O presidente da Liga-RJ, Wallace Palhares, conversou com a reportagem do site CARNAVALESCO sobre diversos assuntos relacionados a Série Ouro e ao carnaval do Grupo de Acesso em geral. Ele falou sobre o grande sonho de tornar a Cidade do Samba 2, realidade ainda em sua gestão e nesta gestão do prefeito Eduardo Paes, explicou sobre a venda de ingressos e fez um balanço da administração da Liga que foi criada em 2019, inicialmente como oposição a antiga gestão da Lierj, e a partir de 2021 passou a comandar o carnaval do principal Grupo de Acesso, com a proposta de transmitir às comunidades e ao mundo do samba uma maior transparência e credibilidade. O presidente Wallace Palhares está no cargo desde a criação da Liga, que atualmente tem 15 escolas filiadas.
Qual é o balanço da sua administração?
Wallace Palhares: “O balanço que eu faço da Liga-RJ até aqui é muito positivo. A gente está cumprindo o que a gente sempre propôs, que é a transparência entre as escolas de samba associadas, e também, a questão muito mais social, em que você faz um evento, igual teve aquele da Cidade do Samba, com o público do samba dentro, tendo o público do samba, na verdade, como o seu maior protagonista. Não deixando o público do samba de fora. Também as ações sociais realizadas durante a pandemia. E, a gente espera fazer um belíssimo carnaval, e já com tudo que a gente vem fazendo, com todo o saldo positivo que a gente vem fazendo. A gente acredita que vai ser um ótimo carnaval, contando toda essa experiência”.
Como surgiu a ideia de mudar a Lierj para Liga-RJ?
Wallace Palhares: “Sobre a Lierj, ela, de fato, jamais deixou de existir. A Lierj existe ainda, muito mais trabalhando o lado cultural e social, social que é mais forte. A gente tem a Liga-RJ hoje como o carro chefe para cuidar do carnaval, para a gente fazer um carnaval muito bem feito. E, tem a Lierj, que não deixou de existir, cuidando muito mais do social e do cultural. A Liga-RJ, ela já em um projeto nosso de 2019, quando teve aquele racha com a antiga administração da Lierj, então, nós criamos a marca Liga-RJ, que a gente entende que a Liga é do Rio de Janeiro de fato, não só do município, ela é de todo o Rio de Janeiro. Enquanto você tem escolas dos municípios de São Gonçalo, Niterói, São João de Meriti e Belford Roxo, e, a gente queria uma marca que, de fato, abrangesse todo o Rio de Janeiro. Deixasse de ser uma coisa só municipal, regional daqui. Então, é um nome que sempre agradou a todo mundo, nós levamos a todos os presidentes da época, e todos, estiveram de acordo, e, é um nome que marca bem. Não é um nome que passa batido, é um nome muito bom. A gente julga que é uma marca muito forte para o carnaval, tanto a Liga-RJ, como a própria Série Ouro, que deixa de ser Série A do carnaval. A Série Ouro, até, para poder estar mais de acordo com o que as empresas hoje pedem. A gente visa, na verdade, com tudo isso, buscar dinheiro privado. É a nossa intenção, parcerias, e cada vez crescer mais o carnaval do Rio de Janeiro”.
Qual é o maior desafio hoje de comandar a Série Ouro?
Wallace Palhares: “O maior desafio de hoje se chama Cidade do Samba 2. As escolas precisam de um local. O prefeito Eduardo Paes tem conversado com a gente, até o próprio governador já conversou com a gente sobre esse espaço. Mas, é uma luta incansável, porque não é tão simples. Não é só ter um terreno e entrar. Você precisa ter toda a documentação em relação ao terreno, precisa de licitações. Então, hoje, o nosso maior desafio, chama-se Cidade do Samba 2”.
Cidade do Samba 2 é utopia ou pode ser realidade ainda na gestão do Paes?
Wallace Palhares: “Realidade. O Eduardo Paes é um cara que tem a essência do Rio de Janeiro. Ele consegue ter um raio x de fato do que é cada agremiação de escola de samba, e do que é o carnaval do Rio de Janeiro. Não é só porque ele gosta, mas porque ele entende a cidade do Rio de Janeiro como um todo. É o prefeito certo da cidade certa. Então, a gente encara que ele conhece cada pedacinho, cada dificuldade de cada escola. A gente já vinha conversando, tem um terreno que foi da antiga gestão dele, mas infelizmente esse terreno foi vendido na gestão do Crivella e mais, a gente já tinha até nome que ia ser a Cidade do Samba do Laíla, com o nome do Laíla, que Deus o tenha, mas para você ter uma ideia, a gente já tem até o nome da cidade, mas falta o terreno de fato para que a gente consiga andar da melhor maneira. Nós temos, na verdade, assim, quatro terrenos já em vista, estão passando por todo aquele processo de certidões, de como vai ser feito, mas a luta não parou, ela não para nunca, em nenhum momento a gente descansa dessa pauta que é a Cidade do Samba 2. A gente sempre pede que sejam próximos da Sapucaí, até porque, por conta do transporte de alegorias, já são escolas que já tem bastante dificuldade em fazer seu carnaval, então, quanto mais perto, tem dificuldade sempre no transporte de alegorias. A gente necessita que seja próximo, mas se for um pouco distante, e tiver pelo menos uma via segura de que a gente consiga levar e trazer de volta essas alegorias sem criar muito dano, a gente está topando qualquer negócio”.
Após quatro anos de sufoco, a Prefeitura com o Paes vai apoiar a Série Ouro? Como está essa relação com a Riotur?
Wallace Palhares: “A Riotur, não é só uma grande parceira. Virou de fato a segunda sede da Liga-RJ. Porque tudo é tratado lá com muito carinho, com muita atenção. A presidente Daniela (Maia), tanto o Bruno Mattos (vice-presidente Riotur), o Rafael (Bandeira), diretor de operações, todo o pessoal da Riotur tem atenção toda voltada, até, assim, assuntos que a gente julga que pode ser mais próximo do carnaval, se antecipa. Sempre buscando soluções para gente. A Riotur é uma grande parceira, diferente do que era a antiga Riotur, em que a gente mal podia chegar. Até porque, eu fui presidente do Sossego, teve aquele episódio da escultura com a cara do diabo, eu já não era muito bem-vindo. Então, agora, com essa nova Riotur, é uma gestão maravilhosa, a gente só tem que agradecer por tudo que eles fazem pela gente lá”.
E o governador Cláudio Castro terá apoio estadual no Acesso?
Wallace Palhares: “Tem muito apoio estadual. É um outro assunto delicado. Porque no nosso último carnaval, nós levamos uma faixa falando que a Série A precisava também de atenção. Porque só havia subsídio para o Especial. E o Cláudio (Castro) quando ocupou, ele já entendeu dessa maneira, ele entende que essa ajuda deve ser para o carnaval inteiro, que não existe carnaval só no Grupo Especial, e já nos chamou para conversar, já está buscando soluções, o Cláudio também é um grande parceiro do carnaval. Você pode ter certeza, se tiver alguma manifestação, essa manifestação vai ser a favor do Cláudio Castro, não contra”.
Ensaios técnicos no Sambódromo haverá Série Ouro? E qual a previsão de começar?
Wallace Palhares: “Os ensaios técnicos estão confirmados, tendo do Especial, terá da Série Ouro. A gente só precisa de alguns ajustes, que foi pedido por parte do prefeito, então, nesse momento a gente está se resguardando de qualquer nova informação, de calendários e tudo mais, porque a gente está esperando, na verdade, essa iniciativa, vindo da prefeitura. Todas as escolas irão participar. Mas, a princípio, são cinco finais de semana e a gente vai adaptando conforme a necessidade também em que a Riotur e a prefeitura nos passarem”.
Alguma mudança de regulamento em 2022? Sem tripé, quantos carros e o que mais?
Wallace Palhares: “Vamos ter o máximo de três carros, e dois tripés. Um pode ser da comissão de frente, elemento cenográfico, o outro pode ser no meio do desfile, onde a escola preferir. Lógico, a gente quer crescer o carnaval, mas para poder crescer o carnaval, neste momento a gente precisa reparar as dívidas do passado. Não foram poucas dívidas. São muitas dívidas devido a essa gestão desastrosa do Crivella e a pandemia que arrasou muito. Ficamos aí um período sem carnaval, as escolas acumularam bastante dívidas. Neste momento, são três alegorias para cada escola, com dois tripés. É só esse momento de a gente poder reparar, buscar um pouquinho de fôlego e poder voltar com o que era, quatro carros, sendo um acoplado e tudo mais”.
Rebaixamento caem quantas e sobem quantas da Série Prata?
Wallace Palhares: “Caem duas e sobem duas da Série Prata. Lembrando que, a nossa parceria é sempre com a Série Prata. São Ligas independentes, na verdade, nós convidamos, nós temos em forma de convite, duas escolas da Série Prata, assim como a Liesa convida uma nossa para poder estar no Grupo Especial, nós convidamos duas da Série Prata, a fazer parte das associadas no próximo carnaval de 2023”.
O lado da concentração vai mudar será o mesmo para todas ou segue o modelo tradicional de Balança e Correios?
Wallace Palhares: “Foi aprovado em plenário, mas no momento não temos tempo para mudar porque precisa de um estudo maior, não por parte das escolas, agora esse estudo maior fica por conta da CET-Rio e dos órgãos da Prefeitura. A gente precisa alinhar ainda algumas coisas, mas nesse carnaval, por estar muito em cima, vai ser mantido o tradicional mesmo, mesmo tendo a votação com a maioria decidindo que fosse um lado de alegorias e um lado de desfilantes, mas esse ano, continua tudo ainda normal”.
Qual horário de início dos desfiles na quarta e quinta?
Wallace Palhares: “Nós estamos conversando com a Globo, devido a esse adiamento, algumas coisas mexeram, principalmente, na programação da TV. Lembrando que no segundo dia do nosso desfile é a final do Big Brother, a gente está ajustando algumas coisas com a Globo para lançar esse horário com tudo certinho para que não tenha nem prejuízo para a Liga-Rj, nem para a Globo que é nossa grande parceira”.
Globo vai seguir transmitindo as primeiras após a última de cada dia?
Wallace Palhares: “Com esse adiamento, a gente, lógico, vai ter que mexer um pouco, mas a princípio continua tudo da mesma maneira. Lógico, tem a final do Big Brother que pode atrasar um pouco. Mas, a princípio, continua tudo da mesma maneira. E, só vai ajustar uma coisinha ou outra, mas os horários continuam os mesmos”.
Como fica com o BBB tendo a final na quinta-feira?
Wallace Palhares: “Há uma conversa sobre esse assunto, a final é no segundo dia do nosso desfile, a gente está conversando com a Globo. Nada é de qualquer maneira, a gente precisa desses ajustes justamente para poder ser bom para todo mundo. Uma parceria é boa quando é boa para ambos. Tem que ser bom para os dois lados”.
Apuração na terça após o Grupo Especial?
Wallace Palhares: “Isso, apuração é como se fosse na quarta-feira de cinzas, só que vai ser na terça”.
Qual seu sonho hoje para a Série Ouro?
Wallace Palhares: “O meu sonho é ter as escolas todas estruturadas, tendo seus barracões dignos, e onde a gente tenha mais valor e receber uma subvenção mais digna. Lógico, o prefeito Eduardo Paes melhorou bastante, já que a gente não tinha nada. Ele veio com uma subvenção muito boa. Mas, a gente sempre procura melhorar, e eu quero, e o meu maior sonho, é quando eu deixar essa cadeira, ter as escolas mais estruturadas, tendo seus barracões dignos, com a Cidade do Samba 2 e que eu deixe um legado de tudo isso”.
Qual o balanço da festa de lançamento dos sambas? Fica para sempre no calendário anual?
Wallace Palhares: “Vai ser um calendário anual. A festa foi um sucesso muito grande, lógico, a gente vai ter que reparar uma coisinha ou outra, que é normal, foi a primeira. Mas, tivemos um balanço muito positivo, eu vou ser sincero, eu ri do início ao fim de felicidade, era um momento de retorno também, as escolas se encontrando, um momento de congraçamento, mas a gente vai manter esse calendário anual, a gente sempre vai procurar melhorar, vai ter uma melhora, uma coisinha ou outra, mas vai ser anualmente sim. E, nós vamos sempre tentar privilegiar o sambista, uma festa para o sambista, tanto é que as pulseiras dos desfilantes, eu fiz questão de ter o nome de artista, que na verdade, o maior artista da escola de samba, os maiores na verdade, são os próprios desfilantes. Sem eles, as comunidades, as escolas de samba, não são nada. A gente vai sempre priorizar e valorizar os componentes dessas escolas”.
Quando será o anúncio dos contemplados das frisas? Quando será a venda de arquibancadas?
Wallace Palhares: “Esse assunto de frisas é um pouco complicado porque ele é feito na central de vendas Liesa. Às vezes, as pessoas ligam para a gente para reclamar. Mas, as pessoas precisam entender que nós jogamos no campo da Liesa, a Sapucaí é cedida pela Liesa, que cede o espaço para que a gente faça o nosso desfile. Eles fazem também a venda dos nossos ingressos, tudo em comum acordo, é uma grande parceria, eu não reclamo nunca, eles têm toda uma estrutura de desfile, de vendas de ingresso. A Liesa já está vendo toda a estrutura, são novos ingressos, teve que refazer toda a questão gráfica para poder vender com as datas certinhas. A lista de contemplados sai agora em março e as vendas também começam em março a todo vapor. Arquibancadas também”.
Por fim, o que esperar dos desfiles de 2022?
Wallace Palhares: “Olha, por tudo que eu estou vendo em barracões já das escolas da Série Ouro, a gente vai ter um belíssimo desfile, a gente vai voltar ao tempo de grandes, grandes que eu estou falando de volume, de carros e tudo mais, dos grandes desfiles da Série Ouro. A gente vai ter escolas que as pessoas não estão esperando brigando pelo título. Vai ser uma disputa muito acirrada, e vai ser um carnaval da vida, porque as pessoas vão estar se reencontrando, as pessoas que sobreviveram a tudo isso, e a toda essa maluquice, vão estar se reencontrando, e vai ser um carnaval, eu acho que vai ser o maior carnaval de todos os tempos, eu acho que vai ter motivo para sorrir de felicidade, chorar de felicidade também”.