Paulinho Mocidade, um dos principais intérpretes da história da Marquês de Sapucaí, guarda na memória grandes desfiles que fez no Sambódromo. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, durante a gravação do programa especial sobre os 40 anos da Sapucaí, o cantor falou da relação com a Avenida. A partir de hoje abrimos uma série ouvindo sambistas sobre esse aniversário do solo sagrado da Marquês de Sapucaí.

Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

O que a Sapucaí representa na sua vida essa avenida?

Paulinho Mocidade: “Representa muito. Eu estou na Mocidade desde garoto, desfilo praticamente todos os anos. Alguns não porque estive em outras escolas e no período também que eu fui fazer shows fora do país exatamente no dia de carnaval, mas fora isso representa muito. Além do mais, em 1990, quando o Ney Vianna faleceu em outubro de 1989, ele faleceu em plena quadra e teve um ataque fulminante do miocárdio. Infelizmente, perdemos uma das maiores vozes de todos os tempos do samba de enredo e do carnaval. Na primeira noite de samba de enredo de sábado para domingo, domingo foi o velório e o enterro e segunda-feira foi a final, a manhã de terça deu o resultado e quarta já era a gravação e o doutor Castor depois do enterro, falou o Chiquinho, grande Chiquinho Pastel, que era o nosso diretor de carnaval: ‘pega o Paulinho, só se ele não quiser’. Me fizeram a proposta para ser o novo cantor oficial da escola. Entrar, substituir um Ney Vianna não é mole não e a gente se sagrou campeão. Quando chegamos ali no Setor 7, o 11 e o 13 já com a mão no alto, a galera dizendo: ‘é campeão! É campeão!’. E no ano seguinte a mesma coisa, bicampeão. E na outra década seguinte com a Imperatriz. 2000 o bicampeonato, 2001 o tricampeonato, a primeira escola tri. Eu tenho esses quatro títulos que tem um significado gigantesco para mim. Uma coisa assim que não tem mais explicação. Só agradecimento a Deus e ao meu trabalho junto com todas as equipes por onde eu passei nas duas escolas”.

Qual foi o seu maior desfile nesses quarenta anos da Sapucaí?

Paulinho Mocidade: “Tiveram muitos, esses quatro que eu citei na pergunta anterior foram desfiles fantásticos. O ‘Vira virou’, ‘Chuê, Chuá…’ foram uma coisa assim… a Mocidade era a escola da moda. Todo mundo queria desfilar na Mocidade, todo mundo. Ainda teve o épico ‘Sonhar Não Custa Nada’,  que a gente não se sagrou tricampeã, mas o samba até hoje é sucesso. É um dos sambas mais executados, ficou eternizado. E é considerado por vocês da imprensa como um dos maiores sambas de todos os tempos. Também foi um desfile marcante. E os dois da Imperatriz que eu citei. Não tem palavras, não tem palavras, as imagens estão aí. O público sempre manda para a gente. É uma coisa de você sentar e ficar analisando: ‘caramba, como é que é isso aí?’.

E qual desses sambas que você falou acha que é o samba que marca esses quarenta anos?

Paulinho Mocidade: “Todos eles, mas embora não tenha sido tricampeã, mas o ‘Sonhar não custa nada’ é uma coisa assim… Olha, são 32 anos e aonde eu chego para fazer show no Brasil todo, eu não subo no palco a galera já mete: ‘sonhar!’, ou então um trechinho do samba ‘estrela de luz…’. É um samba marcante. Aliás, com um detalhe a Mocidade 1992 e o Salgueiro 1993 com ‘Explode Coração’ foram as duas grandes vendagens dos discos dos sambas que estão até hoje na boca do povo”.