Tempos difíceis para a Foliões de Botafogo, no início da década de 70, relegada ao terceiro e derradeiro grupo. Com o caixa baixo e sem nenhuma perspectiva de grana, a diretoria optou por um enredo barato: “A Primeira Missa no Brasil” – sentenciou o presidente, anunciando a solução: “Vem todo mundo de índio”. Mas até os índios andavam escassos. Diante do fracasso que se desenhava, ninguém se animava a desfilar. Os ensaios eram uma lástima.
Um dos diretores resolveu pedir socorro a um amigo da Zona Oeste, presidente de um bloco de Realengo – cuja tradição era carregar para as ruas do bairro centenas de foliões fantasiados de índios. Seria a salvação.
A direção da Foliões se comprometeu a enviar cinco ônibus a Realengo para trazer a tribo inteira. E assim foi. No dia e horário marcados, os ônibus encostavam na concentração da Rio Branco, trazendo uma legião de guerreiros suburbanos.
Eram centenas de apaches, bem ao estilo Velho Oeste norte-americano, com roupas franjadas, tiras de esparadrapo no rosto e cada um com uma espingarda na mão. Não tinham absolutamente nada a ver com os nossos tupi-guaranis.
Mas não ficou por aí. Cercando o encabulado Frei Henrique Soares, os apaches da Foliões também faziam uma estranha coreografia. Voltavam-se todos para a direita, levantavam o trabuco e bradavam a uma só voz:
– Uhhhh! Depois, marchavam para o lado oposto, levantavam a espingarda e… – Uhhhh! Até que um dos diretores de harmonia, espumando de raiva, perdeu a paciência: – Que vocês não cantem o samba eu até admito. Mas, vão vaiar o cacete!
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