Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins
A Dragões da Real realizou o seu primeiro ensaio técnico visando o Carnaval 2024. Foi realmente uma grande apresentação. O destaque principal foi a harmonia da escola. Os componentes da agremiação da Vila Anastácio deram a vida no canto e tiveram um desempenho para lá de satisfatório, muito também por responderem perfeitamente os apagões feitos pela bateria “Ritmo que Incendeia”, de mestre Klemen. Outros quesitos que ficaram em evidência, foram mestre-sala e porta-bandeira e evolução. Elegância pura de Rubens e Janny e bela compactação entre as alas da Dragões da Real. Com o enredo “África – Uma constelação de Reis e Rainhas”, a ‘comunidade de gente feliz’ será a terceira a desfilar na sexta-feira de carnaval.
“Para o nosso primeiro ensaio geral me surpreendeu as expectativas. Eu costumo dizer que a Dragões tem feito ao longo de muitos anos, bons ensaios técnicos. Hoje acho que a gente elevou isso, estamos um degrau acima, acho que a comunidade está engajada, entendeu o recado. Entendeu para que serve esse ensaio, antes de mais nada para elevar a energia pessoal da nossa comunidade, é trazer a gana de vencer para eles. Está aprovado aqui, depois da faixa amarela que é essa família toda feliz, sorrindo e alegre e é isso”, disse o diretor de carnaval, Márcio Santana.
Comissão de frente
A comissão, que é comandada por Ricardo Negreiros, teve uma dança bem complexa com um grande elemento alegórico. Havia um personagem principal com um cajado, onde ele ficava circulando o tempo todo pelos demais componentes, sendo no chão ou em cima do tripé.
Tinha um momento chave onde os integrantes rodeavam esse personagem principal e ele subia em uma espécie de queijo. Este elemento subia sozinho. Dava um ar de superioridade ao homem que estava representando essa pessoa. Como o enredo se trata de reis e rainhas, suponha-se que se trata de uma espécie de coroação ao rei ou louvação à divindade.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Rubens de Castro e Janny Moreno, provaram porque gabaritaram o quesito no último carnaval. É impressionante a elegância que os dois formam juntos. Janny toma o pavilhão para si como nunca, defende e mostra sua experiência. Até parece que está desfilando no quintal de casa, tamanha experiência que mostra. O Rubens mostrou lindos passos de mestre-sala, sambou, fez a coreografia corretamente junto a porta-bandeira e os movimentos foram totalmente sincronizados. É um ensaio para ficar na história da dupla, que está indo para o segundo ano juntos, ostentando o pavilhão tricolor.
“A dança deu uma repaginada, estava comentando com um grupo de jornalistas, que fazia 21 anos que eu não dançava afro. Em 2003 havia sido a última vez afro e foi a primeira vez que fui primeiro (mestre-sala). É muito número, agora falando sério, a nossa dança vamos trazer uma ancestralidade, vamos fazer os movimentos, foi difícil pegar, a Janny vem de escola mais tradicional que tem essa pegada e dançou mais afro, passou muita coisa”, declarou o mestre-sala
“Foi bem bacana, estreia tivemos uma desenvoltura bem legal, mas sempre tem o que melhorar. Com essas mudanças também que teve, temos algumas coisinhas para acertar, mas está tudo sob controle, graças a Deus”, completou a porta-bandeira.
Harmonia
Foi o principal destaque da escola. O canto da Dragões da Real foi impressionante. É fruto de um trabalho de anos, mas vai além disso. A agremiação vem com um enredo afro pela primeira vez. Consequentemente, vem samba com palavras diferentes, como o refrão do meio. Mas já pegou totalmente na comunidade. A parte mais cantada é o último verso: “Coragem, resistência, comunidade… Africanidade!” – Principalmente a última palavra, onde era gritada para embalar no refrão principal.
Vale destacar que muitas escolas têm problemas com carro de som e bossas juntamente às alas. O fato de voltar no tempo certo. Contudo, a Dragões da Real acertou em cheio todas as vezes que executou os apagões. Os componentes voltaram no tempo correto, sem atravessar uns aos outros. É um ponto bastante positivo.
Todas as alas tiveram uma harmonia forte, mas vale destacar ‘Avalanche da Real’ e outro grupo que é formado pelas alas ‘Tamo Junto’ e ‘Zona Sul’.
Evolução
Juntamente com o intenso canto, a evolução chegou junto. Os componentes se movimentavam rapidamente de um lado para o outro. Exceto as alas coreografadas, não tinha nenhum tipo de coreografia padrão nas comerciais. Apenas ficaram livres para evoluir.
A compactação é algo que chama a atenção na Dragões da Real. Se for parar para ver em uma visão ampla, é um ‘mar de alas’, pois dificilmente se vê espaçamentos. É tudo preenchido, o que dá um contraste visivelmente belo.
Samba-enredo
O carro de som comandado por Renê Sobral teve uma atuação satisfatória. É perceptível que o intuito da ala musical é deixar o samba correr e a comunidade cantar, que por sinal teve grande desempenho junto aos atuantes nos microfones. Isso é visto quando o cantor não executou tantos cacos. Deixou seguir o andamento junto com a bateria.
“Eu estou em êxtase, porque foi o primeiro ensaio. Eu estava muito confiante no canto da escola devido aos ensaios de quadra e rua. Estou muito feliz que a comunidade correspondeu. O samba correspondeu, a bateria deu um show, foi um ensaio maravilhoso”, contou o intérprete Renê Sobral.
De acordo com o cantor, o entrosamento com o mestre Klemen está da melhor maneira possível. “Casou 100%. Eu respeito a bateria dele e ele respeita a nossa ala musical. Nós temos um entrosamento de equipe. Tudo que a gente for fazer, tem que ser conversado. Todo trabalho é feito em conjunto. Tudo que ele faz, me consulta e tudo que eu faço eu o consulto. Se tem algo que incomoda, a gente senta e conversa para achar um termo que fica legal para a escola”.
Outros destaques
A bateria “Ritmo que Incendeia”, regida por mestre Klemen, teve um desempenho muito satisfatório. O músico está indo para o seu segundo ano na agremiação e dá para dizer que este ensaio foi o melhor que a batucada teve em seu comando. Bossas e apagões perfeitamente executados.
“Como todos os anos, temos coisas a serem acertadas como em qualquer ensaio técnico e na quadra também. Gostei muito da energia e sinergia. Pessoal se entregou mesmo para esse ensaio com cara de desfile. Mas a gente sempre tem coisas para arrumar e vamos fazer isso”, comentou o mestre Klemen.
De acordo com o músico, os ‘apagões’ serão feitos quantas vezes ele quiser no dia do desfile. “O presidente Tomate me deu total liberdade para fazer quando eu quiser no meu ‘feeling’ de desfile. Se eu tiver que fazer 30 vezes na avenida, vai ajudar muito na evolução e harmonia da escola. A gente quer fazer um desfile solto e jogando para a escola”, completou.
Mais Destaques
– Muitas alas com adereços de mão;
– Um belo tripé foi levado, onde Simone Sampaio foi à frente dele;
– A corte de bateria foi bem vestida, com destaque para a rainha de bateria Karine Grum, que sambou muito no pé;
– O carnavalesco Jorge Freitas foi atuante o tempo todo. Em vista no setor C, ele estava na ala das crianças, que ficou na marcação de uma das alegorias. O artista estava animando os componentes a todo instante;
– Presidente Renato Remondini (Tomate) também incentivando a comunidade a cantar.