nas últimas fileiras das alas. Sem deixar a peteca cair um só instante, os intérpretes Lucas Donato e Rafael Tinguinha fizeram ótimo trabalho na Sapucaí.
“Quando a Sapucaí ver toda a família do Mussum, toda a energia da escola bonita, linda demais, eu tenho certeza que vão se emocionar. O Mussum era um cara maravilhoso e todos têm ele no coração. O coração vai acelerar como é natural de um estreante, mas isso
não interfere tanto porque buscamos manter a maior calma possível”, citou Rafael Tinguinha.
“Primeira vez pisar na passarela ao lado desse cara (Tinguinha) que dispensa comentários, meu irmão de muitos anos é especial. A gente faz sambas juntos. Somos amigos, frequentamos as casas, socorremos quando preciso e assim vai. Eu gostei demais do ensaio, pode ser ainda melhor. Tá fluindo, tá rolando, colocando o samba no lugar. É um samba melodioso e irreverente. Estamos encontrando o meio termo. Para treino, gostei demais”, afirmou Lucas Donato.
Comandada por Mestre Átila, a bateria da Lins Imperial também fez bonito na Sapucaí. Logo ao entrar na avenida, fez uma coreografia aliada a uma bossa e levantou o público no setor três. No módulo dos julgadores após o segundo recuo, a ‘Verdadeira Furiosa’ fez outra bossa, mais curta, mas executada de forma correta. Danny Foxx, rainha de bateria da agremiação, esbanjou simpatia, elegância e carisma, mas poderia ter sambado um pouco mais.
Ao site CARNAVALESCO, mestre Átila revelou que vai desfilar com 251 ritmistas. Ele contou que todos vão representar o “Mumu da Mangueira”, de rosa e com cartola.
“Vai ser uma coisa linda, do jeito que ele gostava, ele merece. Estamos fazendo de tudo pra ajudar a Lins e ninguém aqui (da bateria) tem salário, é por amor. A satisfação é maravilhosa, montar e reorganizar uma bateria, sem falar mal do mestre Jorginho e mestre Adílio, estamos todos somando forças, mas a felicidade é enorme por conseguir montar um trabalho técnico em cinco meses, estou muito feliz. Vamos fazer uma bossa só no dia do desfile, que é em homenagem ao Mussum, aqui nós fizemos a bossa da Mangueira e impactou bastante, a galera curtiu. A do dia do desfile é a nossa cereja do bolo, precisamos de algo a mais do que a Lins tem, o andamento é maravilhoso, mas se tem o fator ousadia, temos que arriscar”, garantiu.
A escola evoluiu bem pela Sapucaí, não abriu buracos, correu ou desacelerou o passo. Contudo, foi percebido um desentendimento entre dois harmonias após a saída da bateria do primeiro recuo. Um deles pedia para a ala que estava na frente da ‘Verdadeira Furiosa’ correr, enquanto o outro não queria acelerar os componentes. Na apresentação do segundo casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, a escola cometeu um erro. Enquanto a dupla exibia sua dança, outros cinco componentes coreografados invadiram o espaço do casal. Ao perceber o ocorrido, um harmonia correu para consertar a situação. No mais, todas as alas se comportaram bem, se mostraram animadas e organizadas.
O ensaio estava previsto para às 21h, mas começou quase às 23h por conta do atraso do início do desfile das escolas anteriores. A escola também trouxe um bonito pede passagem com o rosto do comediante, e à frente do tripé, componentes carregavam o nome ‘Lins’ e ‘Mussum’, em grandes balões de aniversário. Colado a eles, quatro integrantes da agremiação vestiam chapéus com o rosto de todos os ‘Trapalhões’. Já mais para o fim da apresentação, entre alas, um jovem simulava Mussum, vestido de verde e rosa e com reco-reco, instrumento tocado pelo ator.
Depois de honrar a memória de Mussum com um grande ensaio técnico, a Lins Imperial promete um bom desfile em abril. A escola tem poucas coisas a melhorar, mas deixou claro que não quer retornar à Intendente Magalhães. Primeira escola de quinta-feira, dia 21 de abril, a verde e rosa tem a missão de abrir o segundo dia, mas com componentes comprometidos e desfile leve e bem humorado, as expectativas são as melhores para a agremiação.
Participaram da cobertura: Leonardo Damico, Nelson Malfacini, Lucas Santos, José Luiz Moreira, Luan Costa, Ingrid Marins e Isabelly Luz