Era a época dos bailes carnavalescos. Cada clubinho suburbano, por mais mixuruca que fosse, promovia a sua Noite no Havaí. E todos mandavam um monte de convites e credenciais para os jornais, pedindo a divulgação dos bailes, preços de ingressos e mesas, e se possível, fazer a cobertura do evento.
No jornal O Dia, para não haver confusão, todo o material era concentrado nas mãos de uma estagiária, encarregada de fazer o resumão de todo o noticiário que seria publicado no Caderno de Carnaval.
Acontece, porém, que no meio daqueles convites e informes foi junto um release da Arquidiocese do Rio de Janeiro, que convocava os fieis para quatro dias de retiro espiritual no Maracanãzinho. Como a moça já vinha no embalo, não se deu conta do perigo e escreveu a seguinte preciosidade:
“A Arquidiocese do Rio de Janeiro promoverá bailes populares no Maracanãzinho durante os dias de folia. Entrada: grátis!”
Do Palácio São Joaquim, o cardeal arcebispo D. Eugênio Sales ligou para a redação, à beira de um enfarte:
– Os telefones não param! Façam alguma coisa, pelo amor de Deus! Todo mundo quer convites para esses bailes que vocês inventaram!