Após ser campeã da Série A com a Imperatriz Leopoldinense o carnavalesco Leandro Vieira publicou uma carta de despedida da escola. Em 2020, ele fez jornada dupla trabalhando também na Mangueira. O artista ainda não informou se seguirá na Verde e Rosa. Foto: Nelson Malfacini

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“Toda trajetória é também um ciclo. Essa coisa de fechar ciclos é um entendimento fundamental para toda caminhada. Um ciclo que se fecha é também a abertura para o ciclo que se abre. Em 2014, eu era um assistente na Imperatriz Leopoldinense. Ali, de alguma forma, um ciclo foi aberto, ao mesmo tempo em que também as circunstâncias da vida interromperam outro. Desse ciclo interrompido, abriu-se o ciclo que levou o Leandro até Pilares e a seguir, até à Estação Primeira. Ciclo aberto também é ciclo em movimento. E o movimento é o que deixa a trajetória de todos nós em ebulição, viva e contínua.

O ciclo que me trouxe até aqui também interrompeu um ciclo que eu precisava concluir. Já disse mais de uma vez que foi entre 2013 e 2014 que descobri que podia fazer carnaval. Já disse também que descobri isso lá na Imperatriz. Voltar para ela tantos anos depois foi uma possibilidade de me encontrar. E eu acredito que um artista também vive de reencontrar-se e feliz daquele cuja vida oferece a possibilidade de voltar a algum lugar para continuar algo que precisava ser concluído.

Em 2020, eu voltei pra Imperatriz como carnavalesco e uma festa interior imensa. O convite do Luizinho, desde o princípio, me causou alegria. Da alegria do convite veio a alegria de rever tanta gente querida em seu barracão, a alegria de voltar a sua quadra, abraçar sua comunidade e desenhar para vesti-la novamente.

Fazê-la no acesso e trazê-la ao especial me enche de orgulho e talvez seja um feito dos quais eu mais me orgulhe nessa minha trajetória tão recente. Com o campeonato, tanto pra mim quanto pra ela, um ciclo se encerra para que outro se abra. Pra mim, se encerra o ciclo interrompido em 2014 e se abre o ciclo de quem, com o dever cumprido, abre portas e mantém os caminhos livres. Para ela, encerra-se um período de desgosto para abrir-se o ciclo de quem volta de forma triunfal ao seu lugar, com a cabeça erguida e o sangue quente.

A ela, que me abraçou de forma generosa, desejo o melhor. Sua gente, os trabalhadores de seu barracão, o time – Marquinhos, mestre Lolo, Rafaela Theodoro, Thiaguinho, Hélio e Bete Bejane, Arthur Franco, Preto Jóia, Jorge Arthur e Wagner Araújo – seus torcedores e sua comunidade merecem o melhor. Agradeço a cada um de vocês a troca de sorrisos e estímulos, pedindo licença para agradecer à família Drumond, em especial ao presidente e a sua filha Kátia – dois braços de trabalho com disposição generosa – por toda a acolhida traduzida em afeto e entusiasmo.

Segue Imperatriz. Segue cantando, sorrindo, sonhando e sambando que eu estarei daqui te aplaudindo, na torcida e agradecido por ti e por tudo que você representa de forma particular para mim, e de forma coletiva, para o carnaval carioca. Obrigado por tudo, e sobretudo, por tanto”.

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