Por Diogo Cesar Sampaio
A Vila Isabel subiu a serra e foi até a cidade de Petrópolis buscar a inspiração para o seu enredo em 2019. E ao prestar essa homenagem ao município da região serrana do estado do Rio de Janeiro, nada mais justo do que também relembrar seus personagens históricos e figuras ilustres. E é justamente isso que azul e branca do bairro de Noel pretende fazer em seu desfile, começando logo pela comissão de frente, como conta o coreógrafo Patrick Carvalho.
“Os integrantes da comissão vêm representando alguns personagens muito importantes da história de Petrópolis. Isso a gente não tem como fugir, dos personagens maravilhosos que tem naquela terra. Então, a gente trouxe isso na comissão, e vai ser bem bacana de ver na avenida”.
Em sua segunda passagem pela agremiação, Patrick Carvalho se mostra confiante com o desfile que a Vila Isabel apresentará na avenida. Para o coreógrafo, a comissão de frente que ele prepara só será o início de uma apresentação campeã.
“A comissão da Vila Isabel em 2019 é uma comissão que vem para arrepiar e começar a busca desse título para escola. É uma comissão de frente muito lúdica, que vai cair para esse caminho do arrepio, do frio na barriga. Eu voltei para a Vila Isabel para ser campeão do carnaval. Eu não vim para Vila Isabel, de volta, só para passar na avenida, vim para ir atrás do título da escola”.
O coreógrafo retorna a Vila Isabel, após uma bem sucedida passagem pelo Paraíso do Tuiuti em 2018. Na escola do bairro de São Cristóvão, Patrick Carvalho desenvolveu a premiada comissão dos escravos açoitados que se transformavam em pretos velhos. Uma apresentação que comoveu a Sapucaí, e, que segundo o próprio Patrick, transformou a sua vida e a sua carreira para sempre.
“A comissão de frente do Paraíso do Tuiuti ano passado, representa muito para mim. Foi a comissão que mudou a minha vida e a minha carreira. Eu viajei para mais de dez países só para falar da história e do significado dessa comissão de frente do Tuiuti. Aquela comissão é, acima de tudo, a minha história. É a história de muitos seres humanos que vivem no Rio de Janeiro e no Brasil. Eu moro dentro de uma senzala, que é o morro. Então quando eu saio de casa, eu peço para ascender à luz. Quando eles querem desligar, eles desligam. Eu peço para descer, peço para subir… Isso não é viver livre. Então, eu sou um escravo do que a nossa cidade, do que o nosso país está vivendo. Eu coloquei a minha história ali, que é a história de muita gente. Eu sou um dos negros sendo chicoteado dessas formas diversas do Brasil e do Rio de Janeiro”.
Depois do sucesso com o Paraíso do Tuiuti no ano passado, Patrick Carvalho passou a ser alvo do assédio e do interesse de outras escolas. Dentre as propostas, estava a da Vila Isabel. Proposta essa que, segundo o próprio coreógrafo, ele se viu na obrigação de aceitar.
“Depois do carnaval passado, eu recebi muitas propostas. Foram cerca de oito convites ao todo. E eu tinha um dever para cumprir na Vila Isabel. Em 2017, eu passei na Vila Isabel, assinei meu nome ali, mas não cravei a minha história. Dessa vez eu volto para isso, para cravar a minha história na da escola”.
Sobre a primeira passagem, Patrick diz que serviu para lhe dar experiência e para conhecer a agremiação. Ele afirma estar mais preparado e com mais ferramentas disponíveis para desenvolver o seu melhor no trabalho que apresentará em 2019.
“Na minha primeira passagem, eu conheci a escola. Eu fui muito bem recebido. Mas foi uma ano que a escola foi muito massacrada e eu não sei o motivo. E esse ano é um ano que eu tenho 100% de estrutura na escola para trabalhar. Isso está sendo muito importante para desenvolver meu trabalho”.
E ainda sobre a comissão de frente para 2019, Patrick Carvalho revelou como está os preparativos dos figurinos. E adiantou que as vestimentas vão estar adequadas aos trajes originais que eram utilizados por cada um dos personagens históricos e ilustres que marcarão presença na comissão de frente da Vila Isabel.
“Já vi e aprovei os figurinos para esse ano. Eu tenho o Fernando Magalhães que é o meu figurinista, que me acompanha todos os anos, ele vai comigo para cada escola que eu vou. È um cara que eu confio. Eu durmo no barracão vendo que cada pedacinho do meu figurino está lindo, deslumbrante. É um figurino que é muito cara dos personagens. Então, tinha de ser aquilo. Não tem muito que mudar”.
Quando o assunto são os tripés da comissão de frente, Patrick Carvalho deu a sua opinião sobre o seu uso pelas escolas e os seus tamanhos, cada vez maiores. Ele ainda confidenciou que usará um em sua apresentação esse ano.
“O tripé hoje é fundamental para uma comissão de frente, porque você tem nele muitos recursos ao seu dispor. O tripé virou um grande palco. E no palco, você esconde e aparece com o que você precisa. Ele serve para isso. O coreógrafo que sabe usar ele ao seu favor, é a melhor coisa que tem. Aliás, a gente vem com um tripé muito lindo, não é pequeno, mas também é muito útil. Talvez, a gente seja a comissão que mais vai usar o tripé ao seu favor. Eu acredito muito nesse recurso do tripé quando ele é bem usado, independente do tamanho dele. E o nosso vai ser bem usado”.
A Vila Isabel será a segunda escola a se apresentar na segunda-feira de carnaval. O enredo “Em nome do pai, do filho, e dos santos- A Vila canta a cidade de Pedro”, trata-se de uma homenagem ao município de Petrópolis e é assinado pelo carnavalesco Edson Pereira.
