Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins
Pode pintar uma briga forte pelo campeonato. O Acadêmicos do Tatuapé executou um desfile competitivo que pode levar a escola às alturas. Por mais que os quesitos destaques tenham oscilado em algum momento, a competência foi forte e pode ‘apagar’ isso. Os principais quesitos que ficaram em evidência foram o canto novamente, assim como nos ensaios técnicos e o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego e Jussara. Não pode entrar em um conjunto alegórico como um todo, precisa dos outros três para ser destaque, mas o abre-alas foi incrível e merece ser citado. Uma estética diferente, monocromática e esculturas realistas.
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Assinado pelo carnavalesco Wagner Santos, o enredo do Acadêmicos do Tatuapé foi “Uma Joia da Bahia – Símbolo de Preservação! Viva a Mata de São João”, sendo a quinta agremiação a passar pelo Anhembi na sexta-feira de carnaval.
Comissão de frente
A ala, coreografada por Leonardo Helmer, teve um grande desempenho nesta noite. Cada componente da comissão representava algo e, o mais curioso, é que estavam vestido nas mesmas cores entre si, o barroco. Tais cores também vieram todas monocromáticas no próprio tripé da comissão de frente e no abre-alas.
A apresentação tinha capoeira, dança afro, evolução entre a pista e outras novidades. O tripé aparentava ser uma casa com coqueiros palmeiras e uma escultura de um senhor com chapéu, bem realista. Em determinado momento, todos faziam uma pose na escada que havia em tal elemento alegórico. Esse era o movimento que fechava a coreografia.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Diego e Jussara desfilou representando o “Caramaru e Paraguaçu”, cujo significado é um europeu que se apaixona por indígena e ambos vivem uma história de amor. Destaque para a fantasai de Jussara, que realmente desfilou parecendo uma mulher indígena com uma bela maquiagem em seu rosto.
A apresentação do ‘casal foguinho’ novamente foi ótima. Impressionante o sincronismo que os irmãos mostram há alguém tempo defendendo o pavilhão da escola. Coreografia incrível, contagiante e de fácil leitura. Entretanto, a dupla teve que ficar parada um tempo em frente ao terceiro módulo, pois a bateria estava fazendo um recuo que durou aproximadamente 3 minutos, mas não se sabe o quanto isso irá impactar na nota.
Enredo
A escola da Zona Leste apresentou no Anhembi a história do município Mata de São João, localizado no estado da Bahia. Dentro do desfile, levaram alegorias que remeteram à beleza natural, como a praia e a natureza, além da ‘baianidade’ e religiosidade, levando esculturas de baianas e igrejas nos terceiros e último carro.
Alegorias
O abre-alas alas, intitulado como “O início da história” levou uma estética totalmente diferente. Era uma cor monocromática inteiramente no tom barroco. Um belo contraste. Valeu muito a ousadia do carnavalesco Wagner Santos. As esculturas são caravelas, que aparentemente representa o europeu chegando na terra, indígenas e outras figuras. Vale ressaltar que era uma alegoria acoplada.
A segunda alegoria, chamada como “Festa de fé”, levou escultura de uma igreja com balões de festas juninas, por exemplo para representar uma festa de junina. À frente havia uma escultura de baiana também.
Indo para a terceira alegoria, o Tatuapé levou o “Projetos – preservando para um mundo melhor’, que consistia em uma alegoria totalmente azul e uma escultura de tartaruga. A mensagem é preservar o ambiente, mas esteticamente no visual ficou confuso.
Fechando os carros alegóricos, a agremiação mostrou “Carnaval no forte” em forma alegórica. O curioso dessa alegoria é que foi bem semelhante à segunda, até nas cores e esculturas.
Portanto, avaliando o conjunto alegórico, dá para dizer que explica bem o enredo, apesar da estética não ser tão luxuosa, o que é costumeiro do Tatuapé. A escola preza pela objetividade.
Fantasias
As vestimentas da escola foram ao Anhembi bastante criativas. Além de explicarem bem o tema, deixaram o componente extremamente solto e confortável. Se viu também um Tatuapé bastante colorido entre si. O destaque das fantasias vai para a ala das folhas, que realmente pareciam matos de verdade em forma de vestimenta de carnaval, além de transbordar leveza e a cara do enredo.
Harmonia
O canto do Tatuapé não foi elogiado pelo CARNAVALESCO nos ensaios técnicos à toa. É impressionante como a comunidade da ‘Zona Leste’ guerreira entoa o hino da escola. Entretanto, há de se ressaltar que desta vez a harmonia foi caindo para o final do desfile, mas tal fato não tirou a potência novamente que os componentes colocaram no quesito. O apagão no refrão de cabeça do samba deixou isso em evidência.
Samba-enredo
A ala musical liderada pelo intérprete Celsinho Mody sempre se destaca. O cantor é identificado com a comunidade, tem dois títulos e sabe como conduzir a agremiação no Anhembi. Porém desta vez, Mody optou por abdicar de suas características e não executou tantos cacos. Agora, deve-se saber se era uma estratégia de desfile ou não.
Evolução
O quesito começou muito bem, a diretoria comemorou uma enormidade e a entrada da bateria no recuo. As alas vieram compactadas durante todo o desfile e fileiras também. Porém passando o terceiro módulo a escola teve que acelerar o passo para passar no tempo, e isso pode ocasionar deduções.
Vale destacar que os costeiros das fantasias, que não eram altos, permitiram que os componentes evoluíssem com leveza, de um lado para o outro.
Outros destaques
A bateria “Qualidade Especial”, regida pelo estreante mestre Léo Cupim, executou alguns apagões que levou a arquibancada ao delírio, especialmente no setor B (monumental)..
As baianas chegaram na pista com uma fantasia toda em branco, intitulada “Baiana… baiana boa”. Tal frase é oriunda do refrão do meio do samba-enredo. A ala desfilou inteiramente de branca e com adereço de mão simbolizando pratos típicos da região.