Fundamento da raiz do samba! Assim, a Estação Primeira pisou na Cidade do Samba. O samba tão criticado no pré-carnaval funcionou e muito com a comunidade. O trabalho do carro de som, comandado por Alemão do Cavaco, com a bateria chegou ao ponto ideal para condução de um desfile. Impressiona o que mestre Wesley faz no comando da “Tem que respeitar meu tamborim”. Qualidade musical espetacular! “Ainda” tem Evelyn Bastos, como rainha de bateria, dona do sambo né, “recheado” com beleza, carisma e responsabilidade social. * VEJA FOTOS
Moacyr Barreto, membro da comissão de carnaval da Mangueira, avaliou a abertura do Rio Carnaval como um formato que deu certo: “Tem que ter continuidade. É uma oportunidade para a escola sentir a pulsação do seu samba e compartilhar com o público um pouco do que vai levar para a avenida”. Para o diretor, o evento serviu para provar a garra da comunidade da Mangueira: “A escola está empolgada, tem o chão forte, com ancestralidade. A verde e rosa está preparada para ser a campeã do carnaval. Com todo o respeito às coirmãs, o carnaval só começa depois que a Mangueira passa na avenida”.
Para mestre Wesley, o mini-desfile não deixou dúvida sobre a qualidade do hino da escola: “Mostramos que aqueles que estavam criticando o samba da Mangueira estão muito enganados. Nesse desfile eu me emocionei, chorei, mas terminei muito feliz por provar que, quando a Mangueira pisa em qualquer lugar, é diferente. Até porque são três gênios criados no morro da Mangueira: Cartola, Jamelão e Delegado, não é qualquer escola que pode contar uma história dessas. Depois dessa noite, nossa expectativa fica maior ainda. Está tudo encaminhado pra gente pegar o caneco novamente, se Deus quiser”, afirmou.
A Verde e Rosa é uma das agremiações que possui uma gama de quesitos em que a projeção é gabaritar na apuração, principalmente, com a comissão de frente e o casal de mestre-sala e porta-bandeira. Os coreógrafos Rodrigo e Priscila realizam trabalhos impecáveis. Na Cidade do Samba, o grupo formado apenas por homens dançou o tempo todo e abriu o show mangueirense com samba no pé. Frutos de Mangueira, Matheus e Squel dignificam a arte do mestre-sala e porta-bandeira. Ele caminha para se tornar um dos maiores do quesito pela dança, mas também pelo jeito de cortejar e pelos movimentos coreográficos e ela vive o auge na Mangueira. Squel é de uma sutileza encantadora na condução do pavilhão.
Matheus, que terá a responsabilidade de ser mestre-sala em um enredo que homenageia um dos maiores da função, mestre Delegado, falou da emoção de sentir o carinho do público durante o mini-desfile.
“Eu estou muito emocionado. A gente deu tudo de si, porque ser mangueirense é isso. E a gente está honrando a nossa majestade, são três fenômenos, são três referências, para eu que sou criado no morro, para eu que vivo no morro, para eu que estou tentando ser uma referência para aquelas crianças da comunidade. Você não faz ideia da emoção que eu estava aqui hoje, viva o samba, viva o carnaval, viva a Estação Primeira de Mangueira. A gente é só felicidade, tem que segurar o jogo, só foi felicidade. Essa felicidade vai para Sapucaí. Agora o trabalho está sendo bem feito com carinho e com cuidado para o dia 23 de abril”.
Já Squel Jorgea fez questão de ressaltar a importância de ocupar os lugares que são de direito dos sambistas. “A preparação nunca deixou de acontecer, continuamos buscando dar o nosso melhor para a nossa escola, e que bom que pudemos ocupar o nosso lugar que é de fato e de direito do sambista. A Cidade do Samba é para gente e nós temos que ocupar esse lugar.
O intérprete Marquinho Art Samba, a cada ano que passa, conquista ainda mais os mangueirenses. No desafio de cantar uma obra que levou tantas pancadas, ele passou com louvor e sorrindo de orelha a orelha. Aliás, estratégia perfeita da escola parar o canto e deixar a comunidade cantar o verso “a voz do meu terreiro”, que é uma referência para Jamelão.
Marquinho Art’Samba falou sobre o evento e o mini-desfile da Verde. “Isso aí é Mangueira. Ela causa toda essa emoção aí na gente. Mangueira é mais inspiração do que qualquer outra coisa. E eu quando canto Mangueira, eu me incorporo no velho. Esse primeiro evento foi ótimo. Eu só acho que tinha que ser um pouco mais acessível para o povo, essa é minha única reivindicação. Nós ficamos dois anos sem Carnaval. Acho que vai vingar, mas tem que trazer mais o povo para cá”.
Por fim, é bonito demais ver o capricho mangueirense no figurino para o mini-desfile e sentir toda emoção dos passistas da Verde e Rosa.
Participaram da cobertura: Alberto João, Gustavo Maia, Leonardo Damico, Lucas Santos, Nelson Malfacini e Rodrigo Madureira