Cria da Vila e um dos grandes nomes dos carnavais do Rio de Janeiro e de São Paulo, o intérprete Tinga, com apoio da comunidade, promete entoar o Evoé na Marquês de Sapucaí e assim entregar um bonito desfile da Vila Isabel. Na série “Entrevistão” do CARNAVALESCO, o cantor falou sobre sua carreira, a importância da Vila Isabel para ele, as referências que possui no mundo do samba, além da expectativa para o carnaval deste ano.

vilaisabel minidesfile23 27
Foto: Nelson Malfacini/site CARNAVALESCO

Após tantas carnavais, qual o balanço que você faz da sua carreira? 

Tinga: “É maravilhoso. Eu sempre procuro fazer o meu melhor. Sempre ajudar a nossa escola e chegar ao nosso objetivo que é sempre ser campeão do carnaval. O meu balanço é esse: sempre dando o meu melhor”.

Qual o seu desfile inesquecível? 

Tinga: “Tenho muitos (risos). Para citar um fica até difícil, mas posso dizer que foi o de 2013, que a Vila Isabel foi campeã do carnaval. Foi um desfile muito lindo, a escola feliz, cantando muito forte e bonito. Graças a Deus, a Vila foi campeã do carnaval – e com um samba maravilhoso. Esse é inesquecível”.

Tem algum desfile que prefere não lembrar muito?

Tinga: “Não. Na verdade, todos os carnavais, para mim, foram muito bonitos e lindos. Até mesmo os que tiveram alguma dificuldade, porque sempre é um aprendizado. É tudo sempre maravilhoso”.

vilaisabel minidesfile23 30

No desfile de 2017, na Tijuca, você foi fundamental para segurar a comunidade no momento do acidente com a alegoria. O que passou na sua cabeça naquele momento?

Tinga: “Foi justamente isso. 2017 foi uma dificuldade muito grande. Eu procurei sempre ajudar a escola e motivar para que ela não desistisse do desfile. Muita gente já estava chorando, andando, e eu pensei: ‘tenho que fazer alguma coisa aqui para poder mudar essa história’. Graças a Deus a gente conseguiu motivar a escola de novo. A escola continuou, terminamos o nosso desfile e a Tijuca continuou no Grupo Especial – essa era a nossa intenção. Foi maravilhoso. Foi um trabalho muito grande feito pelo presidente Fernando Horta, na época, e eu só lembrava dele, por todo esforço para fazer aquele carnaval. Eu tinha quase certeza que se a Tijuca terminasse o desfile, ela seria a campeã daquele ano. Mas é assim, carnaval é desse jeito: na Avenida”.

Qual seu samba preferido da Vila Isabel?

Tinga: “Angola (2012), com certeza. Angola é um samba sensacional e o samba de 2013, maravilhoso também. Angola e o samba de 2013 são dois sambas realmente muito bonitos”.

Quais são suas referências como intérprete?

Tinga: “Minhas referências como intérpretes são os antigos: Nosso querido falecido Dominguinhos do Estácio, o querido Jamelão. Eles são as minhas maiores referências na área”.

Qual o segredo que a Vila Isabel tem em ter formado você e o mestre Macaco Branco, dois pilares da escola?

Tinga: “A gente começou muito cedo no Herdeiros da Vila, nossa escola mirim. Cantei com o Gera, assim como o Macaco Branco tocou com o mestre Mug. A Vila Isabel, a gente costuma dizer que é uma família – todo mundo ali. Eu conheço todos ali – todos os ritmistas, conheço todas as baianas – todos que estão lá a gente conhece, porque estamos ali desde sempre. Todos os garotos que são da bateria eram da minha época também. Somos todos uma família”.

São dez anos sem título da Vila Isabel. O que está faltando?

Tinga: “Só está faltando ganhar (risos). Acho que a Vila faz sempre um carnaval muito bonito e acredito que já mereceu ganhar em algumas vezes, como no ano de 2019, com Petrópolis, em que a Vila fez um carnaval muito bonito. 2022 também. Claro, não tirando o mérito da Grande Rio, que acredito que a Grande Rio é a merecedora desse título, mas a Vila também fez um grande carnaval. É isso: fazer o nosso melhor sempre e esperar o resultado”.

O ‘evoé’ pegou? Qual o segredo para levantar o samba?

Tinga: “O samba é alegre demais. É um samba maravilhoso. Eu costumo dizer que o samba tem que ser feito com o desfile. Não adianta: ‘ah, o samba é bonito’. O samba tem que acontecer para ajudar a escola, e esse samba da Vila ajuda a escola e a comunidade. Ela está feliz com ele e dá para perceber. A escola canta forte, vibra e evolui bastante. Acho que isso é o importante, porque o samba é para aquele momento. Às vezes o samba é muito bonito, mas ele não ‘acontece’ na avenida. Eu tenho certeza que o samba da Vila vai ‘acontecer’ na Avenida, porque é favorável ao enredo e a escola, que está feliz demais com o samba”.

O ‘abraço da comunidade’ foi fundamental para o samba vencer a disputa e ser impulsionado nos ensaios?

Tinga: “A comunidade tem que ser sempre exaltada. Eles que vão para a Avenida, eles que vão cantar e vibrar. É o que acontece quando escolhem um samba que eles gostam. Eles estão cantando o samba que escolheram. Isso é muito importante, porque eles vão chegar na Avenida e darão o resultado. Evoé vamos com tudo!”