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Comissão de frente criativa e instrumentos de sopro na bateria marcam desfile do Império de Casa Verde

Tigre Guerreiro apresentou no Anhembi enredo onde questionou as histórias relatadas nos contos de fadas e clássicos da literatura infantojuvenil

O Império de Casa Verde desfilou neste sábado pelo Grupo Especial de São Paulo no carnaval de 2025. A criativa comissão de frente, a beleza do conjunto alegórico e a proposta ousada da bateria “Barcelona do Samba” foram os principais destaques do desfile, encerrado após 63 minutos. O Tigre Guerreiro foi a segunda escola se apresentar com o enredo “Cantando Contos. Reinos da Literatura”, assinado pelo carnavalesco Leandro Barboza.

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Foto: Agência Enquadrar

Comissão de Frente

Coreografada por Anderson Rodrigues, a comissão de frente do Império foi intitulada “História da Carochinha” e se apresentou ao longo de duas passagens do samba. No primeiro ato, o Tigre, que é o protagonista da coreografia, adentra “Um Reino das Entrelinhas”, que é o elemento alegórico onde toda atuação ocorre, para combater os Empoeirados da Literatura, que são os responsáveis por espalhar o inverso mal contado da literatura infantojuvenil. Uma vez vitorioso do confronto, o Tigre é coroado Rei Soberano da Avenida por personagens famosos, agora com interpretações mais inclusivas. No segundo ato, os personagens se apresentam para o público em suas novas versões: Preta de Neve, Cinderela gorda, Hermione protagonista, Harry Potter coadjuvante, Coringa herói, Batman corrupto e Riobaldo e Diadorim, do livro. Chamou atenção especialmente os atores que interpretaram os cangaceiros que se beijaram e o momento em que Coringa “acerta” um golpe no Batman. A coreografia é criativa, bem executada e é o elemento do desfile que melhor define a proposta do enredo, fazendo do quesito o principal destaque do desfile.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal do Império, formado por Rodrigo Antônio e Jéssica Gioz se apresentou representando a “Cinderela e o Príncipe”. O casal teve atuação de gala no primeiro e no terceiro módulo, cumprindo todas as obrigatoriedades com elegância e criatividade na coreografia. A forma como Rodrigo conduz a dança é majestosa, consolidando cada vez mais a qualidade da parceria de anos com Jéssica. A única observação é o fato de que no segundo módulo, onde o casal se esforçou para fazer também uma apresentação de alto nível, eles foram atrapalhados pela equipe de câmeras da transmissão oficial em duas oportunidades ao se aproximarem demais, obrigando o apresentador do quesito a afastá-los para não prejudicar a dança para aquele jurado.

Enredo

O enredo do Império apresentou duas versões dos reinos da literatura. Uma delas, contada pelos Empoeirados da Literatura, é a versão que apresenta os personagens populares com características questionáveis dentro da realidade da sociedade contemporânea. A Cinderela é sempre magra? O Coringa é realmente um vilão? Por que o Peter Pan não quer crescer? São questionamentos como esses que levam ao outro lado dessa história, contado pelo Tigre-Rei dessa Avenida. Ele apresenta uma releitura das histórias dando justas características a personagens, que deveriam representar a verdadeira face da sociedade. Nas histórias do tigre, Hermione é a protagonista, o Batman é corrupto, os Sete Anões vivem em harmonia com a ‘Preta de Neve’ e o amor no sertão encontra a liberdade para se expressar por Riobaldo e Diadorim. Todas essas representações foram divididas pelos setores dentro dos “universos” que os englobam, como a literatura clássica dos contos de fadas, a literatura contemporânea e as histórias em quadrinhos.

A proposta do enredo na Avenida, porém, teve uma abordagem longe da ideal. Com exceção da comissão de frente, que resume com maestria a ideia central, a sutileza excessiva com a qual as versões dos contos do Tigre-Rei são apresentadas nos destaques de chão faz muitas delas passarem praticamente despercebidas.

Alegorias

O Império se apresentou um conjunto de quatro alegorias e um tripé. O Abre-alas foi nomeado de “Reino dos Contos de Fadas”, e abordou estereótipos que as histórias clássicas difundiram ao longo de seus séculos de existência. O segundo carro representou os “Heróis e vilões na Gotham City das desigualdades”, com o questionamento da verdade por trás da narrativa dos personagens de histórias em quadrinhos. O terceiro carro, chamado de “Sítio do Pica-pau Amarelo e Harry Potter – Um encontro na biblioteca de alquimias”, questionou a verdadeira importância dos personagens da literatura contemporânea. O tripé veio em meio a ala “Quilombo Imperiano” e exaltou a Velha Guarda da escola. O desfile foi encerrado com o carro “Bosque dos Apaixonados”, representando os romances retratados em diferentes livros ao longo da história.

Dentro da proposta do enredo, as alegorias cumprem seu papel de apresentar os diferentes “Reinos da Literatura”. O acabamento do conjunto é irretocável, se destacando especialmente pela riqueza de movimentos que todos os carros apresentam até mesmo em detalhes menores, como os rostos presentes nas laterais do Abre-alas. Outro elemento de grande destaque no desfile imperiano.

Fantasias

As fantasias do Império foram distribuidas pela Avenida de duas diferentes formas. As alas tradicionais vieram com componentes caracterizados de acordo com as versões originais das histórias retratadas pelo enredo, enquanto a versão do Tigre-Rei, que contesta a maneira como esses contos foram apresentados para o público, foi apresentada ao longo da Avenida nas roupas dos destaques de chão.

As roupas dos componentes na Avenida apresentaram acabamento impecável riqueza de detalhes, com as alas convencionais, que representaram a versão original das histórias literárias, se destacando pela facilidade da leitura. As fantasias dos destaques de chão, usados pelo desfile para apresentar a versão alternativa do Tigre-Rei, porém, em sua maioria não conseguiram transmitir a real mensagem a qual pretendiam para o público. Algumas das ideias tinham um desenvolvimento simples demais, fazendo com que a proposta passasse facilmente despercebida por olhares menos atentos, enquanto outras tiveram interpretações dúbias.

Harmonia

O canto da comunidade da Casa Verde oscilou ao longo da Avenida. Algumas alas cantavam com mais força, com destaque para a ala que representou Riobaldo e Diadorim, mas outras continham componentes que intercalavam versos cantados, como na ala do Zorro. O coral respondeu aos apagões aplicados ao longo da Avenida, mas como ocorriam nos refrões, foge dos momentos em que os desfilantes foram observados cantando de forma mais discreta.

Samba-enredo

A obra que conduziu o desfile do Império é assinada por André Diniz, Gustavo Clarão, Darlan Alves, Fabiano Sorriso, Evandro Bocão e Marcelo Casa Nossa, e na Avenida o samba foi defendido pelo intérprete Tinga. A letra busca narrar exatamente a proposta do enredo ao apresentar Tigre Soberano, que é o “Rei dessa Avenida”, questionando o inverso mal contado pelos contos de fadas, livros e histórias em quadrinhos mais populares.

O desempenho da ala musical comandada por Tinga foi de alto nível e a atuação em conjunto com a bateria contribuiu para animar o público, e dentro de sua proposta, o samba cumpre seu papel de narrar o enredo. A leitura da obra na Avenida, porém, passou por vários momentos muito discreta, tendo em vista a falta de clareza da apresentação da proposta pelo conjunto visual da escola.

Evolução

Tecnicamente, um desfile problemático do Império. Em ao menos duas oportunidades fora do momento do recuo da bateria, nos minutos 23 e 24, a escola parou por alguns minutos. O fluxo do cortejo foi inicialmente lento, com o último carro demorando para entrar na Avenida. Na parte final do desfile, a evolução acelerou de forma considerável para evitar problemas no fechar dos portões, que ocorreu com uma pequena sobra após 63 minutos. Em função do volume de algumas fantasias, parte das alas demonstraram dificuldades para evoluir pelo Anhembi, sendo outro fator agravante para o quesito.

Outros destaques

Musicalmente falando, o desfile imperiano foi fantástico. A bateria “Barcelona do Samba” incorporou instrumentos de sopro ao conjunto, como saxofone e trompete, fazendo com que o clima do desfile ganhasse ares de um tradicional carnaval de rua. Ideias criativas como essa sempre são bem-vidas e espera-se ver mais ideias criativas como essa no futuro. A rainha Theba Pitylla veio fantasiada de Mulher-Gato e levantou o público com muito samba no pé.

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