É lugar comum entre os sambistas que a responsabilidade de conduzir um pavilhão de escola de samba vai muito além da honra de ser o guardião do símbolo maior de uma agremiação. Embora nos dias de hoje os casais tenham verdadeiros estafes para cuidar de sua preparação física, ensaios e até a parte psicológica, é nos ombros de duas pessoas que recaem as cobranças quando não vem a nota máxima. Na série ‘De olho nos quesitos’ o site CARNAVALESCO traz um levantamento do que os exigentes julgadores do quesito vem observando nos últimos cinco anos.

Por se tratar de uma dança extremamente tradicional, todo e qualquer aspecto que de uma forma ou de outra agrida essa tradição é causa de punição ao casal. Não faltam exemplos nos últimos anos de inovações que custaram caro aos casais de mestre-sala e porta-bandeira, nem sempre por culpa deles. Em 2015, por exemplo, o casal Diogo Jesus e Lucinha Nobre, então na Mocidade perderam décimos devido à uma integração na apresentação deles com a comissão de frente. Beatriz Badejo, uma das mais experientes julgadoras de casal, pontuou em sua justificativa.

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“(…) tal escolha comprometeu, ao meu ver, a posição de destaque que mestre-sala e porta-bandeira ocupam, tradicionalmente, dentro de suas agremiações, por su importante função de proteger e conduzir o pavilhão, respectivamente”, alertou.

No ano seguinte dois casais foram punidos por fatores externos que tiraram, na opinião dos jurados, o papel de protagonismo no bailado do casal. A dupla Rogerinho Dornelles e Rafaela Theodoro perdeu décimos simplesmente pois a indumentária remetia aos homens do campo, no enredo em homenagem à dupla Zezé di Camargo e Luciano.

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“A origem da dança do casal de mestre-sala e porta-bandeira está ligada aos minuetos dos bailes da nobreza, na época do Brasil Colônia. Sua indumentária, portanto, deve ser majestosa e elegante, digna dos nobres. Relacionar o casal com ‘casamento na roça’, onde ‘prevalecem a alegria, cores, a leveza e a humildade’, vi contra, em parte, este dado histórico e, ao meu ver, não surtiu um efeito visual satisfatório na avenida”, julgou novamente Beatriz Badejo.

Além do casal da Imperatriz, outra justificativa tomou notoriedade após o Carnaval 2016. Depois de deixar a pista molhada para o casal Danielle Nascimento e Alex Marcelino, a Portela viu a dupla ser punida com a perda de um décimo, conforme justifica mais uma vez Beatriz Badejo.

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“O casal não conseguiu dançar de forma descontraída, explorando o espaço, fosse através de giros, torneadas ou chassés. Tal dificuldade aparentemente, foi provocada pelo piso molhado, deixado pela comissão de frente após sua exibição”, criticou.

Embora não haja oficialmente um subdivisão de quesitos no julgamento de mestre-sala e porta-bandeira, a grande maioria dos julgadores avalia, além da dança, a indumentária e elementos que possam tirar a atenção da apresentação, como os exemplos citados na reportagem. No aspecto da dança em si, o que mais tem tirado pontos dos casais são a falta de entrosamento entre a dupla e coreografias que afetem a tradicionalidade do bailado.

Aspectos mais citados pelos jurados de mestre-sala e porta-bandeira desde 2015:

– coreografia
– falta de entrosamento
– falta de qualidade nas terminações
– falta de leveza e/ou delicadeza no bailado
– elementos externos que prejudiquem o protagonismo da apresentação
– indumentária

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