O quesito mestre-sala e porta-bandeira, ao mesmo tempo em que é um dos mais ‘ingratos’ no aspecto de apenas duas pessoas responderem pela nota, é um dos de maior evolução na avenida nos últimos anos. Um casal hoje leva uma rotina de atleta de alto rendimento, com acompanhamento de nutricionista, personal trainer, ensaiadores exclusivos e toda a estrutura para que consigam uma performance digna da nota 10 na pista.

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Foto: Diego Mendes/Divulgação Rio Carnaval

Tanto esmero vem se refletindo nas notas. A série ‘De olho nos quesitos’ avaliou as notas e justificativas do júri que vai avaliar os 12 casais do Grupo Especial em 2024 nos últimos anos e encontrou um alto índice de notas 10, em virtude da evolução dos casais. A reportagem do CARNAVALESCO encontrou 85 pontuações máximas em 151 aplicadas pelos quatro jurados de 2024. Um índice de 56%, considerado elevado se comparado com outros quesitos.

Fernando Bersot julgou apenas em 2023 com um índice de 66% de notas 10. João Wlamir, um dos mais experientes de todos os quesitos, não julgou em 2018 e 2019. Nos últimos três anos aplicou 20 notas 10, 54% do total possível. Paulo Rodrigues e Mônica Barbosa vêm julgando desde 2019. Ambos com índice acima de 50% de notas 10. A curiosidade fica por conta da distribuição das notas 10 de Mônica. 70% delas saíram na segunda de carnaval. Portanto, atenção especial aos casais que desfilam na primeira noite.

Casais de Beija-Flor, Viradouro, Grande Rio e Salgueiro acumulam notas 10

Analisando as notas dos quatro julgadores de 2024 os casais Claudinho e Selminha Sorriso da Beija-Flor, Daniel Werneck e Taciana Couto da Grande Rio, Julinho e Rute da Viradouro e Sidclei Santos e Marcella Alves do Salgueiro, colecionam notas máximas. Ambos obtiveram apenas duas notas 9,9 nos últimos anos e o restante foi 10. O casal da Vila Isabel só perdeu quatro décimos no período e o da Mocidade cinco. Contando que essas duas escolas não desfilaram sempre com o mesmo casal nos últimos cinco anos.

Dentre as escolas que figuram no Grupo Especial com maior constância o índice mais preocupante é o da Unidos da Tijuca. Desde a saída de Julinho e Rute da escola depois do desfile de 2017, a amarelo ouro e azul pavão do morro do Borel já foi penalizada em um ponto se somadas todas as notas abaixo de 10. Já foram cinco configurações de casais diferentes na escola no período, contando com a atual Matheus André e Lucinha Nobre. Mangueira, Portela e Imperatriz, que também mexeram muito nos defensores do pavilhão, perderam seis décimos no quesito. Pode-se concluir que este é um quesito em que mudanças não são aconselháveis.

Inovações que atrapalhem o bailado são certeza de punição

Desde que o casal de mestre-sala e porta-bandeira passou a vir atrás da comissão de frente, a partir de 2002, criou-se quase uma necessidade de acompanhar as inovações do quesito inicial e isso vem sendo um tiro no pé para alguns. Os jurados são tradicionalistas e costumam ser implacáveis com notas se as inovações prejudicarem o bailado e a tradição da dança, conforme as próprias justificativas apontam.

O figurino, especialmente das portas-bandeiras, também vem causando despontuação. As pernas das dançarinas não podem aparecer em hipótese alguma e isso pode ser atestado nas justificativas. Portas-bandeiras consagradas já sentiram o peso da nota pois suas saias estavam curtas demais. As coreografias muito bruscas e que tirem a leveza do bailado também são bastante citadas pelo júri.

Um outro aspecto que a equipe do CARNAVALESCO encontrou na justificativa é o uso inadequado do espaço para a dança. Ao iniciar sua apresentação para o júri, o casal tem uma espécie de quadro para dançar, demarcado ou por guardiões ou pelos próprios harmonias das escolas. Se o uso desse espaço for inadequado (o casal se apresenta muito centralizado ou muito nos cantos) a dupla é penalizada. O ideal é que o casal de mestre-sala e porta-bandeira deslize por todo o espaço mostrando o resultado de meses de ensaio e preparação.