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Com enredo dedo na ferida, o Camisa Verde e Branco faz um desfile seguro

Trevo passa pelo Anhembi com muitos recados sociais e agita público

O Camisa Verde e Branco foi a terceira escola a desfilar no Grupo de Acesso I na noite deste domingo. A comunidade da Barra Funda teve destaque nos recados gerais que a escola mandou através das fantasias, samba e alegoria. Outro ponto é a Bateria Furiosa da Barra que levantou o público em seus apagões. No modo geral fez um desfile bem segura, sem um destaque negativo para apontar.

Comissão de Frente

Comandada por Gabriela Goulart, a comissão de frente fez sua apresentação com um destaque central, uma criança que fugia dos outros componentes, era encontrada e acusada por eles. Este destaque de vestimenta amarela e verde, uma criança, procurava espaço no grupo vestido todo no verde tons escuros e claro. Uma máscara no grupo e sincronismo entre eles que formavam linhas seja lateral ou de frente na pista, em um ato levantavam o menino, era ele quem guiava todos. Por vezes formavam uma linha lateral, fechando espaço para o personagem que buscava seu espaço, mas não conseguia, assim era a apresentação, até que era cercado, apontavam o dedo com ele ajoelhado no chão e depois era levantado. Foi uma apresentação segura e deu para entender o recado da criança ser invisível buscando seu espaço em meio aos outros.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Alex e Jessika mostrou entrosamento com o pavilhão desfraldado nos primeiros módulos, giros horários e anti-horário completos. Levantaram público no Setor B com bailado e apresentando seu pavilhão, a conexão no toque de mão e a troca de olhares também foram destaques na apresentação. Na vestimenta roupas em tons de verde e detalhes em prata, fizeram sucesso com o público. Vale citar os guardiões do casal com cozinheiros e enfermeiros, já trazendo o contexto para o enredo.

Harmonia

O Trevo passou pela avenida com muita leveza, cantando, e levantando o público em alguns setores, principalmente pelo fator Bateria Furiosa da Barra, e isso alavancou ou ajudou melhor, ajudou a comunidade, que em momentos explodiu junto com o samba. Principalmente o primeiro setor que estava bem animado, veio em uma sequência curiosa com velha guarda, crianças e passistas, mas bem feita, mesmo sendo alas que em tese cantam menos, estavam animadas. Para contextualizar, destaco a ala após o abre alas, estava cantando bastante e animada na pista, eles continham vasos nas costas da fantasia. E as crianças, bem animadas, felizes de estarem representando sua escola.

Enredo

O enredo foi um dos destaques no ponto central do Camisa Verde e Branco no Sambódromo do Anhembi. Colocou o dedo na ferida, buscou dar vozes a ‘Invisíveis’ diante da constituição, o que é algo bem Camisa Verde dos anos 80. O desenvolvimento disso na avenida foi interessante, dentro das alegorias e fantasias, mostrou sentido e facilidade em entendermos, o que era muito importante neste desfile que é dito como um manifesto pela escola, precisava dar o recado, e assim foi na pista.

Trazendo pessoas importantes em causas, o Camisa veio com Irmã Dulce pelo direito à saúde, Paulo Freire na educação, Orlando Villas-Bôas nos direitos dos povos originários, Zilda Arns no direito das crianças, Lélia Gonzalez nas questões raciais, na segurança pública com Marielle Franco era uma ala, e por fim, Betinho pela alimentação.

Evolução

A agremiação da Barra Funda teve uma evolução bem compacta e tranquila dentro do seu desfile, fechando o portão com 55 minutos e 37 segundos. Senti a escola leve, foi crescendo durante os ensaios e assim foi durante a apresentação no dia do desfile, com organização nas alas. Algumas alas com pequenas coreografias, que davam movimento, mas ao mesmo tempo também tinha agitação dos componentes por livre e espontânea vontade, o que é bem importante, ver componentes se divertindo.

Samba-enredo

Interpretado por Igor Vianna, o Camisa Verde e Branco teve uma samba que buscou colocar o dedo na ferida mesmo. O refrão que diz: “Até quando a pobreza irá sustentar. Ariqueza de homens que assolam o país? E o Camisa é a força de expressão. E a Barra Funda um canto que nos faz feliz”, conta muito sobre isso que trouxeram neste desfile.

O desempenho da ala musical foi de bom nível, Igor Vianna entrosou junto com o time de canto, mesmo com apenas um ensaio técnico, mostrou sua potência na voz e alavancou o samba do Camisa que é um verdadeiro manifesto. Assim como o samba funcionou junto à comunidade, bateria, e a ala musical, funcionou e deu para notar melhor nas paradinhas.

Fantasias

No quesito foi o momento em que a escola pode reproduzir e dar vozes para inúmeros movimentos sociais. O primeiro setor era isso, mostrar onde nascem, quem são, onde vivem, era toda uma apresentação sobre os ‘Invisíveis’.

Depois nos outros setores chegam debates sociológicos, e mostram alguns heróis. Então nele vimos representantes como a Bandeira da África do Sul, representando Mandela, em seguida tinha ala com o rosto de Marielle Franco e era uma ala em um tom vermelho mais escuro. Assim iam aparecendo ‘heróis’ que lutam pelas causas. Destaco também uma fantasia pelo contexto final do desfile, as passistas plus com interrogação, logo a frente da terceira alegoria. Outra fantasia era com tons das cores do arco íris e LGBTQI+. Baianas de branco e azul com pássaros e cruzes pela roupa. Não eram fantasias luxuosas, mas totalmente dentro do contexto e fácil de serem observadas.

Alegorias

O jovem carnavalesco Renan Ribeiro tem uma ideia de carnaval que é em dimensões que o público possa acompanhar seja na pista, camarotes e arquibancada, ou seja, tem movimento desde o primeiro andar até o último, dando um contexto para o público. E o desafio foi completo, bem verdade que não eram alegorias enormes ou tão luxuosas, mas dentro do contexto do enredo, principal destaco a primeira alegoria.

Primeira alegoria com muita interação, funkeiras dançavam na parte de trás que também tinha um bar com velha guarda. Na pista ‘Espaço Favela’ e grafites nas laterais. Coisas penduradas com tênis, e muitas janelas e sempre pessoas nelas. Na frente o Camisa escrito como se fosse em um varal, postes de luz e uma frente de um ônibus escrito ‘Barra Funda, 1953’, data de fundação da agremiação.

A segunda alegoria com cúpulas em cima, e era referência a educação, já que tínhamos lápis na frente dela, alunos nas laterais, livros abertos com escritas. Atrás tivemos uma prateleira de livros fechados.

A terceira alegoria era com perguntas, e deixando um recado para o futuro, atrás da alegoria estava um símbolo da constituição preto é escrito invisíveis até quando? O último carro vem com uma destaque na roupa LGBT, bandeiras verdes trêmulas. Vale ressaltar várias interrogações durante toda alegoria, deixando no ar sobre o futuro.

Outro destaques

A bateria Furiosa da Barra comandada pelo Mestre Jeyson Ferro fez uma apresentação com repertório de bossas. Aos 14 minutos paradinha que levantou Setor B, e em seguida, aos 18 minutos, público veio junto no Setor B. Não parou por aí, aos 29 minutos, outra paradinha, foi voltando aos poucos, ‘no igualdade e respeito’ foi em definitivo, apresentação para ser destacada.

Uma bailarina na frente da bateria deu show sambando nas pontas dos pés, a frente da bateria, foi um show à parte, passou pela avenida assim, realmente incrível. A madrinha Hariadne Díaz com o símbolo do MST na fantasia, e a rainha Sophia Ferro que veio de branco e dá um show de amor a comunidade, sempre cantando muito e entregando o que se espera de um grande pavilhão.

O Padre Julio Lancelotti deu seu recado para a comunidade antes da entrada e foi muito forte, motivando a comunidade.

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