A Colorado do Brás realizou seu segundo ensaio técnico, no Sambódromo do Anhembi, na noite de domingo. A escola, que será a segunda a entrar na avenida na primeira noite de desfiles, levou um contingente maior do que no primeiro treino. Esse reforço, somado com o vigor demonstrado nas danças da comissão de frente e do casal de mestre-sala e porta-bandeira, deram um gás importante para garantir uma harmonia coesa que pode ajudar muito a vermelho e branco em suas pretensões no carnaval de 2022. Por outro lado, a evolução precisa saber lidar com a totalidade de desfilantes e conversar melhor entre si.

Harmonia

O samba em homenagem a escritora Carolina de Jesus mostrou suas qualidades e foi cantado com vigor pelos componentes, que se deu ao luxo de arriscar várias paradonas. Em um momento, já na segunda parte do desfile, o sistema de som do Sambódromo falhou por alguns segundos, e mesmo assim o canto foi mantido forte e bonito. Isso motivou ainda mais a ousadia do carro de som em jogar o canto para a comunidade. O casamento entre o canto da escola com as vozes principais foi um dos pontos altos do ensaio da Colorado.

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O diretor de carnaval, Jairo Roizen, fez um levantamento geral do ensaio. “O ensaio foi muito legal, foi muito bom. Tivemos um primeiro ensaio já há algum tempo, mas ainda não tinha o som da avenida. Conseguimos essa data para fazer com o som da avenida e faz uma diferença na empolgação do componente e no pessoal da arquibancada. Foi muito bom para a gente testar o canto, o andamento da escola e o nosso tempo. Treino é treino, e jogo é jogo. Foi um grande treino. Ainda temos algumas coisas para corrigir, não está tudo 100% certo, mas o bom é assim. Se a gente tivesse vindo para cá e estivesse tudo 100% certo, aí ficaríamos preocupados porque se veio tudo certo, o que faríamos no desfile? Então a gente já sabe que temos que nos concentrar, nos focar para chegar no dia 22 e fazer o melhor desfile da história da Colorado”, disse.

Evolução

A escola manteve um ritmo fluído de desfile, mas visivelmente houve erros de andamento entre as alas. Algumas demonstraram bastante empolgação no canto, como a Ala Papel, mas ao retornar da primeira paradona o gás acabou sendo um pouco acima da dose, o que causou um efeito “sanfona” nela, abrindo espaço considerável em relação aos que vinham atrás.

O diretor está atento a esses detalhes, e apontou as prioridades da Colorado nos dias que antecedem o desfile oficial. “Sim, temos bastante coisa para ser ajustada. A gente não teve muitos ensaios ainda. Faremos só mais um ensaio na quadra. Temos algumas questões de evolução para ajustar, um pouquinho mais do canto em alguns momentos do samba, mas isso é normal. No último carnaval fomos reconhecidos como uma das melhores evoluções do carnaval de São Paulo, então a ideia é sermos melhores em 2022 para que a gente possa levar a Colorado a ter o resultado que ela merece.”

Samba

Ainda na concentração, o intérprete Chitão Martins recebeu uma calorosa homenagem da escola Antônio Carlos Borges, de diretores e toda equipe de canto, que ensaiou com camisas em homenagem aos seus 10 anos defendendo a escola.

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Jairo exaltou a celebração um como ponto alto do ensaio. “Sem dúvida, são os 10 anos do Chitão Martins na Colorado do Brás. Acho que isso é o que temos realmente que celebrar, temos que comemorar. A partir daí vamos ver. Vamos deixar o ponto alto para o dia 22, a segunda escola a desfilar, para ser o nosso ápice nesse dia. E se Deus quiser, dará tudo certo”, concluiu.

Bateria

De dentro da bateria, o líder maior dos integrantes da Ritmo Responsa, mestre Allan, gostou do que viu. “Avaliação bem positiva. Evoluímos bastante do primeiro ensaio para cá. Está vindo evoluindo de uns anos para cá. Isso é fruto de um trabalho que começou em 2018, com escolinha, formando pessoas novas. Hoje a bateria da Colorado eu posso dizer que 95% são formados e criados dentro da Colorado. Nesses poucos anos então, é uma evolução constante. Acredito que foi um dos melhores ensaios que a Colorado já fez e espero que melhore ainda mais para o dia de desfile para chegar no resultado positivo”, declarou.

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Allan apontou as dificuldades que a bateria tem para ensaiar ao defender a atuação de seus comandados. Para ele, todos os elementos melhoraram. “O conjunto. A gente tem uma dificuldade muito grande de ensaiar, pelo fato de não ter quadra. De chuva, para juntar toda essa quantidade de pessoas, é muito complicado na nossa sede. Falta conjunto um pouco em nosso trabalho. Já é o terceiro ensaio técnico, essa repetição acaba evoluindo o conjunto dos naipes e ficando cada vez melhor equalizado, entrosado e acredito que foi a melhor evolução que tivemos”.

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A escola apostou em diversos momentos de bossas e apagões, muito bem respondidos pela comunidade. O mestre falou sobre esses momentos e viu neles os melhores momentos da apresentação da Colorado nesse ensaio. “Foi muito emocionante, a Carolina merece ser ouvida. O apagão é justamente para isso, a escola cantar e mostrar que o preconceito não vale nada. E como diz o samba ‘não duvide da bravura da mulher’. Então que isso tem que ser cada vez mais alto, e o apagão é justamente para isso, escola cantar e principalmente prestar atenção na letra do samba que às vezes muita gente passa e pensa da bateria sem saber o que está cantando. É para a pessoa parar e pensar no que está cantando. A Carolina merecia isso, as obras delas merecem isso, e é justamente por isso que fazemos, vou fazer na avenida também, o máximo possível. O ponto alto é o apagão. A bateria teve outras bossas, tudo saiu tudo perfeito. Mas o apagão dá aquele gás a mais, a bateria canta, se alegra, então o ponto alto é o apagão e essa frase que fica marcada na cabeça de todo mundo”, finalizou.

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Ao longo dos dois ensaios, a comunidade da Colorado do Brás mostrou que é capaz de ser vibrante sem perder o controle da harmonia. A comissão de frente mais uma vez fez uma apresentação cheia de energia, mostrando que estão se dedicando muito ao desfile e seu enredo, que é a cara da escola.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Ruhanan Pontes e Ana Paula, seguiu o ritmo da comissão, com uma dança marcada por uma disposição acima da média do visto em outras escolas. Ruhanan encontrou energia para voltar para o final da escola após sua apresentação e brincou e interagiu com o público.

Disposição é importante para todos os componentes, mas é preciso apreciar com moderação. A boa sintonia entre toda a comunidade permitirá a escola melhores condições para acertar esses pontos tão importantes.

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