Dando sequência à série de entrevistas do CARNAVALESCO com os postulantes ao cargo de prefeito do Rio, Cyro Garcia, do PSTU, abordou suas propostas para o Carnaval, o maior evento cultural do Rio de Janeiro, enfatizando a importância de devolver o controle das escolas de samba às comunidades e trabalhadores que as representam. Segundo Cyro, o poder público deve garantir investimentos que assegurem a previsibilidade e estabilidade para as agremiações, promovendo dignidade tanto para os trabalhadores do carnaval quanto para os integrantes da economia informal que dependem do evento.

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Foto: Divulgação/PSTU

Cyro Garcia também destacou a necessidade de um olhar mais atento para as escolas de samba da Intendente Magalhães, defendendo melhores condições de trabalho para seus barracões. Ele criticou a elitização do Sambódromo e propôs medidas para reduzir os preços dos ingressos, tornando o desfile mais acessível ao público. Além disso, falou sobre o papel das quadras das escolas de samba como espaços de convivência comunitária, sugerindo que a prefeitura promova atividades culturais e sociais ao longo do ano nesses locais. Confira a entrevista na íntegra com Cyro Garcia.

O carnaval é o principal evento da cidade e traz um retorno em impostos que ajuda o Rio o ano todo. Eleito prefeito como você pretende fomentar o maior evento cultural da cidade?

“O desfile das escolas de samba é a manifestação cultural mais representativa da cidade do Rio de Janeiro. O papel do poder público é o de fomentar e incentivar a cultura, garantindo estabilidade e previsibilidade para as escolas de samba, proporcionando oportunidades para os trabalhadores da economia formal (como o setor de bares e restaurantes) e informal da cidade (como os ambulantes que vendem bebida nos ensaios das escolas). Defendo, também, que as escolas sejam controladas pelos trabalhadores das comunidades que representam e não por mecenas, geralmente, ligados à contravenção”.

As obras da Cidade do Samba 2 já começaram. Mas são muitas agremiações em outros grupos que não tem um teto digno para construir s e u carnaval. Sua candidatura tem alguma proposta para essas comunidades?

“O poder público precisa olhar com atenção para as escolas da Intendente Magalhães. Por falta de espaço, os trabalhadores dos barracões muitas vezes se submetem a condições insalubres e inseguras. É preciso dar dignidade aos trabalhadores de todas as escolas de samba do carnaval da cidade, e não apenas as da Sapucaí”.

O Sambódromo completou 40 anos em 2024. Obras de infraestrutura no local são pedidas há anos. Há previsão de alguma intervenção no equipamento caso você seja o prefeito?

“É preciso buscar um meio de trazer o público, que constrói o carnaval de volta a Sapucaí, pensando numa política de barateamento de preços. Não é possível que o som dos camarotes atrapalhe a experiência de quem está na arquibancada, por exemplo”.

A subvenção para as escolas de samba será mantida na sua gestão? Há previsão de aumento? Você pensa em usar a s quadras das agremiações para atividades e projetos sociais da prefeitura?

“Sem dúvida alguma é papel da prefeitura o investimento nas escolas de samba. É preciso que a prefeitura tenha um dialogo com as escolas para que se entenda as necessidades. As perspectivas de aumento da subvenção devem englobar todas as escolas de samba do carnaval da cidade, do Grupo Especial ao último grupo da Intendente Magalhães, de modo a promover maior dignidade aos profissionais do carnaval. Em relação a quadra, pensamos na escola de samba como experiências comunitárias fundamentais de promoção de cultura e sociabilidade. Desse modo, é papel da prefeitura incentivar que as quadras estejam abertas o ano inteiro, seja para shows, feiras literárias, campanhas de vacinação, por exemplo”.

Quais as suas ideias para o fomento do carnaval de rua e como equilibrar os mega-blocos durante o carnaval com a vida da cidade?

“Os blocos representam outra faceta da identidade da cultura carioca. Também geram oportunidades aos trabalhadores da economia informal, por exemplo, e por isso a prefeitura deve incentivar. Entendemos que uma maneira de compatibilizar o s mega-blocos com a vida na cidade é a valorização dos blocos do subúrbio, de modo a descentralizar o fluxo de pessoas”.