A São Clemente escolheu o samba-enredo na madrugada deste sábado que irá embalar seu desfile em 2023 na Série Ouro, na busca de um retorno ao Grupo Especial, no qual esteve nos últimos doze anos. Com um irreverente refrão, a parceria encabeçada Marcelo Adnet se sagrou vencedora. Além do ator e humorista, a parceria é formada por André Carvalho, Gustavo Albuquerque, Pedro Machado, Fabiano Paiva, Luizinho do Méier, Gabriel Machado, Baby do Cavaco e Hamilton Fofão. Última escola a desfilar na primeira noite de desfiles da Série Ouro, a São Clemente vai apresentar o enredo “O Achamento do Velho Mundo”, desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Silveira. * OUÇA AQUI O SAMBA-ENREDO DA SÃO CLEMENTE
Campeão pela segunda vez na escola, o ator e humorista Marcelo Adnet estava bastante emocionado após o anúncio do samba vencedor. Ao site CARNAVALESCO, Marcelo ressaltou seu amor pela São Clemente, sua “escola do coração”.
“É a escola do meu coração, da minha comunidade, da minha vida. Eu amo essa escola, a mais irreverente do mundo. Estou muito feliz de mais uma vez ter a responsabilidade de representar a minha escola do coração. Te amo, São Clemente. A minha parte favorita é “Se a maré ajudar, são treze canoas no mar”. Vamos remar, meu povo”, disse.
Também campeão no carnaval de 2018, o compositor Fabiano Paiva abordou o momento pelo qual passa a São Clemente, que foi rebaixada no último carnaval após 12 anos no Grupo Especial. Para ele, a irreverência do samba de sua autoria é um trunfo da escola na busca pelo retorno à elite do carnaval carioca.
‘O sentimento é maravilhoso, pois é um momento difícil da escola, ela caiu e vai subir de alma leve e corpo quente. O carnaval merece a São Clemente no Grupo Especial. O nosso refrão principal, ‘de alma leve e coração quente, é carioca, é São Clemente’, a gente mostra a doçura, a leveza e a irreverência da São Clemente. Nós somos a última escola a desfilar, precisamos de alegria, animação, ousadia e irreverência, que é a marca da São Clemente”, comentou Fabiano Paiva.
De volta pra casa, Jorge Teixeira explica a ‘cara’ da São Clemente
Após um carnaval dedicado exclusivamente ao carnaval de São Paulo, na Dragões da Real, o carnavalesco Jorge Teixeira está de volta à folia carioca e à São Clemente, escola que o projetou no Grupo Especial do Rio de Janeiro. Em entrevista ao CARNAVALESCO, Jorge abordou o sentimento de retornar a escola da Zona Sul.
“Estou muito feliz porque eu sou do Rio de Janeiro, moro aqui e fiquei só esse último ano fazendo exclusivamente o carnaval de São Paulo. Também estou feliz de retornar para um ambiente que eu já tenho controle, a São Clemente é uma casa para mim, um local que me deu oportunidade no Grupo Especial a partir de 2018. Retornar é a sensação de voltar para casa na São Clemente”,disse.
Após os carnavais realizados na escola, Jorge Teixeira ficou marcado no mundo do samba por entender as características da São Clemente. Segundo muitos, o carnavalesco é a ‘cara’ da Preto e Amarelo. Para ele, a principal característica da escola da Zona Sul é ser carioca, como todas as peculiaridades da cidade do Rio de Janeiro.
“A cara da São Clemente é essencialmente carioca e isso significa diversão, espontaneidade, leveza e bom humor. É uma escola que nasce na praia de Botafogo em meio ao futebol, em meio a tudo que significa ser carioca, no melhor do espírito despojado e descontraído de ser carioca. É uma escola que desfila quase que descompromissada, é um compromisso descompromissado. O que eu fiz foi entender isso, que a São Clemente se sente feliz desfilando leve e divertida. Quando o carnavalesco entende o espírito da escola, as coisas tendem a se encaixar”, afirmou Jorge Teixeira.
Após doze anos consecutivos no Grupo Especial, a São Clemente retorna à Série Ouro, com o desafio de conquistar a única vaga para retornar à elite do carnaval. Segundo o carnavalesco da escola, Jorge Teixeira, a organização da Preto e Amarelo é um trunfo nessa disputa tão acirrada.
“O desafio é grande, a gente sabe que o grupo é muito competitivo, mas eu tenho muita tranquilidade que a São Clemente, apesar de ter voltado agora ao acesso, é das escolas que ainda tem consigo a infraestrutura do Grupo Especial, com um sistema de organização com uma lógica de trabalho muito eficiente. Inclusive, a gente já tem protótipo pronto, comecei o barracão, a forma de trabalhar da São Clemente é muito correta e organizada e eu vou usar isso em favor nessa disputa”, concluiu.
Renatinho Gomes espera mais um grande carnaval da São Clemente e comenta ‘injustiça’ da saída da Cidade do Samba
Durante todos os últimos doze anos que a São Clemente esteve na elite do carnaval carioca, a escola esteve sob comando de Renato Almeida Gomes, que agora tem o desafio de brigar por uma única vaga no Grupo Especial. Em entrevista ao CARNAVALESCO, Renatinho, como é conhecido, comentou sobre a queda da escola e o desafio da Série Ouro.
“A São Clemente está com um know how grande porque foram 12 anos direto no Grupo Especial, estamos vindo com uma estrutura muito grande e vamos fazer um grande desfile, essa é a nossa vontade. É um desafio, dói muito, ninguém quer descer. Eu gostei muito de ficar no Grupo Especial, não estou me desfazendo da Série Ouro, que é um grupo de escolas fortíssimas, mas eu já estou fazendo um carnaval, com os protótipos já todos prontos, e com muita vontade de que seja um grande desfile”, afirmou.
Além da diminuição nas subvenções, a São Clemente teve que superar outro desafio após o descenso. Por decisão da Liesa, as escolas rebaixadas tiveram que desocupar imediatamente os barracões da Cidade do Samba. O presidente Renatinho comentou a decisão, a qual considerou uma ‘injustiça’.
“Tivemos que sair da Cidade do Samba, mas, na verdade, sempre que uma escola descia, ficavam um ano lá, como Estácio ficou, a Ilha também e me mandaram descer de imediato. Não vou chiar, não sou dono do mundo, mas não achei justo. Desci e fiz a mudança. Antigamente existia até uma ajuda de custo para quem descesse, agora não teve nada. A São Clemente está aí, firme”, disse Renato Almeida Gomes.
Irmão de Renatinho, Roberto Gomes, diretor da escola, também comentou sobre o desafio de estar de volta à Série Ouro do carnaval carioca. Para ele, a São Clemente entrará forte na briga pelo título, como se acostumou a fazer nos grupos de acesso. “O que vocês podem esperar da São Clemente é uma escola super preparada, que desceu do Grupo Especial após 12 anos fazendo grandes desfiles e não vai deixar a desejar. É um enredo irreverente, sátiro, crítico e a escola estará muito alegre e colorida para impactar quando entrar na Marquês de Sapucaí. A São Clemente entra sempre para ser campeã no grupo de acesso e esse é o nosso objetivo para esse carnaval”, afirmou.
Mestre Caliquinho aborda tamanho da fantasia do carnaval de 2022
Rumo ao seu décimo terceiro ano no comando da Fiel Bateria, mestre Caliquinho, em entrevista ao CARNAVALESCO, fez um balanço do desempenho de seus comandados no carnaval de 2022. Segundo ele, os ritmistas foram atrapalhados pelo tamanho da fantasia, que representava Dona Hermínia, personagem do homenageado Paulo Gustavo nos cinemas.
“No último desfile, eu até conversei com o presidente, a roupa veio muito grande, viemos de Dona Hermínia e isso abafou um pouco o som. Porém, a Fiel Bateria soube fazer um ritmo, em uma boa cadência, não correu e nós vamos procurar ver os detalhes do que aconteceu para consertar para 2023”, comentou Caliquinho.
Após avaliar o desempenho do último carnaval, mestre Caliquinho projetou os trabalhos para o desfile de 2023. “Esse enredo permite várias coisas em termos de bossas, já estamos elaborando diversas coisas com a diretoria, a molecada que começou comigo na comunidade do Santa Marta e hoje já estão maiores de idade. Vamos inventar muitas coisas de acordo com a melodia do samba escolhido”.
Leozinho Nunes rumo a mais um carnaval na São Clemente
Renovado para o carnaval de 2023, o intérprete Leozinho Nunes deu um verdadeiro show na final de samba da São Clemente. O cantor fez uma avaliação do último carnaval e projetou como espera a escola em 2023.
“Nós tentamos fazer o melhor desempenho possível, mas, infelizmente, erros acontecem e temos que estar preparados para tudo que vai acontecer. Agora nós vamos tentar voltar ao nosso devido lugar, se Deus quiser. Podem esperar uma São Clemente renovada e irreverente, todo mundo vai brincar com a gente. O samba da São Clemente tem que ter alegria, irreverência, bem carioca e bem povão”, disse Leozinho.
Alex Marcelino e Raphaela Caboclo farão estreia pela São Clemente em 2023
Após um período afastados da Marquês de Sapucaí, o casal de mestre-sala e porta-bandeira Alex Marcelino e Raphael Caboclo voltam a dançar juntos na São Clemente. Já no ritmo dos ensaios, o casal comentou sobre o sentimento do retorno e a fantasia para o carnaval de 2023.
“É uma felicidade extrema porque ficamos sem fazer o que a gente mais gosta que é dançar e agora, poder voltar a fazer o que a gente ama aqui na São Clemente onde fomos muito bem recebidos, tanto pela diretoria quanto pela família e os componentes. A fantasia está belíssima, o Jorge é um querido, um excelente profissional e conseguiu alinhar o enredo com as nossas expectativas e funcionalidade da roupa. A roupa já está em andamento, viemos hoje, inclusive, do atelier e agora é aguardar que vocês terão uma belíssima surpresa. Os ensaios já começaram e vocês podem aguardar a São Clemente”, disse Raphaela.
“Foi difícil passar esse tempo fora, é difícil estar do outro lado, mas estamos muito felizes de a São Clemente ter aberto as portas para gente e agora, é só dançar e se preparar bastante porque o carnaval tá aí. Hoje nós tiramos as medidas da fantasia e o figurino é de emocionar, é muito bonito”, concluiu Alex.
Abertura da final
A grande final de samba da São Clemente começou pela apresentação da Fiel Bateria de mestre Dinho. Durante o tradicional show, a escola apresentou seus sambas históricos sobre a voz de Leozinho Nunes e do carro de som. A festa contou com apresentação de passistas, agora comandados pela ex-rainha de bateria da escola, Bruna Gomes e dois casais de mestre-sala e porta-bandeira da Preta e Amarela da Zona Sul. Dentre os sambas cantados, destacaram–se o do carnaval de 2015, em homenagem a Fernando Pamplona e o inesquecível “E o samba sambou”.
Análise das apresentações dos sambas finalistas:
Parceria de Alexandre Araújo: A primeira parceria a se apresentar na grande final da São Clemente teve como voz principal a cantora Wic. Visualmente, a escola trouxe balões nas cores da São Clemente e os torcedores vestidos de índios. O grande destaque do samba foi o refrão principal “Sou da tribo São Clemente, amor/Pele preta e amarela”. A parceria contou com grande apoio de seus torcedores, que estavam presentes em bom número.
Parceria de Eugênio Leal: A segunda parceria a se apresentar na noite teve como vozes principais Emerson Dias e Clóvis Pê, que interagiram bem com o público. No aspecto visual, a parceria apostou em balões pretos e torcedores com blusas na mesma cor. A parte mais empolgante do samba, o trecho “Joga de ladinho, vem pajé!” foi bem cantado pela torcida e pelos componentes da escola.
Parceria de Marcelo Adnet: A terceira e última parceria a se apresentar teve como voz principal o intérprete Evandro Malandro, que, junto com o carro de som, conduziu com maestria a obra e interagiu com o público. A torcida do samba contava com balões nas cores dourado e preto, em forma de coração e cocares indígenas. O samba foi o mais cantado por todos os presentes na quadra, sobretudo o refrão principal da obra. Após a apresentação, a maioria dos presentes na quadra continuou a cantar o refrão do samba, que é de fácil aceitação.