A primeira ala da Vigário Geral representa a falta de tempo dos adultos com as crianças no dia a dia da vida. Os desfilantes são muito saudosistas em relação ao tempo de infância, apesar da correria, estão sempre levando a vida de uma forma mais brincante. Suas fantasias representam muito bem a questão das brincadeiras com cores que lembram a infância.
Os detalhes das fantasias remetem às brincadeiras de criança. A ala usa um chapéu colorido, um macacão verde e azul, uma gola branca e preta, além de um pião acoplado à fantasia.
Juçara, técnica em enfermagem aposentada de 63 anos, anda sempre lado a lado com as brincadeiras em sua rotina. Para ela, o fator lúdico torna a vida mais divertida.
“Brincava muito com meus filhos. Fazia cavalinho, soltava pipa, ensinei a jogar bolinha de gude (…) O lúdico você faz, não espera acontecer. Tudo na minha vida eu faço brincando: comida, arrumar casa (…) Sinto muita falta das brincadeiras: brincar de pipa, rodar pião, ciranda, todas as brincadeira”, disse Juçara.
Marlene Souza, auxiliar de serviços gerais de 57 anos, mantém vivas as brincadeiras de criança com seu neto. Apesar de ser uma pessoa mais séria, Marlene sente falta do divertimento da sua infância.
“Brinco (com meu neto) de pega-pega, de esconde-esconde (…) Eu sinto muita falta (das brincadeiras), não tem mais. Amarelinha, pique-esconde, adorava pião. Não tem mais essas brincadeiras”, falou Marlene.
Célia Alves, tosadora e banhista de 48 anos, não tem filhos. Apesar disso, Célia sente falta do fator lúdico no dia a dia das pessoas. Segundo ela, a internet é um fator decisivo para isso.
“Sinto (falta do fator lúdico) no dia a dia. A gente perdeu um pouco do lúdico com a internet, eu acho. Acho que as crianças estão perdendo muito, antigamente a gente ficava na rua, brincava de pique-esconde, taco (…) Hoje tem coisas que não se brinca mais, até por causa da violência (…) A internet também acabou com isso”, expressou Célia.
Vanessa Cristine Fonseca, babá de 42 anos, desfilou ao lado de seu filho de 20 anos para relembrar o tempo da infância. Vanessa também acha que a informática contribuiu para a diminuição das brincadeiras de sua época.
“Brincava bastante (com meu filho), inclusive o trouxe aqui porque o tema do samba de Vigário Geral é brincadeira de criança. Eu brincava com ele do que ele mais gostava: até hoje é a bola. Como o próprio samba fala: ‘Beber água da bica, soltar pipa’. Essas coisas são mais difíceis de você ver hoje. Hoje em dia é muito informatizado”, falou Vanessa.