A Tradição foi a sétima escola a desfilar na sexta-feira da Série Prata na Intendente Magalhães. A escola trouxe o enredo “Trono Negro”, falando sobre a história da realeza africana. Mostrando um lindo trabalho plástico, boa comissão de frente e um ótimo samba, a agremiação se credenciou com uma das principais postulantes ao acesso para a Série Ouro.
Comissão de Frente
Coreografada por Allan Carvalho, o grupo veio com 12 integrantes, sendo oito homens, como folhagens de Gaia, e quatro mulheres, como divindades de Gaia, representando o ritual de purificação para a realeza preta passar. A apresentação teve força nos movimentos e boa sincronia. O elemento cenográfico tinha bom acabamento, e uma escultura que girava e levantava, além de efeitos de luzes.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Rômulo Diniz e Raquel Silva, exibiu uma boa dança, com leveza e entrosamento, unindo elementos tradicionais com movimentos mais coreografados. A indumentária era bonita e bem acabada, nas cores marrom, branco e laranja, representando a realeza africana.
Enredo
O enredo desenvolvido pela Tradição era um manifesto buscando colocar o povo preto em tronos. Para isso, retratou a história da realeza negra africana, passando por vários impérios, chegando até os dias atuais com vários líderes de representatividade preta.
Alegorias
A Tradição levou um tripé, um quadripé, e duas alegorias para seu desfile. Todas mostraram ótimo acabamento, boa iluminação e trabalho de cores previlegiando o amarelo, vermelho e laranja. Com imponência, riqueza de detalhes e passando um ar luxuoso, o conjunto alegórico se mostrou de alto nível, sendo um dos melhores trabalhos apresentados no grupo.
Fantasias
De forma semelhante às alegorias, a escola mostrou um grande nível de acabamento e beleza em suas fantasias. Um trabalho com belas combinações de cores, materiais de ótima qualidade e acabamento excelente. Passando um ar luxuoso, retratou muito bem o mote do enredo. Algumas eram mais volumosas, outras traziam adereços de mão. Destaque para a ala “Realeza Africana em Cortejo”, “Folhas de Ouro” e a ala das baianas. Entretanto, a fantasia da ala “Rei Idris Alooma” destoou do conjunto, passando bem simplificada em relação ao projeto da escola.
Harmonia
O canto da comunidade se mostrou irregular, com algumas alas entoando a obra em baixo volume, e outras alas mostrando uma força maior no canto. A harmonia subiu de produção durante a passagem das alas no cortejo. O trecho mais cantado era o refrão principal.
Samba-enredo
Composto por Lico Monteiro, Valtinho Botafogo, Jefferson Oliveira, Rafael Tubino, Victor do Chapéu, Lucas Macedo, Leandro Thomaz, João Perigo, Gabriel Lima, Sukata, Daniel Rizzo, Filipe Zizou, Richard Valença, Jairo Roizen e Telmo Augusto, a obra musical da Tradição retratou muito bem o enredo, com uma letra forte e melodia valente. O samba foi bem defendido no desfile pelo intérprete Lico Monteiro, que mostrou muita força e energia no canto e no incentivo aos componentes.
Evolução
O ritmo de desfile da escola na pista da Intendente Magalhães foi bastante adequado, sem acelerações ou pausas mais longas. Os componentes se mostraram animados. A única ressalva fica para um pequeno buraco aberto na terceira cabine de jurados, entre a última ala e o último carro alegórico.
Outros destaques
A bateria “Explosão de Elite” comandada pelo mestre Átila exibiu um ótimo desempenho na sustentação do ritmo, com bastante firmeza e peso, ajudando a impulsionar o rendimento do samba-enredo.