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Chegou pra ficar! Unidos de Padre Miguel brilha em seu retorno ao Grupo Especial com um conjunto visual impressionante

Após décadas de espera, a Unidos de Padre Miguel finalmente pisou na Marquês de Sapucaí, abrindo com grandeza a primeira noite de desfiles do Grupo Especial no Carnaval 2025. A imponência visual foi, sem dúvida, o grande destaque da apresentação. Os carnavalescos Alexandre Louzada e Lucas Milato realizaram um trabalho estético impressionante, respeitando as características da escola, que sempre prezou pela grandiosidade. O desfile trouxe requinte e extremo cuidado, tanto nas alegorias quanto nas fantasias, resultando em um conjunto visual luxuoso e impactante. Além do apuro estético, os quesitos de chão também foram excelentes, com destaque para a evolução, que manteve-se coesa e bem distribuída do início ao fim.

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Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO

O desfile do “Boi vermelho” era cercado de grandes expectativas no mundo do samba, e ao final do cortejo, todas foram correspondidas. A apresentação consolidou a Unidos de Padre Miguel como uma das melhores escolas a abrir os desfiles do Grupo Especial.

A vermelho e branca da Vila Vintém levou para a Avenida o enredo “Egbé Iyá Nassô”, em homenagem a Iyá Nassô, fundadora da Casa Branca do Engenho Velho, o primeiro terreiro de Candomblé do Brasil. O tema foi desenvolvido pelos carnavalescos Alexandre Louzada e Lucas Milato, e a escola encerrou sua apresentação com um tempo total de 78 minutos.

Comissão de Frente

A Comissão de Frente da Unidos de Padre Miguel, coreografada por Sérgio Lobato, apresentou o conceito “De Orí para Orí”, representando a força espiritual da ancestralidade e a jornada de Iyá Nassô.

A apresentação simbolizou a proteção e a autorização dos orixás para a saga de Iyá Nassô no Brasil. A dança sagrada de Ayrá formava um redemoinho de resistência, enquanto a Coroa de Xangô, carregada de fé ancestral, abria caminhos e guiava a sacerdotisa. Iyá Nassô surgiu ao lado de Iyá Adetá e Iyá Akalá, guardiãs dos segredos de Ifá, iniciando sua missão envolta nos mistérios do Axé.

A cenografia trouxe um cenário onde todos os componentes vestiam branco, evocando espiritualidade e conexão com os orixás. A coreografia, pautada em movimentos afros e religiosos, reforçou a narrativa sagrada.

A apresentação utilizou uma passada e meia do samba-enredo e foi dividida em dois atos: o primeiro, no chão, e o segundo, sobre o elemento cenográfico. No momento em que os componentes do chão desapareciam, as mães de santo surgiam no carro por meio de elevadores. O grande ápice foi a aparição de Xangô, que emergia em uma espécie de mola, evoluindo sobre a coroa. A execução foi precisa e impecável em todas as cabines de jurados.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Vinicius Antunes e Jéssica Ferreira, representou a corte real de Oyó e ostentou um figurino imponente, com tons de branco e prata. A passagem da dupla pela avenida teve uma crescente ao longo das cabines de julgamento. No primeiro módulo, a execução da coreografia foi lenta, o que gerou dificuldade para que Jessica conseguisse esticar a bandeira durante os giros. O espaço gerado pelos guardiões foi pouco. A segunda apresentação foi parecida, sendo o maior problema o fato da dança estar travada. Porém, nas últimas cabines o casal se encontrou e a dança foi clara, limpa e com os passos bem definidos, dentro da coreografia eles realizaram movimentos em referência aos orixás.

Enredo

Os carnavalescos Alexandre Louzada e Lucas Milato desenvolveram o enredo “Egbé Iyá Nassô”, que homenageou Iyá Nassô, fundadora da Casa Branca do Engenho Velho, o primeiro terreiro de Candomblé do Brasil. O desfile contou sua trajetória, desde suas origens no Império de Oyó, na África, passando pela travessia forçada pelo Atlântico até sua chegada a Salvador, onde ajudou a consolidar o Candomblé. A escola também destacou sua luta durante a Revolta dos Malês e o legado deixado por suas sucessoras. O interessante é que os carnavalescos fizeram mais que uma homenagem, a escola exaltou a resistência negra, a força do Candomblé e o papel fundamental das mulheres na preservação das tradições afro-brasileiras.

Alegorias e Adereços

A Unidos de Padre Miguel apresentou um conjunto de alegorias imponente, rico em detalhes e repleto de elementos. No total, foram seis carros alegóricos e um tripé, além do elemento cenográfico da comissão de frente. A iluminação funcionou perfeitamente em todas as alegorias, realçando a cenografia e garantindo um impacto visual ainda maior.

Outro ponto de destaque foram as esculturas, bem trabalhadas e expressivas, agregando realismo e imponência ao desfile. Chamou a atenção o fato de que cada alegoria possuía uma concepção própria, com propostas distintas que se diferenciavam entre si, garantindo identidade e força individual a cada uma delas.

As alegorias retrataram com maestria a trajetória de Iyá Nassô e a formação do Candomblé no Brasil, as falhas observadas foram mínimas perto da grandeza e riqueza de detalhes. O primeiro carro, “O Império de Oyó”, representou a grandeza da terra natal de Iyá Nassô, destacando o Boi Vermelho, símbolo da escola, a riqueza do reino e a força de Xangô, orixá da justiça, o único ponto de atenção foi o desgaste da pintura em alguns elementos que simulavam fogo. Em seguida, o segundo carro, “A Travessia”, mostrou o doloroso percurso dos africanos escravizados pelo Atlântico, com um navio tumbeiro cercado por elementos marinhos e a proteção de Iemanjá e Olokun

O terceiro carro, “Barroquinha: Reduto de Mistérios e Fé”, retratou a Igreja da Barroquinha, onde Iyá Nassô e outras sacerdotisas estabeleceram o primeiro terreiro de Candomblé, misturando referências católicas e africanas para representar o sincretismo religioso. Já o quarto carro, “Salvador de Xangôs e Imalês”, abordou a Revolta dos Malês, com elementos islâmicos e símbolos de Xangô, destacando a perseguição sofrida pelos praticantes do Candomblé e a deportação dos filhos de Iyá Nassô para a África. O carro possuía espelhos em sua decoração.

Um tripé, “O Clã de Obatossi”, homenageou Marcelina Obatossi, sucessora de Iyá Nassô, que consolidou a Casa Branca do Engenho Velho, tema da quinta alegoria, “Casa Branca de Fundamentos e Axés”. Essa alegoria exaltou o primeiro terreiro de Candomblé do Brasil, destacando a coroa de Xangô, o verde de Oxóssi, as águas de Oxum e a presença de líderes religiosos da Casa Branca. Houve uma falha no acabamento, no pescoço do jabuti foi observado um pequeno rasgo.

O desfile encerrou com o sexto carro, “Egbé Vila Vintém”, mostrando como o legado de Iyá Nassô se espalhou até a comunidade da escola. A alegoria trouxe Olorun, criador do universo, guiando o Boi Vermelho, além das águas de Oxalá e da Velha Guarda, representando a ancestralidade. Cada alegoria reforçou a grandiosidade do enredo e manteve as características de grandiosidade da agremiação.

Fantasias

Assim como em alegorias, o conjunto de fantasias foi extremamente inspirado, os carnavalescos entregaram um trabalho de muito cuidado em cada ala. O volume das fantasias impressionou, algumas alas pareciam destaques, como por exemplo a ala 22, “Oxum”, que impressionou pelo tamanho do costeiro. Apesar de grandiosas, as fantasias não prejudicaram a evolução dos componentes, que pareceram não se importar com o peso. Luxo é a palavra ideal para expressar as fantasias da agremiação, em nenhum momento do desfile o nível caiu, se mantendo sempre no mais alto patamar.

Harmonia

O desempenho harmônico da Unidos enfrentou problemas no início do desfile por conta da sonoridade da avenida. Porém, ao longo do cortejo o problema foi parcialmente resolvido e o desenvolvimento musical foi bem trabalhado pelo carro de som encabeçado por Bruno Ribas. A bateria de mestre Dinho também evoluiu de forma significativa e contribuiu para que o canto da escola fosse satisfatório. Apesar de não haver uma explosão por parte da comunidade, o canto foi constante durante todo o desfile sendo o refrão o momento de maior destaque, principalmente o verso: “Vila Vintém é terra de macumbeiro”.

Samba-Enredo

Os compositores responsáveis pelo samba foram Thiago Vaz, W. Corrêa, Richard Valença, Diego Nicolau, Orlando Ambrósio, Renan Diniz, Miguel Dibo, Cabeça Do Ajax, Chacal do Sax, Julio Alves, Igor Federal, Caio Alves, Camila Myngal, Marquinhos, Faustino Maykon e Claudio Russo, a obra​ seguiu a linha narrativa do enredo e contou com versos fortes e referências ao iorubá. A obra teve uma crescente ao longo do desfile, o início morno deu lugar a uma explosão no final. Muito comentado no pré carnaval, o samba passou muito bem, impulsionou o canto da escola e também foi festejado nas arquibancadas.

Evolução

A evolução foi um dos grandes destaques do desfile. A agremiação demonstrou excelente técnica, com um tempo muito bem controlado. Apesar da grandiosidade das alegorias, a entrada e a saída da Avenida ocorreram de forma tranquila e organizada.

As alas evoluíram de maneira coesa, linear e fluida, sem momentos de estagnação ou aceleração excessiva. Além disso, os componentes atravessaram a Avenida felizes, sem demonstrar nervosismo ou excesso de seriedade, mas sempre mantendo o alinhamento e a harmonia, garantindo um desfile leve e envolvente.

Outros Destaques

O desfile contou também com outros momentos especiais, a rainha de bateria Dedê Marinho ostentou um visual diferente e impressionou por toda sua entrega. A ala das crianças da Unidos é sempre cercada de muita expectativa, eles vieram no final da escola representando a perpetuação do legado, o canto na ponta da língua arrancou aplausos do público.

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