O Império Serrano realizou de terça-feira seu segundo ensaio ao ar livre em preparação para o retorno ao Grupo Especial em 2023. O treino aconteceu no Parque Madureira Mestre Monarco e teve duração de cerca de uma hora e dez minutos. Mesmo com o local fechado aos visitantes durante todo o dia por conta do jogo do Brasil na segunda-feira passada, mas disponível para a Serrinha ensaiar, os componentes imperianos mostraram o canto já afiado. O destaque ficou também por conta da Sinfônica do Samba, de mestre Vitinho, que apresentou algumas bossas, desenvolveu coreografias e mostrou o que pretende levar para a Sapucaí. No próximo carnaval o Império Serrano vai abrir a primeira noite de desfiles das escolas de samba do Grupo Especial com o enredo “Lugares de Arlindo”, desenvolvido pelo carnavalesco Alex Souza, uma grande homenagem para Arlindo Cruz.

Sabendo da difícil missão em que a escola que abre o carnaval do Grupo Especial carrega historicamente, o Reizinho de Madureira começou em novembro sua série de ensaios de preparação para o próximo desfile. A agremiação sabe que ter quesitos como bateria, samba, evolução e harmonia fortes é fundamental para um bom resultado no dia em que a escola entrará na Marquês de Sapucaí com a competição valendo. O diretor de carnaval Wilsinho Alves, apresentou ao site CARNAVALESCO uma avaliação de como anda a preparação da escola após o ensaio. * OUÇA AQUI O SAMBA-ENREDO DO IMPÉRIO SERRANO NA VERSÃO OFICIAL

“Está tudo correndo da maneira que a gente planejou, a gente evolui a cada semana, primeiro os ensaios de canto na quadra, aqui o Parque Madureira, é um excelente lugar para ensaio, gosto muito de ensaiar aqui, até mais do que na rua. Aqui a gente tem conforto, não tem carro passando, é menos perigoso. O Império Serrano dá um show. O ensaio do Império Serrano é uma coisa de maluco, eu que trabalhei em outras escolas e vim para aqui, eu me arrepio todo com a galera cantando, as alas e tudo mais, porque o pessoal aqui incorpora mesmo como o Ito gosta de falar. O Império Serrano vive um momento especial, não precisa ser imperiano para saber e entender que a escola vive um momento diferente. Subiu, está fazendo, estamos trabalhando para caramba, eu estou exausto e ainda nem chegou dezembro, porque a gente tem uma missão que é manter o Império no Grupo Especial neste primeiro momento”, admitiu o diretor de carnaval.

‘Momento diferente em que vive o Império’, diz Wilsinho alves

Wilsinho explicou que o número menor de componentes presentes neste ensaio em relação ao anterior se deveu ao fato do Parque Madureira ter ficado fechado durante todo o dia por conta do jogo do Brasil que aconteceu na segunda-feira. O diretor também ressaltou a importância dos ensaios realizados no local.

“Hoje o Parque Madureira esteve fechado por causa do jogo do Brasil ontem, mas quando o parque está aberto, isso aqui é muito legal. Porque o Império é patrimônio de Madureira. Madureira respira samba, o Império é a maior expressão do samba de Madureira e a Portela, obviamente. A gente tem um povo aqui que ama o carnaval, mudou um pouco essa questão do imperiano chegar muito em cima do carnaval. Agora a gente está com pouquíssimas vagas, deve ter fechado hoje a nossa inscrição de comunidade. A gente já está com os quadros quase 100% para o carnaval. É um momento diferente que o Império vive, e, tomara que tudo se traduza em um grande desfile”, espera o dirigente.

Por fim, Wilsinho Alves apontou o canto da comunidade e a bateria comandada por mestre Vitinho como pontos altos deste segundo treino do Império Serrano.

“A gente tem o mestre Vitinho que é um show à parte, e a Sinfônica. Porque também trabalham muito, o Vitinho é um show porque os caras ensaiam para caramba. É reunião, é ensaio, obviamente, a bateria e o canto da escola foram os destaques. A gente está há uns três meses do carnaval e já está com um canto que se o desfile fosse daqui há duas semanas, a gente estaria pronto para desfilar. Estou muito satisfeito com o que está acontecendo aqui”, garantiu Wilsinho Alves.

Harmonia e samba-enredo

O samba funcionou muito bem na voz dos componentes, principalmente, os desfilantes das primeiras alas que vinham logo atrás do primeiro casal e das baianas, que estavam na cabeça da escola. Estes cantavam com bastante intensidade, o destaque ficava para o refrão principal no “Firma na palma da mão, tem Aluja e agogô”. Também pôde-se perceber o canto bem intenso em alguns segmentos da escola, como nas próprias baianas, casais de mestre-sala e porta-bandeira, passistas e na bateria. O canto se manteve firme durante a uma hora e dez minutos de ensaio. No início, a escola treinou mais de uma vez o sincronismo na entrada do samba entre carro de som e bateria. O intérprete Ito Melodia falou sobre as possibilidades que vislumbra para o samba que tem autoria de Sombrinha, Aluísio Machado, Carlos Senna, Carlitos Beto Br, Rubens Gordinho e Ambrosio Aurélio.

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Equipe do carro de som do Império Serrano

“Segundo ensaio do Império Serrano, da Serrinha, estou muito feliz com tudo que está acontecendo, o canto da escola está muito forte, a bateria dispensa comentários, mestre Vitinho, Sinfônica do Samba, bateria incorporando perfeitamente. Além de eu estar muito feliz, a tensão é 24 horas, porque o samba é uma pancada. O samba está se encaixando nas nossas vozes, com andamento, com harmonia. É um sambaço mesmo, e o que está acontecendo é a demonstração da própria escola, o canto da escola está fazendo a gente se envolver, nos emocionar e querer cantar muito mais”, entende o cantor.

‘Um grande desfile como não se vÊ há muito tempo’ promete Ito Melodia

Visivelmente empolgado durante todo o treino, Ito Melodia, que fará sua estreia no Reizinho de Madureira em 2023, comentou o momento que a escola vive e prometeu grandes performances da agremiação e do samba não só no desfile mas nos eventos que vão anteceder o próximo carnaval.

“Se preparem mundo do samba, vocês terão um grande desfile como não se vê há muito tempo no Império Serrano. Acho que o Império voltou para o Grupo Especial se encontrando para relembrar seus tempos de glórias, seus tempos de baluartes, quando faziam aqueles sambas belíssimos que a escola toda cantava, se emocionava, se apaixonava. Eu estou tendo a felicidade e a honra de ter recebido o convite do Sandro Avelar, nosso querido presidente, que me deu oportunidade de estar junto, carregando essa bandeira dessa escola super querida que é o Império Serrano. Eu só tenho a dizer que o Império vai incorporar, sem dúvida nenhuma. O samba foi muito bem gravado, modéstia a parte, e vai crescer muito mais. A cada passagem as pessoas se emocionam e choram. Eu fico imaginando o nosso ensaio técnico na Avenida, até antes mesmo, o nosso mini desfile na Cidade do Samba, podem aguardar um grande desfile do Império Serrano. Estou muito feliz e agradecido de voltar ao Especial e voltar com o Império Serrano, onde eu fui muito bem recebido”, agradeceu o intérprete oficial da Serrinha.

Mestre-sala e porta-bandeira

Contratados após bom desempenho pela União da Ilha no carnaval passado e com experiência de Grupo Especial, Marlon Flôres e Danielle Nascimento, tiveram a missão de vir à frente da escola conduzindo os componentes do Reizinho de Madureira, já que neste treino a comissão de frente não participou. A dupla mostrou o entrosamento que já vem de outros trabalhos. Ainda sem fazer a coreografia que pretendem levar para a Sapucaí, defenderam o pavilhão com delicadeza e muita técnica nos movimentos.

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Marlon e Danielle, casal do Império Serrano

“A gente já está ensaiando a coreografia para os jurados, mas fazemos várias coreografias também para as apresentações, para o lançamento do CD. Por enquanto em público a gente não está fazendo a coreografia dos jurados, mas já esamos nos preparando, já estão intensos os nossos ensaios com o coreógrafo”, explicou a porta-bandeira.

Danielle Nascimento também falou à reportagem do CARNAVALESCO sobre a importância de se realizar ensaios como o feito no Parque Madureira

“É muito importante pelo contato com a comunidade, para sentir a bateria, o ritmo, o samba, como está evoluindo no canto, é muito importante para o nosso trabalho. É o nosso rendimento, a gente avalia tudo que a gente treinou com o nosso coreógrafo no ensaio, sentindo a bateria, o ritmo realmente que o Ito vai levar. E com a energia da comunidade é mais parecido com o desfile, tem o preparo físico também neste ensaio aqui também. A gente trabalha o nosso preparo físico para o desfile”, esclareceu Danielle.

Por fim, a porta-bandeira revelou que o primeiro contato com o figurino que vai levar para a Sapucaí em 2023 foi um momento de grande emoção e se disse satisfeita com o trabalho realizado pelo carnavalesco Alex Souza.

“Nossa fantasia está linda, maravilhosa, o Alex arrebentou, eu fiquei emocionada até chorei quando vi o figurino, está muito lindo”.

Bateria

Grande aposta da diretoria com ótima performance no carnaval passado, mestre Vitinho agora fará sua estreia no Grupo Especial, mais uma vez, comandando a Sinfônica do Samba. A bateria foi um dos grandes destaques do ensaio de terça. Ficou provado pela comunidade que no final do treino após terminado sua parte, ainda se pôde ver diversos componentes e segmentos sambando e acompanhando com muito entusiasmo o encerramento da performance dos ritmistas. Outro ponto que levantou quem acompanhava e participava dos ensaios foram as coreografias. Em uma delas, os ritmistas se agachavam e em outra faziam o já famoso “balanço” em que cada artista “quebrava” de um lado para o outro no ritmo da bossa. Mestre Vitinho explicou o que pretende levar para a Sapucaí no próximo carnaval.

“Para 2023, a gente pretende desfilar com quatro bossas. Uma bossa na cabeça do samba que a gente faz o partido alto, que o Arlindo é partido, é musicalidade, com os instrumentos que tem na bateria. Repique faz repique de mão, as caixas fazem pandeiro, surdo de segunda faz o tantan, surdo de primeira faz marcação, tamborim vem com o ‘Teleco Teco’, tem palma na mão. O agogô faz o agogô de duas bocas, o chocalho faz a intenção do reco, a cuíca aquele choro. No momento do ‘Dagô’ no samba, a gente faz uma bossa para Xangô e o Alujá de Xangô bem bacana. Da a intenção como se tivesse o atabaque, a terceira sendo o Rum, a segunda sendo o segundo atabaque. Intenção de como se a gente estivesse em um terreiro. E, no de Ogum, a gente também faz uma levada que é o toque para Ogum, que a gente fez ano passado, e esse ano vamos fazer diferente, não vamos repetir o mesmo. Graças a Deus a gente é do candomblé. Por isso, estudo bastante. E, na parte de baixo, em ‘uma porção de fé’, a gente faz uma bossa que é dentro da melodia do samba, em que a bateria faz coreografia. Lembra o toque do agogô, um toque muito antigo do Império, encaixamos na melodia do samba. Os compositores foram muito felizes ao compor este samba que toda hora tem um charme, algo que lembre o toque do agogô, uma frase que da para criar muito bem uma levada do agogô. A gente está trabalhando bastante música. O Arlindo é musicalidade. É um cara que cultiva a música. Estudamos ele o tempo inteiro e acreditamos que vamos fazer um trabalho bem bacana”, entende o comandante da Sinfônica do Samba.

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Mestre Vitinho, comandante da Sinfônica do Samba

Vitinho também falou sobre o andamento cadenciado que pretende levar para o desfile oficial. “A gente está trabalhando com o andamento de 144 BPM. Não vamos passar disso. Carnaval não precisa de correria, samba tem que ser tocado, samba tem que ser sentido. Esse samba foi aclamado, desejado, e trabalhamos, as ideias vieram, e agora a gente espera fazer um bom trabalho. Estamos adaptando muita coisa ainda, limpando algumas coisas da bateria, mas é praticamente isso que a gente vai levar, com coreografia, levando alegria, leve, com responsabilidade e musicalidade que é o que o carnaval precisa” , acredita mestre Vitinho.

Evolução

O ensaio contou com um número aparente menor de componentes. As alas, dessa forma, estavam um pouco menores. Não se notou buracos ou grande espaçamento entre os componentes, mas em alguns poucos momentos os “harmonias” tinham que intervir para chamar a atenção dos desfilantes, para evitar os espaços entre alas, gerando algum deslocamento mais rápido de algumas pessoas. Em geral, a evolução da escola foi fácil e espontânea. Muitos componentes estavam sem a camisa do Império. A bateria treinou sua entrada e saída do recuou e a arrumação dos naipes que será realizada dentro do boxe. O casal e a bateria simularam a apresentação para os jurados. Um integrante da escola colocava uma placa de madeira nos lugares escolhidos para representar as cabines de julgamento.

Outros destaques

A rainha de bateria Darlin Ferrattry e sua filha Wenny Isa, princesa da Sinfônica do Samba, estavam presentes no ensaio e vieram o tempo todo à frente dos ritmistas comandados pelo mestre Vitinho. Wenny Isa sambou durante quase todo o deslocamento e chamava a atenção por um feliz sorriso no rosto, mostrando carisma. Destaque também para parceria entre o diretor de harmonia, José Luiz Escafura, que auxiliou durante toda a uma hora e dez minutos de treino, o diretor de carnaval Wilsinho Alves no comando e orientação aos componentes. Outro ponto positivo ficou para a ala de passistas com muito samba e realizando algumas coreografias que não atrapalhavam no talento e espontaneidade do samba no pé.