Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins
O Camisa Verde e Branco realizou, na noite do último sábado, o seu segundo ensaio técnico visando o Carnaval 2024. Justamente uma semana após o primeiro treino, dá para analisar que houve uma melhora considerável em todos os quesitos, principalmente no canto e empolgação dos componentes. Esse foi o ponto alto do ensaio. Uma harmonia com apresentação em desempenho linear marcou o teste. Outro ponto positivo foi a comissão de frente. Muito bem ensaiada, a ala mostrou uma apresentação teatralizada com simbolizações à entidades de matriz africanas, sendo interpretadas com excelência pelos integrantes. O Camisa Verde e Branco terá a oportunidade de fazer mais um ensaio, que será na próxima sexta-feira. A escola tem como enredo para o próximo carnaval: “Adenla – O Imperador Nas Terras do Rei”, do carnavalesco Renan Ribeiro.
O vice-presidente e diretor de carnaval, João Victor Ferro analisou o ensaio. “Mais uma vez a escola entrou em uma pegada de superação, pois estava chovendo muito antes do ensaio, então vindo para cá estava preocupado com relação ao contingente. Chovendo, vamos relevar essa questão de não ter muita gente, chego e vejo a escola grande, é um ponto super positivo. A escola estava cantando muito mais que no último ensaio, senti a escola mais compacta, evoluindo melhor que no último ensaio, então em uma questão de análise, é lógico que vemos vídeos depois, e aí faz reunião com direção de harmonia para ver como foram os outros setores. Pois eu venho na cabeça da escola, mas uma análise bem geral, acredito que melhorou muito em relação ao último ensaio”, avaliou.
Comissão de frente
A ala, comandada por Luiz Romero, teve um grande desempenho no ensaio. A comissão se apresentou com 15 componentes, sendo dois deles, personagens principais, simbolizando as figuras de Oxóssi e Exú. Na coreografia, os outros 13 integrantes dançavam pela pista saudando o público, enquanto outro elemento entregava uma espécie de oferenda ou presente para Exú, que erguia a bacia aos céus. Isso era feito em um ato. Em outro ato da dança. Todos os componentes agachavam, como uma espécie de saudação e o personagem representando Oxóssi, entrava pelas alas e fazia movimentos típicos de orixá, como arco e flecha.
Uma comissão de frente bem teatralizada e, aparentemente, de fácil percepção. Destaque para o homem que representou Exú. Postura impecável nos movimentos que a entidade realiza. Vale ressaltar que a ala pegou a pista ainda molhada devido à grande chuva que as escolas anteriores sofreram, mas nada de grave aconteceu. Os integrantes lidaram bem com a situação.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Alex e Jéssika teve uma apresentação satisfatória no treino. A dupla, mesmo com a pista ainda molhada, conseguiu mesclar seus giros horários e anti horários com a coreografia dentro do samba de uma maneira válida. Chama a atenção a feição de foco que o mestre-sala tem. Já a porta-bandeira, o sorriso no rosto. A sincronia dos dançarinos funcionou bem.
“A chuva na concentração e a pista molhada não nos prejudicou muito, não. Foi tranquilo. Dançamos e entregamos como sempre, com um pouco mais de cautela por conta da pista, mas entregamos o trabalho com leveza, sutileza e força – já que somos um casal de força. Foi tudo tranquilo”, disse o mestre-sala.
“Vimos a chuva e aproveitamos para trocar os calçados, para nos precavermos. Mas, em relação a escorregar, de fato, foi bem tranquilo. Executamos o que a gente planejava”, contou a porta-bandeira.
De acordo com Jéssika, a coreografia dentro do samba ainda está em andamento”A gente adaptou algumas coisas por conta do novo formato do Anhembi, ainda estamos em processo de adaptação. Também estamos fazendo algumas adaptações na coreografia, colocamos hoje em prática, mas ainda vamos ensaiar mais um pouco na próxima semana para chegar no dia do desfile redondinho”, declarou Jéssika.
A evolução está em processo, segundo Alex. “A gente está fazendo tudo com muito amor e carinho, trabalhando. A cada ensaio que fazemos, descobrimos algo a se melhorar – e, o que está bom, sempre achamos que dá para melhorar mais ainda. Estamos sempre nesse processo de evolução e adaptação”, comentou Alex.
Harmonia
Por ser um dos sambas do Carnaval 2024, o Trevo da Barra Funda está engajado com a trilha-sonora. Soma-se ao fato da volta ao Grupo Especial, ocorre uma explosão no canto da escola. Vale ressaltar que houve uma melhora considerável para o ensaio do sábado anterior.
As alas estão entrosadas entre si, muito por conta que neste ensaio, se teve a presença de som no Anhembi inteiro. O refrão chiclete com a letra muito bem elaborada do “Deus perdoe quem não é Camisa” pegou nos componentes da Zona Oeste.
Evolução
Entre as alas houve um clima mais solto, de descontração. A maioria dos componentes nas fileiras estavam evoluindo de um lado para o outro. Não havia coreografia específica, apenas palmas ou braços para cima. Apenas nas partes de “A flecha certeira de Oxóssi” e “Okê Arô”, os desfilantes faziam o arco e flecha, do orixá Oxóssi caçador.
No momento do recuo de bateria, houve uma entrada diferente. Os ritmistas avançaram além do box e isso fez com que a escola inteira parasse por um tempo. Havia um claro sinal de mãos fechadas entre os harmonias para os componentes pararem devido ao movimento. Não se sabe se é erro, mas a “Furiosa” ingressou de forma diferente no espaço.
Samba-enredo
O intérprete Igor Vianna comanda o carro de som com maestria e influência em uma ala musical bastante entrosada. A voz do cantor potencializou um dos sambas do ano. O entrosamento com a bateria “Furiosa”. Igor faz os cacos necessários para o componente do Camisa cantar o samba. Se dedica muito para a comunidade.
Vale destacar o novo alusivo que estão cantando antes de ir para a largada do samba, além de uma música para Oxóssi.
O intérprete Igor Vianna exaltou a sua ala musical no ensaio deste sábado. “A gente está fazendo um trabalho com muito carinho para o Camisa Verde e Branco, que está se materializando aqui na avenida. Faltam uns pequenos ajustes, e vocês podem ter certeza de que o Camisa virá com o meu trabalho, tanto na parte plástica quanto na parte musical. E a gente está sendo abençoado porque nem a chuva quis vir molhar a gente”, disse.
Vianna disse que o canto melhorou do último treino para esse sábado, corroborando com a análise feita da harmonia. “O canto da escola. Do último treinamento da semana passada para hoje, o canto da escola deu um ‘up’. Foi uma evolução enorme”, opinou.
Por fim, o cantor contou que deve ajustar o condicionamento. “Eu digo da minha parte. Eu acho que a gente, não só eu, como o meu carro de som, principalmente eu, a gente tem que acertar o nosso condicionamento. É isso que eu tenho que falar. O Camisa pode chegar e a gente vai fazer o melhor”, avaliou
Outros destaques
A bateria “Furiosa” do mestre Jeyson Ferro, teve grande apresentação, com destaque para as bossas apresentadas e a famosa caixa. O diretor analisou o ensaio. “Todo ensaio é um aprendizado e tem algo para corrigir e melhorar no próximo. Como todas as baterias, a minha não é diferente. A gente tem que arrumar alguma coisa aqui e ali para que a gente possa não ter nada de errado. Sobre as bossas, nós aproveitamos o máximo aqui. É lógico que não vou soltar o que eu soltei hoje. Só vou fazer nas cabines de jurados. Mas como é um ensaio a gente testa várias vezes para ver se não perde o andamento”, explicou.
As baianas do Camisa estavam com vestimentas intercaladas. Algumas vestiam um verde brilhante e outras todas de branco. As mães do samba sorriam e também cantavam o samba.
A rainha de bateria, Sophia Ferro, sambou no pé com uma fantasia de gato preto com adereços na cabeça. A sambista evoluiu e interagia com o público, podendo ir até longe da bateria.
Algumas alas estavam com bexigas ou bexigões em verde e branco, o que dava um belo contraste, principalmente quando os componentes erguiam os braços.