InícioSérie OuroImpério da TijucaCom as 'Cores do Axé', Império da Tijuca faz desfile leve e...

Com as ‘Cores do Axé’, Império da Tijuca faz desfile leve e sem erros

Sétima escola a desfilar no segundo dia da Série Ouro, a verde e branca do Morro da Formiga encerrou a sua apresentação já debaixo do sol com 55 minutos

Por Diogo Sampaio

Ao amanhecer do dia, o Império da Tijuca presenteou o público que permaneceu no Sambódromo após a maratona de desfiles deste segundo dia da Série Ouro com uma apresentação leve e empolgante. Tendo como trunfo um samba que já era muito celebrado no pré-Carnaval, e que teve um alto rendimento na Avenida, a verde e branca do Morro da Formiga teve uma harmonia e uma evolução sem erros, casada com uma parte plástica bem acabada e caprichada nos detalhes. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

Porém, a falta de impacto da comissão de frente e o alto nível de competitividade entre as escolas do grupo pode ser um empecilho na briga pelo título e o retorno para a elite da folia carioca. Com o enredo “Cores do Axé”, o primeiro Império do samba foi a sétima agremiação a passar pela Marquês de Sapucaí e terminou a sua apresentação com 55 minutos, tempo máximo previsto em regulamento.

Comissão de Frente

Assinada pelo coreógrafo Jardel Augusto Lemos, a comissão de frente do primeiro Império do samba veio representando “As Cores do Sagrado”. Realizada em três atos, a apresentação abria com os orixás Exú e Oxóssi, passava pela essência da arte de Carybé como elo à diversidade cultural e traduzia, em movimentos, as chamadas cores do axé.

Em um dos momentos de destaque, os 15 componentes, cada um representando uma entidade diferente, formava com suas ferramentas o nome do artista homenageado. Já o encerramento ocorria quando era estendida uma bandeira da escola e bombas de fumaças coloridas eram disparadas.

Apesar de sintetizar bem o enredo, a comissão não gerou impacto no público. Além disso, nas duas primeiras cabines de julgamento, os componentes da comissão demostraram dificuldade para abrir a bandeira, o que pode ser motivo para o desconte de décimos da nota.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Renan Oliveira e Laís Ramos, veio com a fantasia “Orum ayê na Imensidão de Olodumarê”. A proposta do figurino de ambos foi simbolizar a energia da criação divina representada pelos orixás mais velhos. Com uma dança bastante coreografada, os dois realizaram diversos passos em sincronia a letra do samba. Um exemplo era a simulação do toque de um tambor durante o segundo refrão do meio.

Enredo

Desenvolvido pelos carnavalescos Junior Pernambucano e Ricardo Hessez, o enredo “Cores do Axé” fez uma homenagem ao pintor argentino Carybé. Apaixonado pela cidade de Salvador, na Bahia, o artista expressou em suas obras a cultura local de maneira singular, trazendo elementos do candomblé, do samba e da capoeira em suas pinturas, esculturas e ilustrações. Tais características foram reproduzidas nas fantasias e alegorias de forma clara para que o público, mesmo quem não conhecesse o homenageado, conseguisse identificar e entender o que estava sendo contado.

Samba-Enredo

O samba-enredo assinado por Samir Trindade, Ricardo Simpatia, Bachini, Julio Pagé, Wagner Zanco, Osmar Fernandes e Almeida Sambista comprovou na pista o motivo de ter sido uma das obras mais elogiadas da safra da Série Ouro no período do pré-Carnaval. A melodia contagiante casada a letra relativamente simples, apesar de trazer algumas palavras do dialeto iorubá, fez com que o samba funcionasse durante a passagem pela Marquês de Sapucaí e auxiliasse na criação de uma atmosfera leve para o desfile.

Harmonia

Com um bom samba em mãos, o Império da Tijuca soube tirar proveito e alcançou uma das melhores harmonias do segundo dia de desfiles da Série Ouro. De ponta a ponta, era notório o canto forte nas alas. A performance do carro de som, comandando pelo intérprete Daniel Silva, fez a obra contagiar quem estava assistindo, sendo possível perceber pessoas nas frisas e nas arquibancadas cantando junto da escola.

Evolução

Assim como a harmonia, a evolução foi outro quesito em que o Império da Tijuca não teve erros. Apesar do ritmo mais cadenciado, a escola soube administrar muito bem o tempo de desfile e não precisou correr em momento algum. Somado a isso, o fato das alas terem se apresentado de maneira mais livre, sem a rigidez das fileiras, deu uma leveza para passagem da agremiação.

Fantasias

A parceria inédita entre Junior Pernambucano e Ricardo Hessez rendeu bons frutos para a parte plástica da verde e branca do Morro da Formiga, especialmente quando o assunto são as fantasias. O conjunto chamou atenção pela clareza na leitura do significado de cada figurino, aliada um bom acabamento das peças e a riqueza de detalhes.

Entre aquelas que mais se destacaram ao longo da apresentação, a fantasia da bateria, intitulada de “Devotos de Bonfim”, e as baianas, com uma indumentária chamada “Oferendas”, tinham em comum o fato de trazerem ilustrações de Carybé estampadas. Já um ponto negativo do conjunto ficou pela repetição da mesma fórmula no último setor, no qual as alas “Feira dos Objetos de Axé”, “Na Ginga da Capoeira” e “Boêmia” usaram penas artificiais verdes em formato similar no costeiro.

Alegorias e Adereços

Na mesma linha das fantasias, as alegorias do Império da Tijuca se destacaram pelo acabamento bem feito e o esmero nos detalhes. Com o nome de “Risca a Vida na Madeira”, o abre-alas de estética rústica trouxe as cores da escola, o verde e branco, se misturando aos tons amadeirados para lembrar os 27 painéis esculpidos pelo artista Carybé representando os orixás. Uma escultura de Oxóssi veio à frente do carro, junto com vários animais, fazendo toda ligação do axé com o verde das folhas.

Na sequência do desfile, a segunda alegoria, intitulada “Axé Plantado no Terreiro”, trouxe dois cenários. Na frente, todo o acabamento e delicadeza da orixá Oxum e o predomínio do dourado. Já na parte traseira, a cor azul misturada ao cobre e a presença de elementos para fazer referências a Ogum.

Depois, o tripé “Dois de Fevereiro” fechou em grande estilo o terceiro setor. As duas esculturas de Iemanjá nas laterais, carregando os tradicionais barcos azuis e brancos de oferendas, chamaram a atenção não só pelo primor no acabamento, mas principalmente pela pintura de arte realizada nelas.

Mantendo o mesmo nível dos anteriores, o terceiro carro, chamado “No Altar da Feijoada Emoldurados na Fé”, fechou o quarto e último setor. A alegoria, majoritariamente verde e branca, celebrou o axé das feijoadas de Ogum pela obra de Carybé e pela fé do Império da Tijuca.

Outros Destaques

As baianas do Império da Tijuca roubaram a cena. Além da fantasia de estilo tradicional, com direito a renda branca e pano da costa, as senhoras desfilaram soltas e com uma alegria contagiante. Elas não ficaram presas a fileiras e nem se contiveram nos giros, além de terem mostrado um canto forte.

Reinando à frente dos ritmistas da “Sinfonia Imperial” desde o Carnaval de 2005, Laynara Teles foi outro destaque da apresentação. Com uma fantasia luxuosa, toda prateada, a beldade demonstrou bastante simpatia ao interagir com o público das frisas e esbanjou samba no pé.

- ads-

Vai-Vai busca emoção e quer fechar o sábado de carnaval

Maior campeã do carnaval paulistano, com quinze títulos do Grupo Especial, o Vai-Vai está prestes a começar o ciclo do carnaval de 2025 com...

Camisa Verde e Branco comemora permanência no Especial e tem escolha de horário traçada

O Camisa Verde e Branco será uma das últimas escolas a decidir o dia e horário para o desfile no segundo ano consecutivo no...

Conheça o enredo da Botafogo Samba Clube para estreia na Marquês de Sapucaí

A Botafogo Samba Clube divulgou o seu enredo para o Carnaval de 2025 no início da noite desta quinta-feira, data em que se comemora...