A Mocidade Independente de Padre Miguel abriu as portas de sua quadra histórica na Vila Vintém, na Zona Oeste do Rio, na noite desse domingo, para realizar a semifinal do concurso de samba-enredo para o Carnaval de 2024. Como parte da série “Eliminatórias”, a reportagem do site CARNAVALESCO esteve presente e acompanhou essa penúltima etapa da competição promovida pela estrela-guia. Ao todo, seis obras se apresentaram. Cada uma delas teve direito a quatro passadas, sendo a primeira sem bateria e a terceira só com o canto da torcida. Ao final, as parcerias de Paulo Cesar Feital e Igor Leal foram cortadas. Já as outras quatro se classificaram para grande final da disputa que acontece no próximo sábado, dia 14 de outubro, no Maracanã do Samba, localizado às margens da Avenida Brasil.
No ano que vem, a verde e branca de Padre Miguel levará para o Sambódromo da Marquês de Sapucaí o enredo “Pede caju que dou… Pé de caju que dá!”, desenvolvido pelo carnavalesco Marcus Ferreira. A proposta é abordar histórias, lendas e curiosidades da fruta do cajueiro, explorando sua simbologia tropicalista e genuinamente brasileira. Por força do regulamento, após terminar a apuração de 2023 em décimo primeiro lugar, a escola terá a missão de abrir as apresentações na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, segunda noite de desfiles do Grupo Especial do Rio.
Parceria de Diego Nicolau: O samba de autoria de Diego Nicolau, Paulinho Mocidade, Marcelo Adnet, Richard Valença, Orlando Ambrosio, Gigi da Estiva, Lico Monteiro e Cabeça do Ajax, com as participações especiais de Márcio de Deus e W. Corrêa, abriu as apresentações na semifinal da disputa promovida pela estrela-guia de Padre Miguel. O intérprete Tinga, voz oficial da Unidos de Vila Isabel, foi o responsável por conduzir a obra e contou com alguns reforços luxuosos como Tem-Tem Jr e o próprio Diego Nicolau. Leve e bem-humorado, o samba, que conversa bem com a proposta do enredo, teve um desempenho bastante satisfatório. Mesmo encarando o desafio de pegar a quadra “fria”, a obra conseguiu contagiar uma parcela do público presente, especialmente com o seu refrão principal. Este, aliás, com os versos “Meu caju, meu cajueiro/ Pede um cheiro que eu dou/ O puro suco do fruto do meu amor/ É sensual, esse delírio febril/ A Mocidade é a cara do Brasil”, foi o ponto alto, sendo a parte entoada com mais força pelos torcedores da parceria. Além dele, a segunda estrofe do samba como um todo também chamou a atenção, tanto pelo desenho melódico rico quanto pelos trocadilhos presentes na letra, como no trecho “E nesta terra onde tamanho é documento/Vou erguer um monumento para seu Luiz Inácio”. Falando especificamente da torcida, o grupo veio ornamentado com bandeiras nas cores da escola. Eles brincaram e pularam o tempo inteiro, além de terem mostrado estar com samba na ponta da língua. Houve uso de efeitos, como chuva de papel picado, assim como ocorreu a abertura de um bandeirão da agremiação no meio da galera.
Parceria de Jefinho Rodrigues: A obra assinada por Jefinho Rodrigues, Dudu Nobre, Marquinho Índio, Gustavo Clarão, J. Giovani, Lauro Silva, Prof. Renato Cunha e Luciano Chuca foi a terceira a passar pelo palco da quadra histórica da Vila Vintém para se apresentar na semifinal da competição realizada pela verde e branca de Padre Miguel. Com uma forte identificação com a escola, o intérprete Wander Pires defendeu o samba na quadra e demonstrou se sentir em casa. O refrão principal, com os versos “A batida é a ‘mais quente’, quem vai querer?/ Te faz enlouquecer/ Vem meu amor se lambuzar/ Pede caju que dou… pé de caju que dá!”, foi o grande destaque graças ao ótimo rendimento junto aos torcedores e uma parte do público. O trecho de subida para ele, “Espelho meu ‘a que será que se destina’?/ Ser Mocidade, ser a ‘flor’ da cajuína”, também se sobressaiu, sendo um dos momentos de mais garra no canto. Vale mencionar ainda o refrão do meio, com os versos “O nativo ‘dançou’ bebericou/ Na aldeia cantou seus rituais/ Entornou mocororó, a cabeça deu um nó/ E proseou com ancestrais/ O nativo ‘dançou’ bebericou/ Gringaiada aportou, foi invasão/ Pé de guerra, deu xabu, bigodudo e mon amour/ Caravelas de acayu na contramão….”, como um outro ponto positivo, não só pelo canto em si, mas pela melodia interessante. Com bandeiras personalizadas da parceria como adereços de mão, a torcida numerosa mostrou a sua força e cantou de forma aguerrida ao longo das quatro passadas. Uma curiosidade é que integrantes de segmentos, como as baianas, estavam presentes no meio da galera. Junto ao grupo, também teve a performance de uma pessoa caracterizada de Carmen Miranda e a presença de um grande mascote vestido de caju. Além disso, efeitos, como chuva de papel picado, foram utilizados na apresentação.
Parceria de Zé Glória: O quinto a se apresentar na semifinal da Mocidade foi o de autoria de Zé Glória, Trivella, Chacal do Sax, Renilson, Mumu do Gás, Guilherme Karraz, Simões Feiju e Myngau, com as participações especiais de Domenil e André Baiacu. Voz oficial do Acadêmicos do Salgueiro, o intérprete Emerson Dias deu um verdadeiro show no comando do microfone principal da parceria. O cantor soube dar a leveza e o clima brincalhão que o samba pedia, além de estimular o público e a torcida para cantar junto. Irreverente e com uma estrutura melódica diferenciada, o refrão do meio, com os versos “Caravelas ao mar, cadê? Cadê meu caju? Sumiu!/ Caravelas ao mar, cadê? Cadê meu caju? Partiu!/ Cabral levou acayu a pau/ No Velho Mundo, essa carne virou Carnaval…”, foi o ponto alto da obra. O refrão principal, “Tem cajuína na Vila Vintém!/ Quem provou gostou! Vem provar, meu bem!/ Fruto invertido, nossa identidade/ Respeite, aqui é Mocidade!”, também teve bom rendimento na quadra. Animada, a torcida brincou e festejou o tempo inteiro. Eles vieram com diferentes ornamentações, que incluíam desde bandeiras e bandeirões até pom poms como adereços de mão. Assim como em outras parcerias da noite de semifinal, houve a utilização do recurso pirotécnico, neste caso em específico mais uma vez foi a chuva de papel picado.
Parceria de Franco Cava: Encerrando a maratona de apresentações, o sexto samba na semifinal da verde e branca de Padre Miguel foi o composto por Franco Cava, Rute Labre, Eloi Ferreira, Flavinho Avellar, Victor do Chapéu, Arnaldo Rippel, Tony Negão e Breno Melo. A obra foi defendida pelos intérpretes Thiago Acácio e Wictoria que demonstram grande sinergia no palco. A potência vocal de ambos casou perfeitamente e fez o samba crescer, sendo os dois cantores fundamentais para o bom desempenho. A torcida também teve papel importante nisso. Eles vieram uniformizados com camisas da parceria, além de trazerem como adereços de mão balões infláveis em formato de frutas como morango, melancia e banana. O grupo dançou, vibrou e demonstrou um canto bastante aguerrido, principalmente nos refrões. Falando neles, os dois foram os trechos de maior rendimento do samba. O refrão principal, com os versos “Tem caju no galho, sacode que eu quero ver!/ Quem vai querer, quem vai querer?/ Pé de samba Mocidade, pede samba que eu dou!/ Doce fruto do pecado, puro sumo do amor!”, acabou sendo o de melhor desenvoltura. Vale citar que, diferentemente de outros concorrentes, a parceria não usou de pirotecnias, medida que não afetou ou diminuiu o espetáculo promovido pelos compositores na quadra.