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Dendê no alguidar e batuque de Rás: um encontro de respeito entre Beija-Flor e Portela, em Nilópolis

O encontro azul e branco foi marcado pela euforia dos componentes, que deram um show na pista de ensaios nilopolitana

A Beija-Flor recebeu a Portela no Encontro de Quilombos, realizado neste sábado, na Avenida Mirandela, em Nilópolis. Esta foi a segunda participação da Portela no evento, que esteve presente na temporada anterior. Novamente, a matriarca fez uma grande apresentação e levou o público a se entregar ao ritmo do Mestre Nilo Sérgio. A escola da casa fez seu ensaio de rua como de costume e deu um show em cada quesito. De praxe, o destaque foi para a harmonia padrão de qualidade Simone Santana e Válber Frutuoso.

A Águia Altaneira tem como enredo “Um defeito de cor”, desenvolvido pelos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga. O samba é um oásis e apresentado para a comunidade de outra escola, mostrou a sua força e capacidade de fazer o público se render a ele. Mesmo sem a potência de Gilsinho comandando o microfone, o carro de som da Portela deu conta do recado com louvor. Quanto a Deusa da Passarela, o enredo “Um delírio de Carnaval na Maceió de Rás Gonguila”, assinado pelo carnavalesco João Vitor Araújo, tem um samba que vai ficando mais robusto com o passar dos ensaios, principalmente com o ritmo contagiante imposto pelo Mestre Rodney e conforme o canto da escola ganha mais volume.

Foi mais um sábado que o mar de gente tomou conta da avenida Mirandela. Nilópolis não tem uma orla para chamar de sua mas, por outro lado, o pessoal da Praia da Pajuçara, em Maceió, não tem a Beija-Flor para assistir em um final de semana. Eles também, lá nas belas areias alagoanas, não imaginam o que perdem por não verem a Portela vibrando pela rua com seus componentes e se impondo como a Majestade do Samba. E, sob a luz da Lua de Benin, foi isso que ela fez: tomou conta da pista, pegou o público emprestado para si e mereceu cada aplauso que vinha das calçadas.

Foram 15 ônibus que saíram de Madureira para a Mirandela. Com alas coreografadas, passistas, velha-guarda, baianas, comissão de frente e muito mais. O presidente portelense Fábio Pavão, no discurso inicial, disse que o evento era a celebração da amizade entre as escolas de samba e que deveria servir de espelho para a sociedade. Na mesma linha, Almir Reis, presidente da Beija-Flor, destacou que é uma alegria receber a maior campeã do carnaval e brincou ao dizer que sua comunidade ensaia com mais garra, depois de uma bela apresentação da Águia.

Quanto à Beija-Flor, falar sobre seus ensaios de rua só não fica redundante pela habilidade da escola de se colocar como protagonista. O Encontro de Quilombos não é um duelo entre duas escolas, mas se fosse, a dona da casa se colocaria como dona da casa e ponto. Com mais gente que a convidada, por obviedade, e se apresentando para a sua gente, a Deusa da Passarela passa o carro e quem puder que anote a placa. São componentes soltos e dispostos a cantar o samba em alto e bom som pela pista da forma mais organizada possível.

Mestre-sala e Porta-bandeira

A Portela se apresentou com seu segundo casal. Emanuel Lima e Thainara Matias preparam uma coreografia para a última noite. O mestre-sala estava vestido com terno branco e porta-bandeira com um belo vestido rendado, também em branco. Gestos delicados, dança suave, sintonia perfeita em um bailado sincronizado. Um misto do clássico com passos afro, que deixou a dança bastante agradável de assistir.

No ensaio seguinte, as lendas Claudinho e Selminha Sorriso deram o show de costume. A entrada deles no módulo, sempre impactante, já convida o público a levantar e prestar atenção em cada detalhe de uma dança envolvente. A bandeira, o cabelo solto e o rodado do vestido da porta-bandeira criam sintonia de movimento e cada giro oferece uma sinfonia visual, que torna cada apresentação única. Outra grande apresentação de um casal que não cansa de impressionar o público com a sua arte.

Samba-enredo

O samba genuinamente preto da Portela, que já sacode Madureira, ganhou coro em Nilópolis. A canção traz emoção na letra, pega de primeira quem ouve e a melodia favorece o canto uniforme da escola. É difícil apontar um trecho que é mais cantado que outro, já que todo verso com melodias mais agudas são cantados com precisa empolgação. Se alguém no público nunca ouviu até a última noite, é capaz de ter corrido para pesquisar e está cantando até agora. Como disse o vice-presidente da escola, Junior Scafura, durante o ensaio “pode cantar, porque é bom”.

Na Beija-Flor, o samba vai ganhando forma na tecla que a escola bateu desde a escolha: este samba é para brincar carnaval. Cantando do jeito que a escola faz e a levada alegre da bateria, a obra cresceu e já é possível imaginar os componentes evoluindo brincando e dançando o samba. De toda a letra, dá para perceber que o verso “E o povo anuncia: É ela” é o favorito dos desfilantes.

Harmonia

Ponto alto dos ensaios de rua, Portela e Beija-Flor prometem e entregam tudo.

Não tem problema se a cabeça da escola não consegue ouvir o carro de som. Os primeiros setores da Portela sustentam o canto e o samba não atravessa. A comissão de frente dança cantando o samba, o casal se apresenta com o coro da comunidade e, passeando pelas alas, percebe-se o orgulho do portelense em cantar uma grande obra.

Na Beija-Flor é nota 10. Um rolo compressor. Uma festa. O canto da escola é inspiração e não cai até quando testado pelo paradão de quase uma passada inteira da bateria. E o melhor do ensaio da Beija-Flor é que eles fazem exatamente o que Dudu Azevedo pede antes do ensaio: berrar o samba. Que dobra o volume quando percebem que estão sendo filmados. O site CARNAVALESCO aponta a câmera e já tem um diretor de harmonia potencializando o volume da escola.

Evolução

A Portela teve a oportunidade de fazer um ensaio de rua em uma pista que possui as dimensões do sambódromo. Foi possível testar o espaçamento entre as alas, como o componente se comporta na avenida em relação ao samba e ao tempo de desfile. Deu tudo certo. A escola se apresentou compacta, vibrante e mostrando para o Centro de Nilópolis a energia envolvente de Madureira.

Na Beija-Flor se vê uma escola leve e ensaiando algumas alas com adereços nas mãos ou na cabeça. Isto ajuda na escola a evoluir brincante e gostando de passar pela pista. A Beija-Flor se apresenta com enredo diferente que acostumou o seu público, mas virar o andamento da escola de protesto para baile de carnaval, não foi uma dificuldade. A direção da escola tirou de letra e já colhe os frutos do trabalho. É uma Soberana solta na pista, mas organizada. Não tem fileiras nas alas, mas todo mundo sabe o seu lugar. Uma organização exemplar. Vale destacar também a sincronia de levantar as mãos para gritar “é ela” na segunda parte do samba.

Outros destaques

Também virando a chave no toque, a bateria da Beija-Flor vai fazendo, a cada ensaio, o samba ganhar a forma divertida que ele propõe. O ritmo da Deusa da Passarela favorece a evolução do componente e cada bossa é um convite ao público. Na excelência do trabalho, os ritmistas pararam o toque para que a comunidade sustentasse o canto. Mestre Rodney disse que a ideia era ver como a escola levava o samba, mas fez mistério quando questionado se levaria a paradona para o desfile. Ele também prometeu inserir mais bossas. Fica a expectativa de que a Bateria Soberana dará o show de costume, com algo mais envolvente.

Agora, alguns dias de folga de ensaios de rua, para as festas de final de ano, até todos voltarem a todo vapor na preparação para o desfile. A Beija-Flor será a segunda escola a desfilar no domingo de carnaval. Já a Portela também será a segunda a desfilar, mas na segunda-feira de carnaval.

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