A Vila Isabel foi a terceira escola a desfilar na última noite do Grupo Especial na Sapucaí. O desfile foi marcado por muita emoção e descontração por parte dos integrantes. Além disso, a Azul e Branco se destacou por sua comissão de frente, no casal de mestre-sala e porta-bandeira e na estética do desfile. O intérprete Rafael Tinguinha, filho de Tinga, chegou à Apoteose em lágrimas de alegria e gratidão pelo desfile.
“Estou aqui chorando até agora, porque foi muito emocionante. A gente esperava dar emoção de desfilar com esse samba com esse enredo. Para quem é Vila Isabel, para quem tem um coração azul e branco, é uma emoção enorme. E também a situação do meu pai, que ficou passando mal antes. Agora é um alívio saber que a gente passou bem. Essa sensação é muito boa, graças a Deus”.
A dupla de coreógrafos Alex Neoral e Márcio Jaú, responsáveis pela comissão de frente da Unidos de Vila Isabel em 2024, apresentaram uma arte muito profunda e interessante. Ao mesmo tempo que simples, sem muitas novidades tecnológicas, encantou o público. Só por parecer simples, não quer dizer que é, a comissão contou com cerca de 30 pessoas envolvidas na preparação e execução dessa comissão de frente, demonstrando o cuidado e a dedicação dos coreógrafos e dos integrantes. Na frente dos jurados, a princípio, deu tudo certo. Para além da nota e da coreografia, o objetivo da comissão foi outro de acordo com os coreógrafos.
“A gente usou a pureza das crianças, essa mensagem que é o enredo. Que são elas que vão salvar o mundo. Então elas aparecem de uma forma tão lúdica. Eu acho que talvez seja esse o trunfo dessa comissão. É não ter drone, não ter gente flutuando, não ter gente voando. É essa a comissão. Inocência que a gente perde, que a gente quer resgatar”.
O enredo “Gbalá – Viagem ao Templo da Criação”, uma reedição do desfile histórico de 1993, abordou a importância das crianças para um mundo melhor, remetendo a criação do mundo de acordo com a ótica das religiões de matriz africana. Em 2024, com o carnavalesco Paulo Barros, a Vila explorou bastante a parte estética. Com carros de esculturas, telão e diversas representações, o artista é conhecido por gostar de fazer grandes alegorias e únicas. Em 2023, o Paulo Barros produziu uma alegoria representando Seu Jorge, toda espelhada, que depois se tornou “famosa” no mundo do samba e foi exposta na Cidade do Samba.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira composto por Marcinho Siqueira e Cris Caldas é reconhecido pela sua elegância e presença marcante na Sapucaí. A inovação nos últimos anos tem se tornado sobrenome do casal, em 2023, trocando de roupa nas cabines de jurados, em 2024, eles trouxeram uma novidade para o desfile ao incorporar as microlâmpadas em suas fantasias.
“É uma novidade. Estou carregando exatamente quatro microlâmpadas, não tá uma roupa leve, mas eu espero que eu tenha feito o melhor, eu trabalhei para fazer o melhor, com certeza”, afirmou a porta-bandeira.
O sentimento de trabalhar o ano todo para o único momento e dia do desfile é emocionante e dá muita ansiedade. Ela comenta que está emocionada a semana toda. “Eu estava doida pra sentir a energia que a gente sentiu no ano passado. Eu acho que foi bem aceito e bem recebido o projeto”.
Neste ano em especial também houve uma homenagem a Martinho da Vila, que desfilou no último carro da agremiação. Compositor do samba-enredo da Vila completou 86 anos, e no aquecimento da Azul e Branca recebeu parabéns estonteante.