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Dragões da Real apresenta enredo com clareza e faz desfile tecnicamente perfeito no Anhembi

De acordo com a proposta de seu enredo, a Dragões da Real foi um relógio esta noite no Sambódromo, quando foi a segunda a se apresentar pela segunda noite de desfiles do Grupo Especial. Além de ter sido o enredo mais claramente apresentado na avenida até então, a apresentação foi tecnicamente perfeita dentro do quesitos que estão em julgamento. Tanto que a escola precisou de 59 minutos, seis a menos que o tempo máximo, para encerrar sem qualquer dificuldade o seu desfile. Está credenciada na disputa do título.

Comissão de Frente

A Dragões da Real apresentou na sua comissão de frente a magia de uma máquina do tempo capaz de transportar em tempo real personagens de diferentes épocas, de modo a deslumbrar os olhos de quem assiste e a convidar a reflexão sobre a transformação do homem ao longo do tempo. Para tanto, a escola convidou a observar a escala evolutiva desde os primatas, perpassando por uma família de neandertais, que curiosos desbravavam a máquina do tempo, transformando-se em homo sapiens modernos pintados de brasilidade. Representantes brasileiros, pertencentes à sociedade contemporânea, reconheciam os heróis que marcaram o tempo. Desse modo, eles deslumbravam os gols de Pelé, a maestria de Ayrton Senna, as conquistas de Guga e os saltos de Daiane dos Santos. E o tempo não parando, os personagens seguiam na sua experiência cujo espaço é o limite, representado por um astronauta, que no topo da máquina do tempo revelava-se um primata, como um retorno ao primitivismo e o desejo de seguir além, pois nada será como antes, tudo na vida há de se transformar. Foi a comissão mais interativa do Grupo Especial até o momento, de fácil leitura e muito lúdica na apresentação dos personagem. A fantasia que exaltava o uniforme verde e amarelo poderia estar mais carnavalizada.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Dragões, por meio de seu bailado, representou a relação entre o sol e a lua, que são considerados os pais de cronos, donos de um amor infinito, força de um ciclo eterno. A porta-bandeira apresentou sua saia com plumas e faisões negros, além de diversos cristais nobres e outras pedrarias que compuseram a fantasia. A simbologia da lua esteve presente em sua saia. O mestre-sala, representando o sol, trajou um macacão em placas acrílicas na cor dourada com detalhes em penas de rabo de galo e cristais nobres. A apresentação se deu sem falhas nas três torres de julgamento e a indumentária foi uma das mais bonitas a passar pelo Anhembi, bastante tradicional e cheia de faisões.

Harmonia

A harmonia apresentada pela Dragões foi o tempo todo extremamente técnica. As alas não deixaram de cantar o samba, embora não o tenham feito com um volume que outras escolas fazem. Entretanto esse não pode ser um aspecto passível de punição, uma vez que o canto esteve o tempo todo presente, em destaque nas do quarto setor da agremiação.

Enredo

Em seu enredo, a Dragões da Real, abraçou-se a um delírio criativo e a licença poética, apresentando o tempo como principal temática na avenida. Uma jornada que se propôs a nos levar aos nossos antepassados, permitindo o desbravar com o templo de cronos, deus do tempo e guardião do destino da humanidade, que transpassou pela inquieta mente humana que se lançou ao desafio de fatiar o tempo, pela tentativa de controlá-lo através de instrumentos e técnicas, ao ímpeto de viajar pelos mistérios do passado e futuro, pelas conspirações dos tempos modernos até chegar à noite deste sábado de carnaval, 02 de março de 2019. O enredo foi o mais bem apresentado do Grupo Especial até aqui. Alas com fantasias de fácil leitura e muito bem acabadas. Alegorias que resumiam bem cada setor apresentado. Destaque absoluto para o último setor que fazia alusão a uma odisseia de 65 minutos, nada mais que o próprio desfile da Dragões. Extremo bom gosto e ótima compreensão.

Evolução

Passando extremamente técnica pela pista, a Dragões nem precisou de usar uma hora do tempo para passar sem qualquer tipo de problema pelo Anhembi. As fantasias, embora bastante volumosas, não atrapalharam a evolução dos componentes, que se não foi um sacode, foi extremamente correta.

Samba-Enredo

O rendimento do samba poderia ter sido melhor. Não houve comunicação com o público, embora a obra tenha atendido à proposta apresentada na avenida. Renê Sobral teve boa atuação e o conduziu com segurança, mas viveu dias mais inspirados no Anhembi. A obra não aconteceu nos 59 minutos de desfile da Dragões.

Fantasias

A ala de baianas veio representando um relógio de pêndulos no segundo setor do desfile. Os passistas desfilaram com a fantasia ‘O coração em compasso acelerado’. O figurino da bateria se chamava ‘O ritmo do tempo’. O conjunto demonstrou todo o talento do carnavalesco Mauro Quintaes, se destacando a primeira ala do desfile, com plumas vermelhas e relógios enormes. Uma das mais criativas fantasias foi a que mostrava a contagem regressiva, com pierrôs e colombinas segurando estandartes com números de 10 a 0. Um show de criatividade e bom gosto de Quintaes.

Alegorias

O carro abre-alas da Dragões da Real representava o Templo de Chronos. A segunda alegoria do desfile, fechando o setor chamava-se ‘Contando o Tempo’. ‘Viajando tempo, o domínio de ir e vir’ veio na sequência fechando o terceiro setor do desfile. ‘O homem e a escravidão dos tempos modernos’ era o nome do quarto carro do desfile da tricolor. ‘Tempo-Eternidade: nossos 65 minutos’ foi o carro que fechou o desfile da Dragões no Anhembi. A última alegoria foi o grande destaque do conjunto, com uma leitura. Divertida, trazia além da contagem regressiva para o fim do desfile, um rei momo “chateado” segurando um cronômetro com o tempo de 65 minutos, demonstrando que o desfile estava no fim.

Bateria

Representando o ritmo do tempo dentro da proposta do enredo, a bateria passou fazendo poucas bossas optando pela manutenção do ritmo. Os ritmistas demonstraram bom entrosamento com o intérprete Renê Sobral e possibilitaram um bom canto para os componentes.

Outros Destaques

A ala de baianas trazia uma fantasia nas cores da escola com detalhes e ouro e relógios na saia das senhoras da Dragões. A fantasia da rainha Simone Sampaio arrancou aplausos no público, pois tinha uma asa acionada pela própria. Chamada de ‘O tempo voa’ foi um dos pontos altos da passagem da bateria. Foi o desfile mais rápido do Grupo Especial até o momento, demonstrando sua total eficiência.

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