Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins (Colaboraram Lucas Sampaio, Gustavo Lima, Naomi Prado e Nabor Salvagnini)
Celson Mody, popularmente conhecido por Celsinho, se tornou histórico no carnaval paulistano não apenas por conta da potente voz. Completamente integrado à comunidade dos Acadêmicos do Tatuapé, o intérprete completou dez anos à frente do carro de som da agremiação e foi homenageado com uma placa por parte do quarteto de presidentes da agremiação. Emocionado, ele fez questão de honrar o motivo pelo qual se tornou símbolo da azul e branco da Zona Leste com uma atuação impecável em um ensaio competente de toda a agremiação, que desfilará com o enredo “Justiça – A Injustiça Num Lugar Qualquer é Uma Ameaça à Justiça em Todo Lugar”, que será o quinto a ser exibido na sexta-feira de carnaval (28 de fevereiro), no Grupo Especial.
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Encerrando o ciclo de ensaios técnicos no carnaval paulistano, o CARNAVALESCO conta como foi a terceira e última apresentação dos Acadêmicos do Tatuapé no Anhembi antes do desfile oficial.
Comissão de Frente
Novamente com um tripé inteiramente embalado, o quesito coreografado por Leonardo Helmer novamente mudou a forma de se mostrar em um ensaio técnico. Agora, todos os componentes estavam de branco e com pinturas douradas faciais na parte de cima do rosto. Dessa vez, não era possível identificar personagens com destaque pela indumentária, mas pelo posicionamento em que eles se colocavam – e um deles, que sempre aparecia mais à frente, também era levantado em determinado momento por alguns outros componentes.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
De atuação fantástica no segundo ensaio técnico, o Casal Foguinho teve um desafio duplo no terceiro – e último. Com roupas majoritariamente pretas (entrando no clima da cabeça da escola, o que dá a impressão de que há um spoiler da fantasia oficial), ambos enfrentaram uma noite bastante abafada com a cor que mais traz calor para o corpo. Como costuma acontecer com Diego do Nascimento e Jussara de Sousa, entretanto, não foi a roupa e a condições meteorológicas que os pararam.
Novamente cumprindo todas as obrigatoriedades do regulamento com graça e simpatia, ambos tiveram giros rápidos e precisos em cada um dos módulos de julgadores. O destaque de mais uma excelente atuação, desta vez, foi o samba no pé de Diego, que não se furtou apenas a acompanhar os giros da parceira, mas também mostrou um excelente jogo de pernas e bailado para interagir com o samba. Em alguns módulos, entretanto (em especial no segundo), ficou a impressão que a Evolução da escola estava célere demais, colocando Diego e Jussara em um espaço diminuto para executar a dança em plena cabine de jurados – nada que os atrapalhassem tecnicamente, diga-se.
Sempre buscando a excelência, ambos, entretanto, acreditam que é possível melhorar ainda mais: “Hoje nós sentimos de verdade tudo que nos preparamos para fazer nesse ano. Colocamos em prática todos os detalhes e, com toda a certeza, detalhes serão corrigidos – porque foram mínimos. O que tínhamos para colocar hoje, fizemos. Sempre digo que somos muitos perfeccionistas, são mais detalhes de olhares, de toque de mão, não tem nada com relação à dança em si – porque a dança que propomos nós colocamos em pratica hoje. Estou muito feliz com o resultado. Confesso que, no começo, ficávamos um pouquinho cabreiros, um pouquinho desconfiados, porque gostamos de ousar um pouquinho. Nunca sabemos se essa nossa ousadia vai dar certo, mas hoje vimos que estamos no caminho certo. Agora, são ajustes. Tenho certeza que, com a bênção do cara lá de cima no dia do desfile, vamos conseguir encantar essas quatro cabines e trazer o que a Tatuapé espera de nós: os 40 pontos”, disse.
Jussara foi mais sucinta: “Estou muito feliz com o ensaio de hoje. Realizamos um ótimo ensaio, tanto na parte de evolução como também em parte de coreografia – a dança, especificamente. Estou muito feliz por hoje. Estamos no caminho certo, ainda temos muitos ensaios até o dia 28. Se tiver alguma coisa para corrigir, com certeza vamos corrigir”, comentou.
Harmonia
Quesito seguro da agremiação, novamente os Acadêmicos do Tatuapé pareciam ter como objetivo se fazerem ouvidos na quadra da agremiação – distante cerca de onze quilômetros do Sambódromo. Em uma apresentação com samba cantado forte e uniformemente, é possível, porém, destacar a Ala 12, que passou bastante empolgada por todos os setores do Anhembi.
Presidente e diretor de Harmonia da agremiação, Edu Sambista entende que a última apresentação foi a mais forte no quesito: “Foi uma grande evolução que nós tivemos nos três ensaios. Eu prefiro não dar uma análise concreta de como foi tecnicamente porque, às vezes, o que achamos da pista nos engana. Depois, quando formos assistir a uma gravação, começaremos a identificar alguns erros. Mas, pelo que eu senti dentro da pista, nós fizemos um primeiro ensaio, que foi em um domingo debaixo de chuva; mas, mesmo assim, durante a semana, nós achamos vários erros técnicos. Cobramos a comunidade em uma semana de várias questões, principalmente expressão corporal. No segundo ensaio, foi uma outra escola totalmente diferente. Acredito que hoje nós conseguimos superar o segundo ensaio, pelo menos na questão de andamento, expressão corporal, vibração, pulsação. Foi uma escola que passou deixando sua marca e que vem forte na briga pelo título, prometeu.
Evolução
A já citada Ala 12 também estava evoluindo bastante, agitando adornos e marcando determinadas partes do samba – como o “Justiça” no refrão do meio. Toda a agremiação fazia o mesmo, novamente tornando a apresentação da azul e branca inteiramente satisfatória em tal quesito.
Samba
O já citado Celsinho, como também citado, teve mais uma grande noite em sua coleção de grandes apresentações. Ele, entretanto, não foi o único. Muito bem acompanhado em um carro de som que conta com nomes potentes como Keila Regina, André Ricardo e Chocolate, a equipe de cantores azuis e brancos também respondeu a contento. A Qualidade Especial, bateria comandada por Léo Cupim, fez questão de fazer alguns apagões no final da segunda estrofe para evidenciar ainda mais o canto bastante elevado da comunidade.
Leonardo Costa, o mestre Léo Cupim, fez uma autoavaliação sobre a atuação da Qualidade Especial: “Eu acredito no conjunto todo. A gente vem numa evolução técnica, esses ensaios estão servindo de experiência para colocarmos tudo em prática. Estamos lapidando tudo na quadra, portanto acho que o nosso conjunto vem forte. Pode ter certeza que vamos fazer um bom espetáculo para todos, hoje soltei um monte de bossas. Sempre tem alguma coisa para ajustar, vamos sentar e conversar com a diretoria de bateria. Terça-feira e quinta-feira na quadra a gente faz ensaios, sempre vai ter algo para pontuar”, comentou.
Grande destaque da noite, Celsinho também falou com a reportagem: “Muita felicidade e muito honrado com esse trabalho desse ano, que foi muito mais árduo do que os outros. A gente trabalhou bastante: muito ensaio de canto, muito ensaio específico das nossa alas, um trabalho primoroso de cordas, de vozes, tudo para poder levar a nossa música para os jurados, para o povo de São Paulo e do Brasil, e honrar mais uma vez o legado que a Tatuapé vem trazendo já há 70 e tantos anos. Nesse último ensaio eu fiquei muito apreensivo, me fizeram uma homenagem por conta dos dez anos por aqui, que eu não esperava de jeito algum. A voz embargou, mas deu certo. Com técnica dá certo, mas foi difícil”, emocionou-se o intérprete
Outros destaques
Novamente, com uma corte numerosa, a agremiação contou com a rainha Muriel Quixaba, a madrinha Carmen Reis, a princesa Talita Guastelli e o rei Daniel Manzini.
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