Estávamos transmitindo os desfiles da Série A para a Rádio Globo. Davi Rangel na locução, eu nos comentários, Guilherme Grilo, Marcela Capobianco e Diana Rogers na pista. Nossa cabine ficava bem em frente ao Setor 1.

Davi anunciava a entrada da Escola, dava as informações básicas – enredo, carnavalesco, alegorias, componentes, etc. – e, decorridos uns seis ou sete minutos, pedia que eu comentasse a abertura do desfile.

Desde então, rolava um papo delicioso com os repórteres da pista, colocando o ouvinte dentro do desfile.

A cada alegoria que entrava, Davi passava o microfone para que eu situasse o carro no contexto do enredo. E assim foi, Escola por Escola, até que ele anunciou:

– E agora, entrando na Avenida, a terceira alegoria… o carro da Fortaleza de São João.

Levei um susto. O enredo não falava nada disso. Recorri ao livro fornecido pela Lierj e também não encontrei nenhuma informação a respeito.

Disse estar havendo algum engano, pois o enredo não falava na Fortaleza de São João. Davi discordou. Apontou para as gorduchas que vinham nos queijos mais altos e alegou:

– Só pode ser, Cláudio. Olha só quantos canhões!

Tive que desligar o microfone.

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