No carnaval de 2022 a Mocidade Independente de Padre Miguel veio para a avenida homenageando Oxossi, o orixá protetor da escola. Na sua bateria, a verde e branca apostou no resgate da própria história e resolveu homenagear sua ancestralidade. A homenagem emocionou a todos que estiveram na avenida, inclusive Carlinhos Brown, que saiu a frente dela ao lado do mestre de bateria Dudu.

“Foi muito bom estar na avenida com essa bateria que traz o toque do agueré. Não podia ser diferente no terreiro de Tia Xica, essa Yalorixá que potencializou a Mocidade Independente, assim como fez tantos outros como Quirino, Miquimba, Mestre André. Estar ao lado do Dudu foi de extrema importância para mim”, respondeu Carlinhos Brown em entrevista a equipe do site CARNAVALESCO.

Carlinhos também chamou atenção para o fato do carnaval de 2022 estar com muitos enredos referentes às ancestralidades pretas do povo brasileiro. A Marquês de Sapucaí se transformou numa enorme macumba.

“Parece que as escolas do Rio se encontram no Orúm e decidiram todas falar da ancestralidade. A Mocidade trouxe Oxóssi para falar da nossa origem em África, para desmistificar um olhar equivocado que se tem sobre nossas crenças”, completou Carlinhos ao site CARNAVALESCO.

Quem também falou sobre a ancestralidade que marca a homenagem da Mocidade, foi o mestre de bateria Dudu. Relembrou de seu pai e outros bambas que marcaram presença na história da Mocidade. Dudu ainda contou ao site CARNAVALESCO sobre a dificuldade de raspar a cabeça de toda a bateria e inclusive a própria.

“Convencer a galera a raspar a cabeça foi mais fácil do que imaginei. Eu também raspei e eu não raspava a cabeça desde 2001. Confesso que me surpreendi, foi tranquilo e agora estamos com uma representatividade incrível”, afirmou mestre Dudu.

“Raspar a cabeça foi um pouco difícil, porque eu tinha muito cabelo, mas como todo mundo topou eu encarei o desafio também. Teve gente que sofreu mais, como meu irmão que tinha um cabelo enorme, mas agora estamos todos nos divertindo com o resultado”, contou o ritmista Caíque que é original de São Paulo e desfila pela primeira vez na Mocidade.

Os ritmistas do carnaval carioca reclamam da pouca valorização do seu trabalho a algum tempo, portanto, a Mocidade que é conhecida pelas suas inovações mais uma vez marcou pontos preciosos ao passar na Avenida exaltando seus próprios ritmistas e mestres. Deixou mestre Dudu e companhia tocados.

“A escola acertou no enredo e um belo samba que nos trouze muito orgulho. Esse ano em especial mexeu muito comigo, porque falamos do meu pai, falamos do Jorjão, do mestre André, então emociona e causa orgulho não só para mim, mas para todos os integrantes da bateria”, afirmou mestre Dudu.

“Sou filho do Wilson Martins, tenho envolvimento com a escola desde cedo, então passei sete anos na Estrelinha e estou a 10 anos na Mocidade. Estar nesse ano que enaltece a história da bateria da escola é muito emocionante para mim”, contou Geovani Martins, que desfilou sete anos pela Estrelinha e chegou ao seu décimo primeiro ano na Mocidade.

Geovani também comentou sobre a fantasia deste ano. Sempre uma das maiores curiosidades do ritmista e motivo de preocupação, pois é necessário que a fantasia não atrapalhe o desempenho da bateria. Realizar algo leve e pouco volumoso, mas que chame atenção do público e jurados é um desafio do carnaval carioca.

“A fantasia ficou linda e não atrapalhou no desempenho na avenida. Esse ano tivemos a questão da careca também, foi difícil raspar, mas todo mundo topou e ficou tudo incrível”, informou Geovani.

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