Conselheiro da Beija-Flor de Nilópolis e filho do patrono Anísio Abrão David, o jovem empresário Gabriel David comentou a decisão do prefeito Eduardo Paes de cancelar os desfiles previstos para julho de 2021.

“Acho que é uma decisão super prudente. É claro que a gente tem que prezar pela vida. Fico um pouco chateado pelas escolas não terem sido minimamente ouvidas. De alguma forma jogarem a culpa na gente de que ‘não vai ter tempo para preparar’ ou algo do tipo, sem saber a verdade, mas sei que a Liga foi ouvida pra isso. Enfim, acho que a Liga deve ter os motivos dela pra não querer fazer o carnaval em 2021 e nem tentar isso. Acho que, sim, é um momento de prezar pela vida, acho que como prefeito de uma cidade como o Rio de Janeiro, o Eduardo está certíssimo em estar muito mais preocupado com a saúde e com a vacinação, que são realmente importantes agora do que com carnaval e ao mesmo tempo estar pensando, preparando a cidade e a população para isso, dentro do entendimento dele”.

Segundo Gabriel David, “o carnaval chegou no fundo do poço” e enfrenta o pior cenário da sua história.

“Do ponto de vista comercial, qual o valor comercial que o carnaval realmente tem no mercado pra conseguir fazer algo em 2022? É muito baixo. Qual o potencial da TV Globo de realmente conseguir comercializar essas cotas daqui pra frente, acho que cada vez menor. De novo, acho prudente a decisão do Eduardo, mas acho que talvez a falta de comunicação com todos os envolvidos antes de comunicar isso pode dificultar ainda mais o futuro do carnaval, principalmente, do ponto de vista comercial. Acho que infelizmente, por conta da pandemia também, e da falta de preparo muito grande, tanto da Liga quanto do poder público, nos últimos anos, o carnaval chega, de fato, no fundo do poço. No pior cenário de sua história recente. A Liga não tem qualquer tipo de planejamento para dar uma sobrevida para as escolas e fazer com que as escolas consigam se manter num ano sem carnaval, e, principalmente, essa galera toda que trabalha, que vive de carnaval, vai sofrer”.

O dirigente da Beija-Flor também questionou a falta de opção do carnaval que não tem nenhum nada para substituir os desfiles das escolas de samba.

“Sempre frisava o fato de o carnaval não ter um substituto, ser praticamente impossível você criar um outro carnaval. Uma coisa que vai ficar muito em xeque agora e que provavelmente vai acontecer é o carnaval de São Paulo, que vai rolar, a TV Globo, inclusive, já pagou algumas cotas em São Paulo. A prefeitura e o governo do estado lá tem um apoio e alinhamento bem interessante com a organização do carnaval. A possibilidade até de vacinação em São Paulo está bem mais avançada que a vacinação no Rio, lá em julho, acho isso um grande problema para o futuro do carnaval do Rio. A gente sempre falou o quanto era importante o carnaval de São Paulo também estar em alta, mas nunca imaginei que o carnaval de São Paulo pudesse passar o carnaval do Rio em termos de visibilidade e isso se torna cada vez mais real. Espero que faça algo, se ficar de braços cruzados esperando o carnaval de 2022, não só vai atrapalhar, dificultar ainda mais, mas vai matar muita gente. A Liga tem essa responsabilidade e tem que fazer algo sobre”.

Gabriel acredita que o prefeito Eduardo Paes tenha um plano para solucionar a dificuldade que os profissionais que trabalham no carnaval vão enfrentar com o cancelamento dos desfiles de 2021.

“Acho que ele (Eduardo Paes) já tenha um plano em mente de minimamente, como ele falou em um tweet, não deixar os funcionários do carnaval, os trabalhadores do carnaval desamparados nesse ano. Acho que isso realmente é fundamental porque também não adianta a gente prezar pela vida de algumas pessoas e esquecer das outras. É muito importante saber que ele está pensando nisso. Lá na Beija-Flor, infelizmente, a gente vai ter que fazer o que a gente buscou ao máximo não fazer agora porque estávamos esperando de cara uma receita que viria da TV Globo com os pagamentos das cotas que seriam pagas agora. Sabemos que com dinheiro público mesmo com toda uma estratégia ele vai demorar para chegar e a escola não tem como manter tudo que ela tem feito e arcar com seus funcionários. É triste, é chato ter que falar sobre isso, ainda mais pra mim que tentei ser o mais otimista possível pela festa. A gente vai tentar criar receitas ao longo desse ano, conforme a pandemia for melhorando a vacinação for sendo feita, as coisas forem melhorando. Para o final do ano, tentar criar receitas extraordinárias. Com certeza, vai ser inviável manter o que a escola tinha”.

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