O primeiro desfile a gente nunca esquece: O meu foi em 1974, na Av. Rio Branco. Ao lado do fotógrafo Wilson Alves cobrimos a apresentação de 14 Escolas de Samba do Segundo Grupo para a Última Hora. E acertamos as vencedoras: União da Ilha do Governador e Unidos de Lucas, promovidas para o Primeiro Grupo.

Mas o que ficou gravado na memória foi uma passagem ocorrida durante o desfile da Lins Imperial. O enredo era “Cobra Norato”, lenda amazônica de uma cobra que protege pescadores e navegantes durante o dia; mas, com a chegada da noite, o réptil deixa o rio para se transformar num rapaz que sai pegando a mulherada.

A alegoria principal – e única, se não me engano – era a tal cobra de dupla personalidade. Vinha num carrinho pequeno, um pouco maior que uma barraquinha de cachorro-quente. Mostrava apenas a cabeça, numa ponta, e o rabo, na outra, dando a entender que o restante do corpo estava enrodilhado dentro de uma caixa. Mas, infelizmente, uma das
laterais da caixa caiu, deixando claro que não havia absolutamente nada em seu interior.

Na frente do carro, um diretor gesticulava para os dois empurradores. A orientação era ziguezaguear, tentando esconder a parte vazada do caixote. Mas, quando chegou bem em frente à cabine de julgadores, os rapazes se atrapalharam. Em vez de esconderem o defeito, colocaram a lateral vazada bem na cara do jurado de Alegorias.

15mar norato1

Desesperado, o diretor levou as mãos à cabeça e soltou um palavrão. O julgador fez aquela cara de quem comeu e não gostou…

– Putz! – lascou a caneta.

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