A bateria do Paraíso do Tuiuti fez um ótimo desfile, sob o comando de mestre Marcão. Uma conjunção sonora de altíssimo valor foi exibida, além de paradinhas de impacto musical e plena integração com o samba, sem contar o enredo da escola de São Cristóvão. Com apresentações seguras e comemoradas em paradinhas, o desempenho tem tudo para fazer a “SuperSom” brigar pela pontuação máxima, mesmo abrindo a noite de segunda-feira.
A cozinha da bateria exibiu uma boa afinação das marcações, com destaque pro timbre agudo do surdo de segunda. Marcações de primeira e segunda fizeram um cortejo consistente e equilibrado. Surdos de terceira deram um inegável balanço ao ritmo da escola de São Cristóvão. Os repiques foram sólidos e coesos. Caixas de guerra deram consistência musical, graças a um toque executado de forma equilibrada.
A cabeça da bateria contou com uma execução privilegiada envolvendo as peças leves. Uma ala de chocalhos de altíssima técnica exibiu uma sonoridade de imenso destaque musical, inclusive em bossas. O naipe de tamborins fez um trabalho sólido, utilizando a melodia do samba para consolidar seu desenho rítmico. A ala de cuícas contribuiu com o preenchimento da musicalidade com virtude sonora, dando leveza à parte da frente do ritmo da “SuperSom”.
Uma bossa da cabeça deu profunda pressão ao ritmo, gerando um balanço único, complementado por uma retomada sempre bem realizada, puxada por ritmistas do repique mor.
Na sequência da paradinha, no verso “E nesse encontro entre o rio e o oceano” possui um arranjo remetendo ao Afoxé, numa releitura mais moderna, graças ao swing implementado pelos surdos de terceira. O término da convenção é simplesmente requintado, com o trecho “Ê batuqueiro…” sendo pontuado por um movimento rítmico ousado, em cima da divisão silábica do verso do samba. Uma concepção musical refinada.
O destaque musical entre as paradinhas ficou com a do refrão do meio, consolidando um ritmo dançante e envolvente do Carimbó, conforme pede o próprio samba-enredo do Paraíso do Tuiuti. Se revelou um acerto cultural ao dar à música o que ela solicita, sem contar o grau de complexidade da bossa e dificuldade de execução, sempre bem executada nos três módulos. A finalização envolve uma retomada pautada por um solo dos chocalhos fazendo ritmo, demonstrando ousadia.
Apresentação no primeiro módulo recebeu certa ovação do público, além de uma visível boa receptividade por parte dos julgadores da cabine dupla. Na segunda cabine, outro grande momento da “SuperSom” do Tuiuti, numa apresentação limpa, enxuta e de visível qualidade. A exibição no último módulo foi contagiante, arrancando aplausos de público e jurados. Um ritmo cujo maior acerto foi atrelar a cultura musical paraense à sua sonoridade, conforme pedia o samba. Um grande desfile da bateria do Paraíso do Tuiuti comandada por mestre Marcão.