A Inocentes de Belford Roxo trouxe para a avenida o enredo “Debret pintou, camelô gritou: Compre 2, leve 3! Tudo para agradar o freguês”, exaltando a figura dos camelôs e comerciantes ambulantes de todo o país. Trazendo a história desde os trabalhadores de ganho, e chegando aos camelôs atuais que encontramos na rua, nos ônibus, e trens, a escola de Belford Roxo homenageou cada trabalhador informal que aquece a economia diariamente.
O site CARNAVALESCO conversou com alguns integrantes da escola antes do desfile começar, onde eles falaram da importância dos camelôs no dia a dia, e também ao longo da história, citando sobre as fantasias das alas que representam.
“O camelô é uma coisa histórica no Brasil, desde o tempo do Brasil escravagista as pessoas estavam na rua vendendo, mercando, comercializando. O camelô não tem nada de novidade, o que tem hoje é um novo nome, e talvez a função dele hoje seja mais clemente do que antigamente, porque dava-se para sobreviver, hoje está muito mais difícil, tem muito mais restrições, licenças, uma série de coisas, mas é uma coisa necessária. É uma função que vale a pena ser mantida, porque todo mundo compra em camelô. Eu também compro”, contou Luiz Monteiro, ator, e desfilante na ala dos mercadores judeus. “As peças que nós carregamos simbolizam essa mercadoria que era vendida por eles: O tacho de cobre, as colheres de madeira, que é muito do comércio ambulante também”, concluiu ele.
“Eu acho que é uma fonte de renda, principalmente agora, no Carnaval, eu estava vendo uma reportagem falando que muitas pessoas ganham uma grana extra. Eu acho importante. Assim, todo mundo fala muito, mas eu não tenho nada contra, juro, até eu queria vender”, pontuou Eloisa Raimundo, desfilando pela primeira vez pela agremiação, que continuou falando que costuma fazer compras nos trabalhadores informais: “Compo! Acabei de comprar, com a minha irmã, cerveja. Não sei se eles são cadastrados, mas eu acho que é válido”. Sobre o desfile, ela vem na ala 8 representando os trabalhadores de ganho.
“A importância dos camelôs que estamos representando, é que são o início de toda parte comercial, porque se não tivesse sido eles fazendo isso, trazendo, popularizando, hoje nós não teríamos o comércio que nós temos.É impossível hoje em dia não comprar em camelô”, disse Luciano Feitosa, que desfila há cinco anos na escola da baixada, que continuou falando sobre a fantasia: “Eu venho na ala nove, do mercador chinês, que representa esses mercadores e produtos asiáticos”, ele finalizou.
“Hoje em dia a gente vê que tem um nível muito grande de desemprego no Brasil, então o trabalho informal é a fonte principal de renda de muitas pessoas, principalmente na baixada. Então trazer esse tema na Sapucaí ajuda a conscientizar outras pessoas da importância que a renda informal tem na vida dessas pessoas. Costumo comprar bastante neles, porque são muitas oportunidades, e a gente pensa ‘já tá aqui, na minha mão, praticamente’, então a gente sempre acaba comprando.”, falou Camila Menezes, professora que está estreando na avenida, na Inocentes. Ela vem na ala do Rapa – o bicho papão dos camelôs, e explicou sobre a ala: “A gente entende que existem muitas mercadorias que não são legalizadas, mas justamente ter essa conscientização, da importância que tem, e até facilitar a vida do trabalhador informal de ter acesso a mercadorias legalizadas, porque as pessoas estão em busca de se manter de uma forma honesta”, a desfilante de vinte e dois anos iniciou, “Então, eu acredito que essa questão da polícia correr atrás e tirar, e às vezes partir para violência, é uma questão muito complicada, entendeu?”.