O torcedor e componente da Mocidade viu no desfile da escola a realização de um sonho. Há décadas o Independente pedia que Elza Soares fosse homenageada. E essa hora finalmente chegou. Chamada de Deusa no título do enredo, a escola homenageou a mulher que sentiu no corpo e na alma as dores da vida. Tornando-se símbolo de resistência e esperança para a comunidade de Padre Miguel.
Rodrigo Cirilo, 28 anos, desfilou na ala “Fênix – A reinvenção da Deusa”. O independente lembrou que a homenagem à Elza era um desejo antigo de toda torcida verde e branca.
“A Mocidade esteve muito emocionada durante todo o pré-carnaval. Nós compartilhamos essa emoção com todo público na Avenida. Elza é a cara da escola. Nenhum outro artista merecia tanto essa homenagem”, explicou emocionado.
Dois grandes artistas trabalharam muito no passado para transformar a Mocidade na potência que é hoje. Arlindo Rodrigues e Fernando Pinto. Com 63 anos, Ricardo José é um dos remanescentes daquela época. Nesse ano, o componente desfilou na ala que lembrou a importância de Elza para a comunidade LGBT.
“Elza é a nossa rainha. Eu me lembro do desfile do Salgueiro em 1969, quando ela cantou ‘Bahia de todos os deuses’. Esse é o momento em que a sua voz tem que falar mais alto. É necessário lutar contra a intolerância e essa artista representa nossa história. Elza é nossa Estrela maior”, revelou.
Regina Brito desfilou na “Não existe mais quente” por 28 anos. Mas em 2020 decidiu realizar um sonho e estreou em abre-alas. A alegoria representou os primeiros anos da luta de Elza para alcançar o estrelato. A independente contou que valeu a pena esperar tanto tempo para essa homenagem.
“Demorou muito para realizarmos esse sonho, mas hoje viemos para vencer. Toda a comunidade está emocionada. Elza representa nossa cor preta, nossa raça e nossa luta diária contra discriminação”, desabafou.