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Imperatriz faz ensaio sem erros, com irreverência, alegria da comunidade e bateria trazendo o nordeste para a Sapucaí

Se a proposta da Imperatriz Leopoldinense para o desfile de 2023 é trazer um pouco do lúdico e da picardia, como já foi falado até pelo carnavalesco Leandro Vieira, o que se viu no ensaio técnico foi uma amostra deste nordeste bastante irreverente do enredo que visa contar a história de Lampião de forma mais fantasiosa e baseada em literatura de cordel. Abrindo a segunda noite de ensaios técnicos do Grupo Especial, a Verde e Branca de Ramos mostrou força nos quesitos, não errou, e teve como destaques a bateria de mestre Lolo que estava em plena sintonia com o carro de som comandado por Pitty de Menezes. Outros pontos altos foram sem dúvida o canto da comunidade e a evolução com boa fluência da agremiação. Casal e comissão de frente também passaram muito bem. O treino oficial da Rainha de Ramos teve duração de cerca de uma hora. Em 2023, a Imperatriz Leopoldinense será a quarta escola a pisar na Sapucaí na segunda noite de desfiles do principal Grupo do carnaval carioca com o enredo “O arrepeio do cabra que o excomungado tratou com má-querença e o santíssimo não deu guarida”. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO DA IMPERATRIZ

“Acho superamos nossas expectativas, sempre fica a sensação de pequenos ajustes, mas vejo uma Imperatriz pronta para entrar na avenida no dia 20 de fevereiro. Acho que o que pode melhorar é termos o som oficial para todas as escolas. Gostei muito da interação carro de som e bateria, isso impulsionou o canto e a evolução da escola. Vamos desfilar com 3 mil componentes”, disse André Bonatte, da direção de carnaval.

Harmonia

O canto da escola foi irrepreensível. Do início ao fim o que se pode perceber foi um componente bastante familiarizado com os versos da obra, que continha alguns termos mais coloquiais e regionais, e principalmente familiarizados com a melodia. Os desfilantes cantavam de forma intensa, constante, mesmos as alas que apresentavam coreografias mais desenvolvidas que vinham no final do treino da escola. Só para destacar algumas alas, temos as alas “Morro da Baiana”, que estava mais para o início, além de “Parque Xangai” e “Portuguesa”.

O intérprete Pitty de Menezes, agora no Grupo Especial pela Imperatriz, confirmou mais uma vez os elogios que recebia em sua antiga agremiação e que recebeu já na chegada a Rainha de Ramos, com uma performance no ensaio técnico muito intensa, dando ao cargo já o seu jeito. O cantor a todo momento inflamava os componentes com frases como “que show”, ” isso aqui é Imperatriz”. Pitty também se mostrou bem à vontade com o samba, com a linguagem coloquial e regional e com a melodia bem pautada em uma linha clássica da região bem pontuada pela sanfona que acompanhou o carro de som durante todo o desfile. O início do desfile foi um espetáculo protagonizado por Pitty, o carro de som, o sanfoneiro e a bateria de mestre Lolo e suas zabumbas.

“Foi nota mil! Não tem nota para essa comunidade, ela é nota máxima. A Imperatriz sempre soube fazer desfile. Ela volta a resgatar suas origens e agrega sua comunidade por meio desse resgate da favela. A Imperatriz, hoje, confirmou aqui, para o que veio. A gente vai chegar aqui na segunda de carnaval e vai dar o nosso melhor. Vamos invadir a Sapucaí igual o bando de Lampião. Nós vamos trazer alegria para esse público que merece. A Imperatriz é uma escola gigante e merece muito respeito. O resto é só falácia. Falar até papagaio fala. A bateria é maravilhosa, dispensa comentários. O mestre Lolo é nota mil e não precisa provar mais nada para ninguém. Essa bateria é um show à parte. O entrosamento foi o melhor possível. Eles nos receberam com muito carinho, a bateria e o carro de som estão sempre juntos; não tem vaidade. Aqui a gente faz um trabalho em prol da escola, para a nota máxima que queremos, para voltar para as campeãs. O nosso objetivo maior é ser campeã do carnaval. Eu tenho várias partes favoritas do samba, mas a ‘E foi-se então… Adeus, capitão’ é especial. Vivemos quatro anos de muita tristeza, mas o Brasil vai ficar feliz de novo, a Sapucaí é feliz de novo. Xô, pandemia. No ano passado, eu fiz um bom carnaval na Porto da Pedra e, nesse ano, na Imperatriz não vai ser diferente. A Imperatriz está trabalhando muito. Todas as arestas e tudo que está imperfeito, a gente conserta na quadra. Eu acho que, hoje, foi perfeito, foi tudo perfeito. Todo mundo conhece a Imperatriz como a Perfeitinha de Ramos. Eu acredito que ela voltou aos velhos tempos”, disse o intérprete Pitty de Menezes.

Samba-Enredo

O samba de Me Leva e companhia tem uma característica bastante correlacionada com o enredo de utilizar uma linguagem bastante singular e regional, além de fazer uso do bom humor. Algumas passagens são puxadas até um pouco para ritmos nordestinos, como o xaxado e o forró, mas sem perder o swing e as características mais inerentes a essência do samba-enredo. Mesmo com algumas palavras mais regionais, não se percebeu nenhum tipo de dificuldade do componente, que demonstrou estar bem adaptado à obra.

O andamento produzido pela bateria de mestre Lolo não deixou que o samba ficasse arrastado mesmo com a presença da sanfona no carro de som, e ao mesmo tempo, também não deixou que a obra ficasse corrida mesmo em alguns trechos de maior ataque como o refrão “Imperatriz veio contar para vocês”. Aliás, essa parte, e o refrão principal, eram cantadas com bastante entusiasmo pelos desfilantes. Mas o trecho preferido claramente era “Pelos cantos do sertão, vagueia, vagueia…”, que gerava até coreografia por quem estava desfilando.

Evolução

O trabalho que a Imperatriz realiza aos domingos em Ramos se refletiu na fluidez deste treino oficial. As alas estavam bem juntas, organizadas, mas sem embolar desfilantes. Os espaços entre comissão e casal, passistas e bateria, musas e outras alas, foram muito bem respeitados, sem gerar buracos. A Rainha de Ramos fez todos os seus movimentos de forma bem sincronizada e organizada, mas sem parecer algo mecânico, pelo contrário, com os foliões brincando carnaval e sambando. Logo no início e no último setor pode-se perceber de forma mais efusiva a preferência pelo uso de algumas coreografias. Os movimentos estavam bem ensaiados e dentro da letra do samba que é bem narrativa e ilustrativa, facilitando o entendimento de cada expressão corporal.

No último setor, uma ala com os componentes de chapéu de palha, emitia passos de festa junina. Outro ponto a se destacar foi que, em um enredo que fala sobre lampião e enfatiza o capitão como um símbolo do nordeste, o povo dançou muito os ritmos próprios da região, principalmente quando a bateria de mestre Lolo realizava uma bossa já no final da segunda do samba que acabava em xote e xaxado. Por fim, é importante parabenizar a organização da agremiação que mais teve o cuidado de trazer cada setor com uma cor de camisa. E os componentes responderam com alegria adicionando ao vestuário da escola, adereços como chapéus de palha e de cangaceiro, chifres de diabinho’, entre outros adornos de cabeça.

Comissão de Frente

Realizando a sua estreia na Imperatriz em 2023, o experiente e consagrado Marcelo Misailidis levou para este treino oficial uma comissão semelhante ao que já vinha apresentado no mini desfile. Nela, um bando de cangaceiros vestidos de uma forma bastante carnavalizada e colorida, apresentaram uma coreografia bastante pontuada e baseada na letra do samba. Os movimentos claramente queriam remeter ao trecho que se estava cantando. A irreverência e o humor eram pontos altos da apresentação e estava muito presente nos movimentos dos bailarinos.

O colorido das fitas que saiam da parte de trás da roupa e o volume das mangas causavam um bonito efeito a partir da evolução dos dançarinos, seja quando se uniam agachados ou quando formavam filas, como um batalhão. Quando a escola se apresentava no segundo módulo, uma fitinha de um dos componentes se desprendeu da roupa, mas só foi notada no final da apresentação quando alguém retirou da pista.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Voltando a dançar juntos na Rainha de Ramos, Philipe Lemos e Rafaela Theodoro, impuseram seu estilo clássico, mas bastante intenso com passos bem encaixados ao samba, sem se preocupar de fazer referências específicas à letra. Depois de anos dançando com outros parceiros, a dupla mostrou que o entrosamento ainda está em dia, sempre buscando um ao outro no bailado. O toque mais nordestino da dança veio no trecho do samba “Pelos cantos do sertão,vagueia” em que o casal se separava apresentando o movimento do xote, um em cada vez que este refrão era entoado, se reencontrando já na volta do refrão principal para agradecer e encerrar a apresentação.

Durante a dança, os guardiões da dupla interagiram realizando movimentos com um bastão que às vezes imitava uma espingarda, principalmente na coreografia de deslocamento, às vezes imitava um cajado. Nas apresentações nos módulos, os guardiões ajoelharam, o que facilitou a visualização do bailado do casal. Na coreografia de deslocamento o mestre-sala Phelipe Lemos realizou algumas vezes o seu característico passo na ponta dos pés.

“O balanço do ensaio foi muito positivo, com uma energia muito boa. Para ser 100% será somente no dia oficial do desfile quando a arquibancada estiver cheia. Não podemos falar que não precisamos melhorar porque isso seria mentira, mas temos uma equipe muito bem construída para nos ajudar a melhorar cada vez mais. Aqui na Sapucaí é onde podemos testar diversas coisas, é onde podemos praticar em cima da letra do samba e onde as possibilidades são enormes. O ensaio técnico é mais importante no quesito de ser mais próximo do desfile oficial”, comentou o mestre-sala.

“Hoje foi um teste para nós, e foi muito positivo. A Imperatriz chegou com o intuito de comemorar e brincar hoje, diferente do dia oficial pois é com muito mais seriedade que fazemos o que fazemos. Como o Felipe falou, o ensaio serve para isso, para afinar os possíveis erros. Eu gosto muito do ensaio técnico como um jogo. Gostaria que tivesse mais na Avenida, onde é muito importante para nós. Às vezes fazemos um movimento nos ensaios fechados e aqui é muito mais diferente, prestar atenção a esses detalhes”, completou a porta-bandeira.

Outros destaques

Coroada este ano como nova rainha da Swing da Leopoldina, Maria Mariá, vinda da comunidade, ex-passista, não se intimidou com o desafio agora diante do mundo do carnaval e exibiu muita atitude e samba no pé. A coroa da soberana era dourada e no formato de um boné CPX, que embelezava ainda mais o modelito formado por um vestido na cor verde. Atrás de Maria, mestre Lolo seguiu o trabalho de excelência à frente dos ritmistas, todos de boné CPX, e bem à vontade com o enredo, trazendo zabumbas na primeira fila da Swing da Leopoldina, bastante utilizadas em algumas bossas.

O ensaio foi para aprimorar detalhes para chegar no grande dia e fazer um bom trabalho, chegar aqui e tirar nota 10 é isso que precisamos para escola. Eu gostei de tudo nesse ensaio, o último ano foi de sofrimento. A gente tem feito muito ensaio, semana passada foram cinco em quatro dias para chegar aqui e focar a perfeição e se não foi perfeito foi 99%. Esse 1% vamos chegar no desfile em alto nível. Nosso samba é estilo nordestino, vai fazer forró, xaxado tem que fazer uma cadência diferente, sem surpresas vai ser o que foi hoje no ensaio o que vamos fazer”, garantiu mestre Lolo, que desfilará com 250 ritmistas.

A presidente Cátia Drumond veio a frente da escola com um vestido preto brilhante. Já o carnavalesco Leandro Vieira apareceu no final do desfile com um chapéu de pirata, brincando bastante carnaval. João Drumond, em discurso antes do início do samba 2023, agradeceu as coirmãs pelo apoio que a Imperatriz recebeu no caso das ofensas à velha-guarda da Verde e Branca, realizadas por uma influencer.

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