A Unidos de Padre Miguel já tem samba para o carnaval de 2023. A Vermelha e Branca da Zona Oeste definiu já na madrugada de sábado a obra da parceria de Myngal para buscar o tão sonhado acesso que tem batido na trave nos últimos anos. Os compositores trouxeram um samba alegre e que misturou algumas palavras do sertão com algumas de origem árabe. Além de Myngal, são os autores os compositores: Chacal do Sax, Alexandre Rivero, Robertinho, Maykon Rodrigues, Rafael Faustino, Gabriel Simões e Felipe Mussili. No próximo carnaval, a Unidos de Padre Miguel vai apresentar o enredo “Baião de Mouros”, que será produzido pelos carnavalescos Edson Pereira e Wagner Gonçalves. O enredo vai retratar a influência/interferência árabe, moura, e muçulmana no Nordeste brasileiro. Em 2023, a Unidos de Padre Miguel será a quinta escola a desfilar na primeira noite da Série Ouro. * OUÇA AQUI O SAMBA CAMPEÃO DA UNIDOS DE PADRE MIGUEL

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Fotos: Lucas Santos/Site CARNAVALESCO

O compositor Myngal conquistou seu segundo título, e foi seguido na escola. O poeta conta que desde que começou a se envolver com a comunidade de Vila Vintém tem se apaixonado pela Unidos. “Nunca imaginei ganhar duas finais aqui na Unidos de Padre Miguel. Não tenho explicação, é muita emoção, a Unidos de Padre Miguel é uma escola que eu me apaixonei, que eu vim, não conhecia, nunca tinha vindo, vim ano passado pela primeira vez, gostei muito, fui muito bem recebido, a escola é maravilhosa”, disse o compositor.

Também na parceria campeã, Chacal do Sax era outro que estava em êxtase com a vitória e o segundo título na escola. “Somos bicampeões, é uma emoção indescritível. Fizemos um grande samba, foi merecido, a Vila Vintém não deve nada a ninguém”.

Rafael Faustino, que também fazia parte da parceria campeã no carnaval passado, comemorou seu segundo título e lembrou que o samba foi feito com a cara da agremiação. “Colocamos samba aqui, conseguimos chegar a final e graças a Deus, e Alá conseguimos uma segunda vitória maravilhosa. A gente tentou fazer um samba, com o DNA da Unidos, a gente queria propagar um samba que fosse cantado por todos que estão aqui. Mostrar para todos que a Unidos é uma escola grande sim. E tem que respeitar o nosso povo da Vila Vintém”, completou.

Dupla de carnavalescos mostra sintonia no discurso

Edson Pereira, que também assina o carnaval do Salgueiro, terá no Boi Vermelho de Padre Miguel a companhia do carnavalesco Wagner Gonçalves. Ele esclareceu que o trabalho é compartilhado pelos dois em todos os sentidos. “Não existe divisão, a gente é artista e a gente trabalha para um objetivo só. Não existe essa divisão, o que existe é um trabalho sendo feito em quatro mãos e dois cérebros. A Unidos de Padre Miguel é uma escola que todo mundo espera, é uma escola que faz um trabalho grandioso há muito tempo e a gente só está agregando valores”, entende Edson.

Sobre a chegada na escola, Wagner Gonçalves, que ano passado realizou o carnaval da Estácio de Sá, afirmou que já se sente em casa. “Eu estou bem feliz, é o décimo carnaval do Edson, a gente meio que resolveu fazer disso tudo uma festa. Comemorar o décimo carnaval dele e a nossa chegada, eu digo nossa porque é a gente com uma equipe muito especial, com o carinho que a Unidos merece. É uma escola que está na série Ouro, mas se comporta grande, um projeto de Grupo Especial. A gente se debruçou sobre esse enredo, sobre essa possibilidade, sobre esse projeto. E é cada um dando pitaco do que pode ser melhor para a escola”, colocou Wagner.

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Próximo de produzir seu décimo desfile para a Unidos de Padre Miguel, Edson entende que é um momento de somar forças com Wagner. “Aqui é onde tudo começou na minha vida como artista, como profissional, eu jamais vou esquecer dessas raízes, para mim é muito especial estar completando 10 carnavais pela Unidos de Padre Miguel. Qualquer artista se sentiria privilegiado em um momento desses, somando valores com o Wagner e com toda essa equipe que trabalha comigo há muito tempo, eu acho que vou poder passar esse bastão e consagrar tudo isso da forma mais exuberante possível. O barracão está a todo vapor, é um carnaval difícil como muitos outros, cada ano com uma dificuldade diferente, esse ano mais uma vez com dificuldade, mas o carnaval é isso, é resistência, e a gente sabe lidar com essa adversidade, que são maiores ainda no Grupo de Acesso, mas é aqui que a gente aprende a amar o samba ainda mais”, acredita Edson Pereira.

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Por fim, Wagner Gonçalves define que sua contribuição também é uma continuação ao legado que seu companheiro vem deixando na Vermelha e Branca de Padre Miguel. “Normalmente, quando o carnavalesco chega na escola ele faz uma ruptura com a estética do carnavalesco anterior, mas aqui não teve necessidade de ruptura, eu tenho que dar continuidade ao que ele já semeou. Dentro do barracão flui, porque eu não estou pegando o que o Edson construiu e reconstruindo, eu estou dando continuidade a um carnaval grandioso que é o que a Unidos se tornou, que é um pouco da cara do Edson. Está sendo muito boa essa transição porque a escola ficou muito confortável em todos os aspectos, estou apenas criando novas possibilidades, é tempo de alegria, se Deus quiser a vitória vem”.

Cícero Costa quer fazer desfile para o povo

O diretor de carnaval da Unidos de Padre Miguel, Cícero Costa, explicou que a agremiação quer evitar se colocar um peso a mais com obrigação de acesso. A ideia é trabalhar para produzir mais um grande carnaval. “O pensamento é de fazer mais um belo trabalho. Ganhar ou não é consequência do trabalho. Pode ter certeza que será mais um belíssimo trabalho. Hoje o nome da Unidos é trabalho, estamos trabalhando. Não temos mais pressão em relação a subir. A gente quer trabalhar, fazer o que a gente gosta, carnaval, espetáculo. O povo vai pra lá para que? Para assistir as escolas, o espetáculo, um bom desfile, é o que a gente quer proporcionar para as pessoas que estão lá”.

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Cícero também esclareceu o porquê da agremiação ter resolvido unir Edson Pereira e Wagner Gonçalves para desenvolver o carnaval da Unidos de Padre Miguel. “O Edson conhece o perfil da Unidos, ele já faz o trabalho dele na co-irmã, a gente pensou vamos trazer um cara para suprir, entre aspas, um pouco da ausência do Edson, junto com o Bruninho que é um talentoso e não precisa eu ficar dizendo o quanto ele é bom. E o samba campeão precisa ter é o DNA da Unidos de Padre Miguel”.

Grande novidade para 2023, o intérprete Bruno Ribas, interpretou o samba do carnaval passado da escola, ao qual ele havia cantado na final de samba para o carnaval 2022. Bruno falou sobre a o carinho que recebeu da comunidade e o tamanho da agremiação que está chegando.

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“Uma escola com uma comunidade tão grande como essa mexe com o coração, mexe com a alma, com a mente, mexe com tudo. Essa comunidade já é minha há muito tempo. Eu faço parte dessa família e para mim é o complemento, é chegar ao posto máximo da carreira, fazendo parte dessa terra, do verdadeiro Ilê Padre Miguel, o Boi Vermelho da Zona Oeste. E na minha opinião o que não pode faltar no samba campeão é alegria, nunca pode faltar alegria, todo mundo tem que cantar”.

Mestre Dinho promete surpresa para o desfile

Comandando os “Guerreiros” desde 2011, mestre Dinho explicou a reportagem do CARNAVALESCO sobre como iniciou o trabalho para o próximo ano e revelou que prepara uma surpresa para a bateria.

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“O próximo carnaval, na realidade, a gente tem que analisar o que foi feito no carnaval anterior, apesar de o tempo que eu tenho de bateria, não me ligar muito só em justificativa. Porque a gente sabe que as vezes é uma coisa complexa. O que para gente está bom, as vezes para o jurado está ruim. Mas, é uma coisa também que a gente tem que prestar a atenção. Eu já estou trabalhando em cima do que foi feito, do que não foi bem, e do que eles acharam que não foi, para 2023 a gente melhorar cada vez mais. Já temos algumas bossas prontas, e vai vir um instrumento diferente, só estou fechando. É um instrumento que está dentro do enredo. Uma surpresa”, revelou mestre Dinho.

Quem também segue com a confiança da escola, é o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Vinícius Antunes e Jéssica Ferreira, defendendo o pavilhão da escola desde 2013. A porta-bandeira revelou que os ensaios a partir da escolha do samba terão um aumento na frequência e intensidade.

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“Já está tudo preparadinho, no esquema já, garanto a vocês que vai ser lindo, ainda não podemos revelar. Há muitos aspectos que a gente pode colocar na coreografia, aí vamos aproveitar com certeza, essas obras magníficas que chegaram até a final também e nos proporcionam muita coisa. Vão nos ajudar bastante. E agora com o samba escolhido, nós vamos aumentar os dias de ensaio, é cair para dentro dos ensaios, eu e Vinícius somos muito exigentes. A gente ensaia bastante até o carnaval, escolheu o samba, a gente já define uma linha mais direta para os ensaios”, explicou a porta-bandeira.

Sobre a fantasia, o mestre-sala Vinícius Antunes revelou que uma reunião já foi marcada com os carnavalescos para que o casal possa diminuir um pouco a ansiedade. “Já foi marcada uma reunião, até porque a ansiedade está lá em cima, a gente quer ver esse trabalho, o que vamos representar no dia do desfile e poder preparar uma bela festa. Com o samba escolhido, vamos começar um trabalho mais forte com nosso preparador físico e o trabalho artístico de coreografia.A nossa escola com toda a nossa diretoria faz um trabalho muito bom, eu não vejo motivos para a gente parar e ver o que falta. Sem soberba, mas dar continuidade ao trabalho, ser forte nos pontos que somos bons e corrigir os erros”.

Abertura da final

A grande noite de festa na Unidos de Padre Miguel foi aberta pela apresentação da bateira de mestre Dinho. Durante pouco mais de uma hora a escola apresentou seus sambas históricos sobre a voz de Bruno Ribas e do carro de som. A festa contou com apresentação de passistas, velha-guarda, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. Um pouco antes da apresentação dos sambas, os passistas realizaram uma performance misturando música árabe, baião e, claro, samba, performance comandada por George Louzada. Na disputa, cada parceria teve direito a se apresentar em dez passadas.

Análise das apresentações na final:

Parceria de Myngal: A primeira parceria a se apresentar na finalíssima da Unidos de Padre Miguel teve como voz principal o Pixulé. No aspecto visual, a parceria trouxe balões na cor branca e vermelha. O grande destaque do samba foi o refrão com o “Ê boi vermelho chegou para guerrear”. Mas outras partes também se destacam como o início da cabeça do samba com o “Lá vou eu” e o refrão do meio “Em devoção vou seguir em Romaria”. O trabalho de time de vozes no palco foi bastante intenso. A torcida também esteve bastante animada. Já a quadra, mesmo que iniciando o samba um pouco tímida, com o tempo foi se percebendo um interação maior, principalmente nos trechos de destaque citados acima.

Parceria de Claudio Russo: A segunda parceria a se apresentar na grande final da Unidos de Padre Miguel teve como voz principal Igor Sorriso. No aspecto visual, a torcida trouxe balões e bandeiras de pano nas cores da escola. Destaque para o refrão principal “Toma cuidado com meu boi avermelhado” e também para o refrão do meio “Malê, Malê, bota pimenta e dendê”. A apresentação no palco apresentou um time de voz bem entrosado, com boas soluções vocais, pontuando alguns trechos mais melódicos, como o próprio “Malê”. A interação com o público já aconteceu de forma mais intensa.

Parceria de Toni C: A última parceria a se apresentar na quadra da Unidos de Padre Miguel trouxe Tinga e Tem Tem Jr como vozes principais. No aspecto visual papel picado e bandeiras nas cores da Unidos. A apresentação no palco foi bastante intensa e o público se envolveu de forma mais enfática com o samba. Destaque para o “Ê Baião de Alá”, no refrão do meio.

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