A bateria da Unidos da Ponte de mestre Branco Ribeiro fez um desfile correto, que poderia ter sido melhor com um andamento mais cadenciado. Tocando de forma acelerada, os arranjos musicais complexos perderam parte da fluidez musical, que permite a integração plena com o samba-enredo da agremiação. A conjunção sonora da “Ritmo Meritiense” exibiu um nível satisfatório, com um casamento musical com certo refino entre as peças leves (tamborins e chocalhos), sem contar uma afinação de surdos acima da média.
A cozinha da bateria da Ponte apresentou uma afinação de surdos de extrema qualidade. Marcadores de primeira e segunda tocaram de forma consistente, enquanto as terceiras auxiliaram dando um balanço envolvente para preencher a sonoridade, tanto no ritmo, quanto em bossa. As caixas de guerra se exibiram com solidez, enquanto repiques foram coesos ao longo do cortejo.
A cabeça da bateria da “Ritmo Meritiense” exibiu um trabalho acima da média. Uma ala de cuícas tocaram com segurança, junto de agogôs que faziam convenção pautada pela melodia. Um naipe de chocalhos de alta qualidade musical tocou de forma atrelada a uma ala de tamborins de técnica apurada. Esse casamento sonoro de tamborins e chocalhos foi o ponto alto entre as peças leves.
Na primeira do samba houve uma virada que permitiu a plena fluência dos naipes, sem contar que o balanço dos surdos adicionou um molho peculiar a bateria da Unidos da Ponte. Assim como o arranjo envolvendo o naipe de caixas na virada para a segunda do samba propiciou um swing envolvente após ser realizado o movimento rítmico ousado.
A paradinha do refrão principal mostrou valor sonoro, além de estar intimamente vinculada ao tema de matriz africana. Inicia
com solo de atabaques no estribilho. Seguindo para uma elaboração musical sofisticada já na cabeça do samba, onde um toque de Candomblé foi percebido em homenagem ao Orixá Omulu, conforme pede o samba da escola de São João de Meriti. Um arranjo musical vinculado ao tema da agremiação, que se aproveitou da pressão dos surdos junto com as batidas de qualidade das caixas.
A bossa do final da segunda tinha um grau de dificuldade de execução considerável, num arranjo marcado pelo impacto sonoro da pressão provocada pelos surdos, que se aproveitavam da variação da melodia da obra para consolidar o ritmo.
A paradinha do refrão do meio tinha um alto grau de complexidade, numa elaboração que indicou bom gosto musical. Nos versos finais da primeira houve um corte seco na palavra “Resistir”, para posteriormente iniciar o arranjo pautado pela pressão dos surdos, junto dos demais naipes numa batida de vertente africana. O vínculo cultural com o enredo e samba da escola foi o ponto alto da constituição da convenção. A “Ritmo Meritiense” aproveitou a bossa para realizar um movimento sincronizado pela pista, sendo bem recebido pelo público. O desafio foi tocar andando enquanto os ritmistas trocavam de posição pela pista, mantendo o ritmo da Ponte inalterado, o que pareceu ter transcorrido de modo correto.
As apresentações nos três módulos ocorreram de forma sólida e segura. As exibições contaram, nas três cabines, com a bossa do refrão do meio que fazia os ritmistas trocarem de lugar com o ritmo acontecendo. Tal movimento causou frisson no público presente na Sapucaí em todas as vezes que foi feito e visualmente parece ter agradado os jurados. Pela pista não houveram problemas a serem relatados nas apresentações para o júri, num desfile qu evidenciou o acerto cultural de atrelar a sonoridade da bateria da Ponte de mestre Branco Ribeiro ao tema africano da escola.