No primeiro dia de ensaio técnico no Sambódromo do Anhembi, o Vai-Vai foi a segunda escola a pisar na pista. Com a harmonia levando de maneira afinada o samba, mas com evolução inconsistente em diversos momentos, a Saracura encerrou sua passagem na Avenida com 62 minutos. O enredo “Eu Também Sou Imortal” é uma reedição do Carnaval de 2005 da escola do Bixiga, que será a quarta a se apresentar no domingo dia 19 de fevereiro. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
Comissão de Frente
Abrindo a apresentação do Vai-Vai, a Comissão de Frente veio fazendo diferentes alusões à imortalidade. Apesar de não usarem fantasias, foi perceptível interações entre os componentes que lembram o amor e a religião. A coreografia durou duas passagens do samba, e ao menos nesse ensaio não fez uso de algum elemento alegórico. O quesito, que se mostrou problemático para a escola nos últimos anos, se mostrou seguro neste ensaio geral e pode render belo espetáculo no desfile oficial.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira do Vai-Vai, formado por Renato e Fabíola, iniciou sua apresentação demonstrando grande sintonia no primeiro setor. Muito comunicativa entre si, a dupla passou a encarar na metade final da Avenida um vento considerável, que dificultou a dança de Fabíola em diferentes momentos-chave. Apesar da intempérie, o pesado pavilhão da “Escola do Povo” foi bem defendido pelo casal, que ainda tem tempo para acertar o trato com situações adversas.
Harmonia
Ponto mais forte do ensaio, a harmonia do Vai-Vai mostrou que o clássico samba de 2005 segue na ponta da língua. Um coral fluído, que respondeu bem em momentos de bossas e paradinhas. Destaque especial para as alas coreografadas, que mesmo durante suas encenações cantaram de maneira valente a obra da escola.
Evolução
O quesito precisará ser trabalhado com cuidado pela escola. No começo do ensaio, faltou fluidez às primeiras alas, que ficaram em um anda e para constante. O recuo da bateria, feito com a ala se virando dentro da pista, foi feito com excelência. Já para a parte final da apresentação, houve um pequeno avanço da ala à frente do espaço do terceiro carro que pode ser acertado. Ao final, o Vai-Vai diminuiu o ritmo e chegou a parar na pista em alguns momentos, uma situação que não seria vista em condições normais de desfile, mas que fez a escola ultrapassar em dois minutos o limite de tempo do Grupo de Acesso de 1 hora.
Samba-Enredo
Um clássico tratado com muito carinho por Luiz Felipe e o time de canto do Vai-Vai. O samba rendeu no ensaio e contribuiu para o bom desempenho da harmonia. Quesito tradicionalmente forte da escola, se destacou nos momentos das bossas e das paradinhas. Um refrão forte, antecedido de versos com a cara da comunidade, fazem do quesito aliado importante nas pretensões da Saracura.
Outros destaques
O Vai-Vai mostrou que apostará em peso nas alas coreografadas. Em diferentes momentos do ensaio, alas mostravam passos próprios e sincronizados. Em uma delas, componentes caracterizados levemente como Zé Pilintra e Maria Padilha eram cercados de Pretos Velhos, cada um com sua atuação própria, de uma beleza ímpar. A madrinha de bateria chamou atenção com uma fantasia lembrando a fênix, ave mitológica que renasce das cinzas. Com a rainha Verônica Bolani, contribuíram ainda mais para o espetáculo promovido pela bateria Pegada de Macaco, que começou o ensaios discreta, mas passou a apostar com maior frequência nas bossas e paradinhas conforme o samba foi crescendo na Avenida.
A “Escola do Povo” resgata um enredo histórico em mais um momento de superação. Com uma mensagem que remete à sua importância para o carnaval de São Paulo, o Vai-Vai deu uma amostra do que o público vera no domingo de carnaval. Salvo pelos acertos necessários no quesito evolução, em geral a Saracura está disposta a provar o porquê merece estar no Grupo Especial, e tem muitas armas a seu favor para alcançar seu objetivo.